Do alto da sua arrogância mansa Costa não reconhece os lares
António Costa escusa de dizer que não reconhece a existência de lares feitos caixotes, onde se depositam seres humanos idosos, porque isso é o resultado das pensões miseráveis que a Segurança Social paga. A quem trabalhou a vida inteira.
E o actual primeiro ministro que é membro de governos PS há pelo menos 14 anos não pode negar a sua responsabilidade. A culpa nem sempre morre solteira.
Em Portugal, no espaço de um país alternativo sem visitas e sem sonhos, os surtos sobem. O Primeiro-Ministro, do alto da sua arrogância mansa, não quer reconhecer que o país clandestino onde se armazena os dispensáveis num universo paralelo e concentracionário, são também e sobretudo a vergonha e a negação de um discurso social que de social transporta apenas a matriz política. Em Portugal, os lares são ilhas de um arquipélago imenso, desconhecido a perder de vista, em que a incúria do país se esconde por detrás do silêncio e da formalidade burocrática. O que não deixa de ser extraordinário é que a indignação que invadiu Portugal de norte a sul quando dois canis clandestinos arderam por desleixo e mão criminosa foi maior do que qualquer gesto de compaixão para com os mortos anónimos nessas ilhas isoladas. A vida de um cão novo vale mais do que a vida de um homem velho.