De segunda escolha
A verdade é que os candidatos do PS de primeira escolha foram António Guterres e António Vitorino. Não aceitaram serem candidatos a presidente da república. Só na sua ausência é que avançaram Sampaio da Nóvoa e Maria de Belém.
É difícil perceber que dois políticos com a carreira de Guterres e Vitorino não olhem para a presidência da República como um final feliz. Outras razões haverá.
Percebe-se que Sampaio da Nóvoa apareceu para dar a cobertura necessária à formula de governo de António Costa. Com PCP e BE. E essa intenção foi tão evidente que Maria de Belém apareceu do nada para ser a representante do PS que se opõe à coligação à esquerda .
Só quem não quer perceber é que não vê que há uma bomba relógio dentro do PS que pode implodir o partido a qualquer momento. O PCP mostra-o todos os dias ao país pela boca de Jerónimo Sousa. E agora avança a CGTP com uma greve nacional reivindicando para já a reposição das 35 horas. A pressão sobre o PS será em crescendo. Veja-se o que se passou na Educação em que pela primeira vez em décadas o Nogueira da Frenprof elogia o ministro. Literalmente o beijo de Judas.
Não podem pois, os candidatos da área do PS, olhar para os outros candidatos como subalternos nesta disputa. Se há candidatos de segunda são eles mesmos. Não passam de instrumentos necessários na guerra surda que se trava dentro do PS.
Usar a Presidência da República para resolver os problemas internos do PS é o limite abaixo do qual a política partidária perde o pouco que lhe resta de legitimidade . Já que em termos de dignidade os candidatos não se mostraram nem pouco mais ou menos, apoucados.