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Coronavírus : nove razões para não entrarmos em pânico

O mundo dispõe hoje de um arsenal farmacêutico que permite em pouco tempo conhecer os novos desafios que periodicamente nos são colocados. Este vírus apareceu em Dezembro e hoje, dois meses passados, já o conhecemos bem. Não há razão para pânico.

1 - O vírus é conhecido. Como López-Goñi escreveu para o The Conversation, em França, o vírus causador de casos de pneumonia grave em Wuhan foi identificado em apenas sete dias, após o anúncio oficial, em 31 de dezembro. Três dias depois disso, a sequência genética estava disponível

2 - Podemos fazer testes para sabermos se estamos infectados. A 13 de Janeiro - três dias após a publicação da sequência genética - estava disponível um teste fiável, desenvolvido por cientistas do departamento de virologia do hospital universitário Charité, em Berlim, com a ajuda de especialistas em Roterdão, Londres e Hong Kong.

3 - Sabemos que o vírus pode ser contido (embora a um custo considerável). A quarentena draconiana da China e as medidas de contenção parecem estar a funcionar. Na quinta-feira 120 novos casos foram relatados em Wuhan, o número mais baixo em seis semanas, e, pela primeira vez desde o início do surto, não houve qualquer caso em nenhuma localidade no resto da província de Hubei

4 - Apanhá-lo não é assim tão fácil (se tivermos cuidado) e podemos controlar o contágio muito facilmente (desde que tentemos). A lavagem frequente e cuidadosa das mãos, como todos sabemos agora, é a forma mais eficaz de impedir a transmissão do vírus, enquanto uma solução de etanol, peróxido de hidrogénio ou lixívia desinfectará as superfícies (mas nunca as três substâncias juntas). Para sermos considerados em alto risco de contágio do coronavírus, precisaríamos de viver com alguém, ou ter contato físico direto com alguém infectado, ter estado no raio de tosse ou espirros de alguém infectado (ou usar uma peça de roupa contagiada), ou estar em contato face a face com alguém infectado, num raio de dois metros, por mais de 15 minutos. Não estamos a falar de nenhum contágio possível por alguém que se cruze connosco na rua.

5 - Na maioria dos casos, os sintomas são leves, e os jovens correm um risco muito baixo. Segundo um estudo realizado a mais de 45 mil infectados na China, 81% dos casos causaram apenas sintomas menores, 14% dos pacientes apresentaram sintomas descritos como "graves" e apenas 5% foram considerados "críticos", com cerca de metade desses casos a resultar na morte dos doentes. Apenas 3% dos casos dizem respeito a menores de 20 anos, as crianças parecem pouco afectadas pelo vírus e a taxa de mortalidade para os menores de 40 anos é de cerca de 0,2%.

6 - As pessoas estão a recuperar. Como mostra a contagem diária mantida pelo CSSE da Universidade americana de Johns Hopkins, milhares de pessoas em todo o mundo estão a recuperar, confirmadamente, do coronavírus todos os dias.

7 - Centenas de artigos científicos já foram escritos sobre o assunto. Digite Covid-19 ou Sars-19 no motor de busca do site PubMed da biblioteca nacional de medicina dos EUA e encontrará, apenas cinco semanas após o surgimento do vírus, 539 referências a artigos sobre ele, tratando de vacinas, terapias, epidemiologia, diagnóstico e prática clínica

8 - Existem protótipos de vacinas. Laboratórios comerciais farmacêuticos e biotecnológicos como Moderna, Inovio, Sanofi e Novavax, assim como grupos académicos da Universidade de Queensland na Austrália - muitos dos quais já estavam a trabalhar em vacinas para vírus similares relacionados com a Sars- - têm protótipos de vacinas preventivas em desenvolvimento, algumas das quais em breve estarão prontas para testes em humanos (embora a sua eficácia e segurança levarão o seu tempo para serem garantidas, é claro).

9 - Dezenas de tratamentos já estão a ser testados. Em meados de fevereiro, mais de 80 ensaios clínicos estavam em andamento para tratamentos antivirais, segundo a revista Nature, e a maioria já foi utilizada com sucesso no tratamento de outras doenças. Drogas como remdesivir (Ébola, Sars), cloroquina (malária), lopinavir e ritonavir (HIV), e baricitinibe (poliartrite reumatóide) estão a ser testados em pacientes que contraíram o coronavírus, alguns como resultado de pesquisas que integram inteligência artificial.

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