Com a mutualização da dívida que modelo económico seguiremos ?
Sabemos nós, sabem os espanhóis, os italianos e os gregos ? É que ninguém promoverá a mutualização da dívida ( 8% do orçamento da UE = milhão de milhões) sem que primeiro se saiba em que modelo de desenvolvimento vamos apostar. O actual já mostrou que não serve. Não paga a dívida, não tira os 2 milhões de pobres da miséria e paga salários baixíssimos.
Os economistas como eu não são muito bons a fazer previsões de decisões políticas. O que eu, como economista, gostava de ver era uma solução em que emitíssemos dívida de forma conjunta, partilhando deste modo o risco da taxa de juro e o risco de incumprimento (default). A dívida emitida seria de muito longo prazo e assim que chegasse ao seu fim, seria emitida outra vez. O capital não era amortizado, apenas se pagariam juros. Era o que gostava de ver.
É fundamental pensar-se em algo desse género. E também aqui teria de ser financiado conjuntamente, talvez usando uma parte ou reforçando a emissão de dívida de um bilião de que falava. Depois seria preciso um debate alargado na sociedade sobre como gastar esse dinheiro e sobre que tipo de recuperação é que queremos ter. Queremos nessa segunda fase apoiar uma recuperação generalizada da economia ou queremos dar apoios mais direccionados, em que se apoiam determinados sectores? Por exemplo, pode-se querer atingir determinados objectivos verdes, objectivos de igualdade ou objectivos digitais. Para mim, estes devem ser elementos importantes numa recuperação e devem ser alvo de uma discussão na sociedade. Por exemplo, se se apostar no investimento em infra-estruturas de transporte, vão-se apoiar todos os tipos de transporte, ou apoiam-se unicamente as linhas ferroviárias e não se apoiam as auto-estradas e os aeroportos? É uma decisão política, mas eu como cidadão, gostaria que a recuperação fosse verde e digital.