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BandaLarga

as autoestradas da informação

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AS MULHERES PORTUGUESAS SÃO MULHERES DE GARRA - Prof Raul Iturra

 

para quem defendeu a assinatura dos meu livros portugueses na Feira do Livro de Lisboa. Ela sabe quem é….

 

 

Podia ter ficado calmo em casa, a ler e dormir, mas não. O dia prévio do 11 de Novembro, dia en que uma senhora de minha intimidade falara com um dos editores dos meus livros portugueses, a minha calma acabou e agradeço. É uma Senhora que com amabilidade, calma, sem arrogância, sabe levar a água ao seu moinho e as pesadas pedras que moem o trigo e a aveia, giraram até quase partirem-se. A água que as movimentou, eram as muito bem faladas, calmas e certas, serenas e senhoriais, porque vinham da boca de uma Senhora que sabe falar e não se apoquenta na vida. Assim como toma conta de marido e filhos e do seu trabalho, assim tratou o editor do Porto, com o apoio da sua colega de trabalho. O dia prévio, tinha sido o dia dos milagres, o Dia de Portugal, Camões e as comunidades portuguesas, essa herança deixada na África após 25 de Abril de 1974, com um desmaio do PR, acusado pela populaça de retirar dinheiro dos seus ordenados, e, que tem culpas no cartório, na resistiu e como bebé chorão, desmaiou. A culpa é tão grande, que não teve valor e fugiu para a inconsciência, sitio em que se escondem os que nada têm para dizer. Um sedante, e voltou, mas as culpas ficaram dentro do cartório. Dizem que dizem, que é doença, outra perfeita forma de fugir das culpas legais, dos crimes cometidos de lesa-majestade contra o povo português.

A senhora da minha história é uma Dama e soube o que dizer para o editor. O que foi? Eu não sei, nem é comigo perguntar mas recebi uma carta formal fixando dia e data para assinaturas. Foram cinco horas de trabalho A sua colega de labores sabe mas não diz, e amiga fiel. Apenas posso dizer que é uma mulher que as duas são mulheres de garra, que fazem dos problemas dos outros, como se fossem próprios e os defendem. Quem não queria que eu for à Feira do Livro, mandou uma carta humilde, fixando dia e hora para eu assinar e vender parte dos meus livros lusitanos. O devo a ela, como toda a companhia que tive esse dia 11, o primeiro de um calor que nos mata. Até o dia dos milagres, era frio e chuva e eu fui preparado para tal estado de tempo, foi toda virado do avesso, o 39º a sombra, ninguém o tirava. Assinei, expliquei, tive visitas, especialmente de ouras mulheres de garra e os seus maridos, que me ajudaram na propaganda.

Ela não estava. Se os problemas de um outro são também seus, os da família o são ainda mais. A doença de um irmão a obrigou a se transferir para uma aldeia da Beira Alta e lá gastou os seus tempos de férias em tratar de quem devia. Triste o irmão doente, triste, porque não apareceu no seu logro: que o editor dizer que si. Triste, por não ter havido espaço para ter conhecido amigas que sabem, como ela, o que fazer na vida. Tristes, porque as Senhoras de garra que me visitaram são doutoras mas nem parece: tratam a todos por igual a Dama da minha história perdeu essa oportunidade. A sua dor de não ser doutora também, teria passado se realizar, entender, que o saber não ocupa espaço social e se fala do que, a que entende pior, sabe: a cozinha, lavar a roupa, novas receitas para o bacalhau. O trabalho científico estava feito e em papel, para ser assinado e vendido. Falamos dos rapazes que eu tinha psicanalisado en vários países, frito de conversas comuns que a Senhora que defendeu os meus direitos, sabe mais que todas as doutoras que estavam comigo. A conversa fez passar a tarde e, eu já quase nu por causa dos 40º à sombra, nem reparei no cansaço que tinha.

As classes sociais, a divisão da sociedade em classes, a faz apenas quem nada sabe do real. A Senhora não sabia, não tinha esse hábito. Soubesse todo o que essas mulheres de garra de esse 11 de Junho sabem, nem por isso ficava vaidosa, sendo ela uma mulher de respeito, que entende o que é falar e os direitos do trabalhador, mais ainda que as doutoras que me acompanhavam, que elevam a realidade a palavras caras.

Têm mais dinheiro? Pois têm, mas nem o demostram nem o ostenta. Vestidas de calças ou com roupa leve por causa do calor, todas elas e os seus maridos levantaram a minha moral e fizeram da tarde, um dia diferente.

Estou agradecido, comentários iam e vinham sobre os meus amores em Portugal, eu calava, como a minha Senhora que me apoiara, sorria e não negava nem consentia. Queriam saber como era que eu fazia para saber a sexualidade das crianças: simples, elas confiam no Doutor Aiturra e falam comigo o que não conseguem falar com os seus pais. Até o ponto que o meu apresentador do livro desse dia, Daniel Sampaio, tinha dito no auditório que apenas duas pessoas escreviam o que eu me atrevia a por em papel: Mélanie Klein e eu. O auditório não abriu a boca, mas na aldeia em que baseava o meu livro O saber sexual das crianças. Desejo-te porque te amo, no 2º dia de apresentação, Daniel Sampaio sentou-se entre o auditório porque as crianças sabiam o que havia na letra de imprensa, e os seus pais não e un dedicado debate se levantou entre esses pais e os seus descendentes, em que falaram todo o que e casa não tinham dito e o debate me ensinou mais que a palavra impressa. A mim e as autoridades, era mel sobre açúcar

Como é natural, o editor não me pagou. Outros editores de livros meus estavam em diferentes pavilhões: adultos com compartimento de criança!

Max. Estou agradecido, todo aconteceu porque soube saber largar as águas que movimentam pedra de lagar. Bem como o silêncio da sua colega de trabalho

Muito obrigado! Quem me dera que houvesse mais pessoas como elas, que não se escondem a classes sociais, uma irrealidade que um filósofo alemão tinha descoberto.

Palavras pobres endereçadas a comportamentos não devidos, apenas por simpatia com este escritor. Que está ladeado de mulheres com garra!

A mulher portuguesa tem garra e defende os seus. Eu agradeço e me submeto a elas como um filho pequeno a sua mãe adulta

 

Raúl Iturra, 14 de Junho de 214.

lautaro@netcabo.pt