AS MINHAS MEMÓRIAS - 14 DIA DO AMOR - Prof Raul Iturra
Em frente de mim, dentro do meu grupo social, tenho várias alternativas para cumprimentar no designado dia do amor. Antes de ir mais em frente, pergunto-me o que é o dia do amor? Porquê um dia apenas e não todos os dias do ano? Como diz um jornalista do Diário de Notícias, de hoje, 14de Fevereiro de 2011: O dia de São Valentim, como o Natal, é quando o homem quiser. Certamente, refere-se ao homem e à mulher, ao companheiro e à companheira, ao casal. No entanto, com a nova lei do matrimónio, ao mudar as possibilidades do tipo de acasalamento, os cumprimentos de amor podem, finalmente, ser endereçados por todos e a todos, respeitando-se, assim, as opções emotivas, as formas de amar.
Ora bem, parece-me, que comemorar o dia do amor, como escrevi ontem, é apenas um dia comercial que nos obriga, pelo costume e o hábito social, a oferecer prendas a quem diz que nos ama, e que nós amamos também.
Mas se amar é estar apaixonado, o amor, por outras palavras, são sentimentos que induzem a aproximar, a proteger ou a conservar a pessoa pela qual se sente afeição ou atracção. Esse sentimento, é de todos os dias, ou não tem realidade na vida a dois.
Hoje em dia, existe o divórcio, como uma saída para dois que não conseguem viver juntos. O divórcio nem sempre é a melhor das fugas, às vezes é de mútuo consentimento, outras, um dos membros não suporta mais o outro e manda-o sair de casa. Este, que sai de casa, até ama no quotidiano, mas ser só um a amar, não tem valor nenhum, apenas causa tristeza, excepto se quem fica em casa, tem a força suficiente para saber ficar só.
O divórcio é uma lei que pode ser actuada, materializada, que pode acontecer. Se é de comum acordo, deve ser a melhor saída para quem já não consegue coabitar. Eu diria que até é recomendável: alivia o espírito, deixa-nos em paz connosco e de portas abertas caso o amor aconteça outra vez. Mas, na minha experiência de investigador sobre o matrimónio, raramente acontece de novo. Pode acontecer com as vedetas, que assim fazem propaganda à sua imagem, mas porque de propaganda se trata, dura um curto espaço de tempo. É verdade que nem sempre se ama eternamente a mesma pessoa, até pode cansar. Esse divórcio é a alternativa para uma insuportável vida em comum, mas, atenção, se há descendentes pequenos que observam, esses pequenos ficam mal e tristes, carregando um peso emotivo que não lhes corresponde: a união matrimonial não é deles, eles são o resultado dessa união. Dos descontentamentos da relação dos seus pais, eles levam a parte mais dura: amam os dois, são protegidos pelos dois, acodem aos dois, em caso de necessidade emotiva e ou material. Normalmente encontram apoio, a maior parte divergente: se esses pais não se entendem, é natural que os conselhos dados aos filhos sejam também divergentes. Parece-me necessário dedicar um texto especial a este comentário, o que farei amanhã, passado o dia dos namorados, que é apenas uma comemoração de um sentimento que pode ser ou não, conforme o respeito entre os adultos.
Os adultos podem ser adulterados, por outras palavras, ainda não cresceram no respeito e no amor, na sua afectividade. Este comportamento, observado pela infância, é imitado – as crianças aprendem por imitação do comportamento adulto – ou rejeita o sentimento que leva ao divórcio, ou ao progenitor que lhe parece ter causado a separação. Parece-me que são as melhores ideias no denominado dia dos enamorados, que de amor, infelizmente, a maior parte das pessoas apenas comemoram o nome. Em minha opinião, o divórcio é um sentimento e não apenas uma atitude ou acção: separação de cônjuges por meio de dissolução judicial do matrimónio. O que a lei não diz, é o sentimento que essa acção judicial causa, porque deve ser imparcial, igual para todos, sem sentimentos no meio, senão seria terapia e não lei…
Não estou contra o dia de São Valentim, estou contra a mentira que esse dia causa nos que amam e são remetidos para a solidão e essa é a pior das traições, especialmente se para ela não há motivo racional.
No entanto, o amor não tem racionalidade, é um sentimento. Como tenho falado com as minhas filhas e netas e com a mulher que me protege e diz amar-me, como eu a ela.
Nada mais há para acrescentar. Amar é um sentimento que se respeita ou que afastas as pessoas, por vezes, no limite, sem nunca mais se verem.
Espero que as minhas netas, ainda não púberes, encontrem um dia essa pessoa que faça da sua vida um sabor a mel, como as suas mães, as minhas filhas, sabem manter, cuidar, respeitar, e os seus maridos também.
Para quem acredite no dia de São Valentim, boas festas. Para quem vive São Valentim todos os dias, respeito e solidariedade…com paixão.
Raul Iturra
30 de janeiro de 2014.