As certezas e as dúvidas do processo Sócrates
Há quem não perceba o que é fácil de perceber no processo Sócrates. Outros não querem perceber por razões partidárias.
Não há a mais pequena dúvida - até pelas explicações que o próprio deu - que José Sócrates vai ser acusado de fuga ao fisco e de branqueamento de capitais. Há provas mais do que suficientes como se percebe pelo que vem a público. A questão que está em jogo é provar a corrupção, muito mais difícil de provar e é essa prova que num caso desta dimensão exige trabalho e tempo. Muito tempo.
Claro que o tempo, demasiado tempo, é a bóia de salvação a que se agarram Sócrates e os seus advogados, porque sabem que esse argumento toca na sensibilidade dos cidadãos. Todos nós achamos que a Justiça para ser justa tem que ser rápida. Mas pode ser rápida quando o processo se desenrola por vários países e exige a análise de milhares de documentos ?
A opção que, em dada altura, dividiu os responsáveis pela investigação era entre deixar cair a acusação de corrupção e avançar, somente, com a acusação de fuga ao fisco e branqueamento de capitais. Se assim tivesse sido feito há muito que a acusação teria sido formada mas restava uma pergunta : teria sido feita justiça ?
Devem os investigadores largar um processo em que estão convictos que há crime e onde há provas e índicios fortes? É claro que há mais processos desta envergadura que vão demorar muito tempo. Que bom seria pagar uma pequena multa e ficar tudo limpinho, limpinho.