A nova geração do PS é indistinguível da do Bloco
O Bloco de Esquerda é uma coisa diferente. Os dirigentes do Bloco de Esquerda e os dirigentes mais novos do PS são da mesma geração, têm a mesma educação, o mesmo percurso social, vestem-se da mesma maneira, gostam das mesmas coisas, comem as mesmas porcarias, acreditam nas mesmas parvoíces. Vai ser muito difícil ao Partido Socialista suportar esse peso, na medida em que o PS tem hoje um grande peso numa asa, não digo na asa esquerda, porque não acho que a asa seja de esquerda. Mas digamos que a ala esquerda do PS é também a ala mais nova, aquela que nasceu com os computadores, para quem ir à televisão é uma coisa natural, a que está à vontade na modernidade. Porque as coisas são diferentes do tempo do Fefé [Ferro Rodrigues], do meu tempo. A nova geração do PS é indistinguível da geração do Bloco, há ali uma grande continuidade, que é material, inclusive, e portanto política. E pode haver uma situação em que o PS de hoje seja posto perante este problema: em que medida é que rejeitando o Bloco, para este não vir a ter na organização e na política o peso que as circunstâncias o chamam a ter, deve fazer uma política isolacionista, caso em que se arrisca a uma cisão na sua ala esquerda, ou aceitar uma colaboração do Bloco, que, a prazo, se pode tornar uma amálgama.