A mãe de todas as desigualdades
A remuneração do capital cresce mais que a remuneração do trabalho mesmo que nada se faça para que isso aconteça. As séries longas estatísticas de que nos falam vários livros já permitem tirar essa conclusão .
A OIT sublinhava há pouco tempo isso mesmo : na maioria dos países o crescimento do rendimento do trabalho ficou aquém do crescimento da produtividade do trabalho . Ora como o rendimento do capital se concentra num muito menor número de pessoas com mais recursos leva a que as desigualdades aumentem. Os progressos na tecnologia de informação e telecomunicações e uma proporção alta de ocupações que foi automatizada representam cerca de metade da queda dos rendimentos do trabalho.
Isto tem a ver com tudo o que pior nos tem acontecido nas nossas sociedades. Aumentam as desigualdades e o ressentimento, como se viu na recente eleição de Trump nos USA. No mesmo relatório indicava-se que em Portugal a fatia do rendimento do trabalho entre 2003 e 2015 tinha caído de 62% para 52%.
Sem resolver esta questão a crise estrutural nas democracias liberais vai continuar .Podíamos dizer que este tendência resulta da mudança de paradigma da economia que estamos a enfrentar mas, o que as séries de dados recolhidas nos últimos 30 anos mostram, é que o rendimento se reparte sempre desta forma em benefício do capital .
Manter uma mais justa repartição do rendimento é, pois, uma medida de puro bom senso como forma de mantermos sustentável o estado social, a democracia e as liberdades e impedir o avanço dos populismos de esquerda e de direita.
Trump, não é de mais repetir, foi eleito com os votos dos trabalhadores . Um certo cabo de bigodinho, na Alemanha, também .
PS : ler artigo no Expresso