Os partidos tentam alargar a sua influência e obter maior votação mas legislativas chamando a sociedade civil. Nas presidenciais os candidatos oriundos da mesma sociedade civil são afastados, ora porque são "indiferentes" ora porque não são "a minha esquerda". Não é sério.
O que nos últimos tempos se tem visto no PS - quanto aos outros não esperaremos muito pela demora - mostra até que ponto são os interesses partidários e não os interesses nacionais que fazem mover a roda.
Henrique Neto é um homem do terreno. De jovem trabalhador fez-se empresário à força de determinação e de saber. Voz livre dentro do PS não é bem visto pelo rebanho. Mas todos sabem ao que vem e o que pensa sobre os grandes problemas nacionais.
Sampaio da Nóvoa é o contrário. Nascido em berço de oiro é um académico. Não tem experiência no terreno nem na vida política. E, para além de na linguagem se aproximar do discurso da extrema esquerda pouco ou nada se conhece do seu pensamento político. Sabe-se que quer ser um presidente interventivo. O que é pouco e é mau.
Para já António Costa tem um problema sério. Não pode chamar a sociedade civil nas legislativas e afastá-la nas presidenciais.
Já vi esta histórica verídica num outro filme há uns anos atrás. Nesse outro filme, a história centrava-se, muito mais, nos aspectos técnicos que levaram à descoberta da "chave" que abriu os códigos usados pelos alemães na segunda guerra mundial, do que, na história da vida do ser humano que a realizou.
Um ser humano que desde criança teve que lutar contra o modo de vida único e a cultura única imposta pela sociedade organizada num estado. Um ser humano genial a quem se aplicavam as mesmas regras medíocres que eram aplicadas a todos os outros cidadãos, pelas mãos de funcionários prepotentes.
O Estado Inglês só cinquenta anos após a sua morte ( suicídio ?) é que o deu a conhecer ao mundo e lhe reconheceu o mérito. Os seus trabalhos encurtaram a guerra em pelo menos dois anos, salvando cerca de catorze milhões de jovens soldados. Foi um dos iniciadores da era informática inventando máquinas gigantescas a que hoje chamamos computadores.
Durante todo o filme o que me inquietava não era se teria ou não êxito, pois já conhecia a história. O que verdadeiramente me afligia eram as contínuas ciladas, falsidades e manipulações de que era alvo. Felizmente, entre os funcionários policiais, havia quem, vendo mais longe, mandasse as regras e o politicamente correcto às urtigas. Foi mesmo Winston Churchil quem vergou o aparelho administrativo e deu condições para que o eminente matemático seguisse com o seu trabalho.
Ainda estou comovido e por isso é natural que exagere mas, cada vez mais, estou convencido que a sociedade civil tem que receber do estado o que só este lhe pode dar. Tudo o resto tem que ser devolvido às pessoas.
Que dizer de um Estado que se mete em tudo, que controla tudo e que tem o poder todo? Está em roda livre. É o que acontece há muito em Portugal. O Estado não responde perante ninguém. O recente caso da "rede gold" é apenas a ponta do iceberg .
Há quem, por oposição à sociedade civil ou aos mercados, só tenha fé no Estado como centro de racionalidade e foco de padrões morais. Que pensar, quando o próprio Estado se torna a base dos comportamentos mafiosos? É a humanidade que é fraca, esteja num banco ou numa repartição pública? Ou é o Estado, envolvido em quase tudo, que gera demasiadas tentações e oportunidades? E sendo assim, poderá um Estado destes sobreviver moralmente a não ser enquanto Estado policial, vigiando-se constantemente a si próprio, como uma espécie de pequena RDA? Ontem, por coincidência, constou que o governo federal nos EUA está a usar cada vez mais agentes à paisana, isto é, espiões para vigiar os funcionários públicos. E quem vigia os agentes ?
Quando cai um ditador uma de dois coisas acontece. Ou há uma sociedade civil forte, organizada e esclarecida onde a democracia pode florescer ou há a tomada do poder por extremistas. Os ocidentais foram para o Iraque e para a Líbia apear ditadores esquecendo o "day after". Em vez da democracia apareceu a Irmandade muçulmana e voltaram todas as questões que há séculos mantêm aqueles povos em guerra. Nós em Portugal também tivemos a nossa dose em 74/75. Não faltaram as tentativas de impor outra ditadura.
Na falta da Ordem e da Lei impõe-se o mais forte, o melhor armado e o mais cruel. Todos são inimigos e nenhum é adversário. Usa-se a barbárie como intimidação e propaganda. Aparecem homens providenciais que se auto classificam de "escolhidos". Cada um ultrapassa o outro em crueldade na interpretação dos livros sagrados. O Profeta decepou inimigos, há que lhe seguir o caminho. Olho por olho, dente por dente.
A lição que todos os ocidentais podem retirar destes eventos ( não só muçulmanos) é que a democracia é o melhor que temos e que merece e exige o melhor de todos nós. Que a Liberdade, a igualdade e a fraternidade, direitos universais, decorrentes da natureza humana, não são passíveis de negociação. Nem de hesitações ou de omissões. Tudo o que se conhece dos vários modelos sociais mais reforça o carácter inalienável da democracia. O pior de todos com excepção de todos os outros.
O Estado não deve decidir sozinho mudanças nas pensões. Quem financia o sistema são os empregadores e os trabalhadores .Ora quem financia deve ter uma palavra a dizer. Resta perceber se a responsabilidade partilhada deve ser apenas na definição das regras ou se o próprio sistema deverá assentar num papel mais activo de empregadores e trabalhadores, através de regimes complementares de pensões, públicos ou privados. Uma larga fatia dos cidadãos não confia no estado que já mostrou não ser capaz de garantir o que promete. O sistema não corresponde aos objectivos das pessoas o que é grave.
Participação da sociedade civil. Pessoas fora dos partidos e que assim querem continuar, mas que querem contribuir . Abrir os partidos à participação dos cidadãos sem necessidade de ficha partidária. Desde logo na escolha dos candidatos a secretário geral. Na escolha nominal dos candidatos a deputados. Facilitar a eleição de independentes.
Fernando Alvim gostava, acima de tudo, que a iniciativa, não fosse "um encontro lírico", mas sim um espaço de "onde saíssem ideias", sublinhando acreditar que é isso que irá acontecer na quarta-feira no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa.
"No dia seguinte, vamos fazer uma espécie de resumo do melhor que foi revelado, e distribuir a 'ata' à comunicação social e aos próprios partidos para saberem o que ali foi discutido", disse.
Claro que os partidos estão todos contra este tipo de iniciativas. Mas isso é o lado para onde dormimos melhor. A grande ruptura na presente situação é justamente romper o monopólio dos partidos na vida política. Vale a pena ir ao encontro dizer isto!
É , hoje, normal que os candidatos a primeiro ministro sejam escolhidos com a participação de mais de um milhão de pessoas para além dos militantes. Basta mostrar o cartão de cidadão, uma declaração que partilha das ideias do partido e a entrega de uma pequena quantia como "taxa moderadora". Em Itália, por exemplo, já é assim.
Uma ideia fantástica mas muito difícil de implementar e ainda mais de se manter. Mas é por este caminho cheio de escolhos que a sociedade civil pode e deve fazer-se ouvir e participar. Poiares Maduro falava aos jornalistas à margem do “I Congresso Nacional da Sociedade Civil”, que decorre este sábado, 16 de Novembro, no ISCTE/Instituto Universitário de Lisboa e onde está a ser debatido um estudo daquela universidade sobre a criação de um canal para a sociedade civil. O ministro lembrou que o novo contrato de concessão de serviço público de televisão e rádio já prevê a criação de um canal para a sociedade civil e afasta a ideia de se transformar a RTP2.
O Estado Social é a maior conquista da sociedade dos últimos cinquenta anos. Mas não pode ir tão longe que abafe a sociedade civil e se torne totalitário e insustentável. Dizia um político que eu muito admirei que, julgo também muitos aqui admiram, Francisco Sá Carneiro, que o Estado social é necessário que exista nas democracias modernas, é um Estado que deve estar preparado para ir ao encontro das necessidades mais exigentes das sociedades modernas, mas o Estado social que absorva a sociedade por completo ou que tenda a absorver a sociedade por completo é um Estado totalitário", afirmou. "A verdade é que nós, por via da situação de tender a ter esse Estado social absorvente, tender a ter um Estado que visa absorver a sociedade numa dimensão que, a meu ver é exagerada, faz com que tenhamos uma tentação de um Estado totalitário, que cria as promiscuidades, que cria as clientelas, que cria as dependências e enfraquece a sociedade", sustentou o ministro da defesa, ao defender a revisão da Constituição.
Na mesma cerimónia, António Barreto, afirmou :"A relação entre Estado central e autarquias, a concepção da administração pública, o conceito de funcionário público, o desenho dos grandes serviços públicos de educação, saúde e segurança social, a organização da justiça e os direitos e deveres das instituições são aspectos essências da reforma do Estado, mas a sua definição actual, que importa ver, rever e alterar, reside na Constituição" .
Tudo consiste e se resume a salvar os bancos. Foram os bancos os causadores da crise mas foram eles os primeiros a sair da crise e a voltarem a ganhar milhões. A sociedade civil está cada vez mais afastada da intervenção política. É quem paga e a quem é atribuída a última prioridade.
Os cidadãos começam a perceber que se afastaram demasiado do debate político, e que só uma participação cívica activa pode mudar o actual rumo. Não haverá dimensão humana nas politicas públicas sem uma maior aproximação dos cidadão da política. Perdendo-se o espaço de cidadania, de intervenção e discussão pública da actividade do Estado, perde-se justamente o espaço natural para fecundar uma acção política diferente, aquela que todos desejamos, em que o exercício do poder se deixa orientar pelo valor da dignidade humana.
Não temos nem nunca tivemos uma sociedade civil forte. Enquanto for assim, a mentalidade da maioria é estar de cócoras perante os interesses que o Estado protege.
O economista Vítor Bento considerou hoje que falta a Portugal uma sociedade civil forte, acusando a comunicação social de ter responsabilidades nesta área e ilustrando com os convites feitos a antigos políticos para serem comentadores nas televisões.