O ex-PM foi orador numa reunião de socialistas que viajaram de camioneta paga . E não conteve a sua alegria pelo afastamento de Joana Marques Vidal.
Ora, devia conter-se porque afinal de contas o que direita diz é que, a não renovação do mandato da ainda PGR tem como objectivo abrir caminho ao arquivamento do processo Marquês em que figuras poderosas estão envolvidas incluindo o ex-PM.
Mal está que seja o próprio Sócrates com a sua óbvia alegria a reforçar essa suspeita . Marcelo e Costa, estão incomodados por Sócrates vir agora a público dar testemunho do seu apoio à nomeação de uma Procuradora pouco conhecida. Ou será que uns e outros sabem mais sobre a senhora nomeada que o povinho ?
Perante tanta manifestação de alívio parece mesmo que há uma parte da esquerda que sabe o que se está a passar e que espera um procedimento por parte da futura PGR condizente com os seus interesses.
O que explica o afastamento de Joana Marques Vidal é o medo que o PS tem dos processos que envolvem muita gente poderosa do partido socialista e não só. Afastar gente com mérito e colocar gente amiga foi um dos instrumentos de Sócrates para exercer o poder total.
Na Justiça além do ministro socialista tínhamos o PGR, o Presidente do Supremo, o Director do DIAP e o comissário português para a Justiça em Bruxelas, tudo gente amiga do PS. Só após a sua saída é que os processos agora em julgamento, avançaram .
António Costa, político do PS e ministro do socratismo, não podia gostar de Joana Marques Vidal. Quem se mete com o PS leva! Há dias, aqui no Expresso, Luís Marques mencionou as pressões de que Souto Moura foi alvo devido ao processo Casa Pia, que acabou por envolver figuras do PS. Um dia saberemos. O certo é que, depois de Souto Moura, o PS colocou na Procuradoria uma comédia. É este mesmo PS que agora recusa reconduzir a única procuradora que nos deu a sensação de vivermos numa democracia a sério, onde os poderosos não estão acima da lei. Guardião dos interesses das clientelas eleitorais que não querem as reformas, o PS julga-se acima da lei, julga-se acima do bem e do mal. Marcelo, amigo de Salgado, é conivente.
Quem é a única senhora no repasto ? Pedro Passos Coelho fala em razões escondidas para a nomeação do nova PGR. Esta foto revelará uma delas ?
É bem verdade que dentro de algum tempo vamos saber. Quem será substituído a seguir ? O Juiz Carlos Alexandre ? A dúvida está instalada. Quem se mete com o PS leva.
E para que serve a popularidade de Marcelo se não corrige decisões do governo que instalam a dúvida ? E porque não exige ao governo as reformas estruturais tão necessárias ?
Artigo de opinião de Pedro Passos Coelho sobre a substituição de Joana Marques Vidal. “Não houve a decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição. Em vez disso, preferiu-se a falácia da defesa de um mandato único e longo para justificar a decisão.”
A investigação às PPP dos governos Sócrates já estará perto do fim, e envolve vários antigos governantes dos Executivos de José Sócrates. Os antigos ministros das Obras Públicas, Mário Lino e António Mendonça, e o ex-secretário de Estado das Obras Públicas, Paulo Campos, foram mesmo escutados no âmbito da investigação, mas não são os únicos ex-governantes cujas decisões estão sob investigação. Também o ministro das Finanças daquele período, Fernando Teixeira dos Santos, está no centro do processo. O inquérito tem por base indícios de associação criminosa, gestão danosa, fraude fiscal, corrupção ativa, tráfico de influências e branqueamento de capitais.
Quem durante mais de 10 anos atuou de forma politicamente inaceitável, defendendo Sócrates para além do limite, não se preocupando com a verdade, mas pelo contrário, não tendo pudor em atacar, ofender, insultar e prejudicar quem questionava qualquer episódio que envolvesse o “querido líder”, não pode agora vir simplesmente mostrar “vergonha”. Afinal não era tudo “calúnias, difamações e campanhas negras”.
Mas convém reforçar um aspeto: Muitos dos que agora se dizem “envergonhados” com Sócrates, no passado defenderam-no para além do razoável. Passo a explicar: pessoas como o ministro Augusto Santos Silva e o deputado João Galamba não podem vir agora fazer de vítimas (ou como lhes chamou o Alberto Gonçalves, de “lesados do Sócrates”). Não apenas porque politicamente foram coniventes. Porque foram muito mais do que isso. Durante anos participaram numa campanha de encobrimento de todas as suspeitas sobre Sócrates. Durante anos usaram o insulto e a arruaça para atacar aqueles que duvidavam da honestidade do “querido líder”.
Sobre o tema corrupção, Ferreira Leite admite que nunca pensou que as PPP pudessem incorrer em algum tipo de ilegalidade. “Achava que era irresponsabilidade, eleitoralismo, incompetência e até uma megalomania doentia. Mas nunca me atravessou o espírito que houvesse qualquer ilegalidade ou corrupção”, admitiu, considerando que a corrupção “não se combate, evita-se avaliando profundamente aquelas que são as consequências das decisões”.
É deprimente . Mas, nestes últimos dias, o mais chocante foi perceber como para muitas pessoas – militantes, dirigentes, jornalistas, opinadores, etc. – o tempo de assumir coisas óbvias e graves é o tempo escolhido pela liderança do PS. É possível que haja medo sobre o que Sócrates possa revelar e que isso condicione muita gente. Seja qual for a razão, é uma demonstração de fragilidade, da política e das forças da "sociedade civil", perante o interesse do partido que há anos teve um dirigente que avisou: quem se mete com o PS leva".
E perante o "saco de ventos" que já soprava houve muita gente que se agarrava ao PEC IV como se de uma panaceia universal se tratasse. Não foi mais que uma derradeira e desesperada tentativa de manter o poder a todo o custo.
Que só tenha descoberto agora que Sócrates lhe terá mentido, ou seja, no mesmo exato momento em que o PS o passou a criticar publicamente, é ridículo.Curiosamente, ou talvez não, no momento em que o PS lançou umaofensiva sobre José Sócrates e em que um dos núncios foi, nem mais nem menos, do que a mesma alma que terá avisado aquele de diligências em segredo de justiça, Câncio decidiu escrever um artigo, onde não apenas não pede desculpa como se vitimiza por actos praticados por José Sócrates. Dito de outra forma, uma mulher que tem formação superior, é jornalista e, como tal, é suposto não desconhecer quanto ganha um primeiro-ministro, quer-nos convencer que foi enganada. E, não inteiramente contente com tal, aproveita para cavalgar de novo a onda, desta feita renegando o que antes elogiou.
Rui Tavares sobre José Sócrates : o facto de até hoje nunca ter visto da parte de José Sócrates o mínimo exame de consciência moral ou política sobre o seu comportamento. Não me refiro especificamente às acusações judiciais, mas a tudo aquilo que José Sócrates já confirmou ou não nega. Nunca lhe vimos um vislumbre de exame de consciência moral, ou de consequências políticas, em relação a ter vivido anos na dependência financeira de um empresário. Nunca lhe vimos um assomo de incómodo com a camada de ocultações e dissimulações, omissões e mentiras, que tal facto o obrigou a criar e gerir, juntos dos seus próximos, correligionários e concidadãos. A não ser que me tenha escapado, jamais ele demonstrou qualquer tipo de estranheza pelo facto, assumido pelo seu advogado, de preferir remessas de dinheiro vivo em vez de transferências bancárias. É isto normal, neste dia e hora, no atual estado de democracia? Não, não é. Mas para José Sócrates, e de acordo com a sua recusa em aceitar a necessidade de se examinar, tudo isto é normal, tudo foi bem feito, nada apresenta qualquer problema. E enquanto for assim, Sócrates é o seu pior inimigo.
Mas, claro, José Sócrates sai vitimizando-se, falando de "embaraço mútuo" e ameaçando, segundo o Expresso, "vingar-se" - aventa mesmo "um amigo" que poderá "usar escutas a que teve acesso como arguido". Chocante, porém não surpreendente. De alguém com uma tal ausência de noção do bem e do mal, que instrumentalizou os melhores sentimentos dos seus próximos e dos seus camaradas e fez da mentira forma de vida não se pode esperar vergonha. Novidade e surpresa seria pedir desculpa; reconhecer o mal que fez. Mas a tragédia dele, que fez nossa, é que é de todo incapaz de se ver.