Em França são os patrões das pequenas e médias empresas que se manifestam na rua contra a asfixia da iniciativa privada. "Made in France? Até os cadeados são chineses", foi uma das palavras de ordem dos patrões franceses que prometem continuar a sair para as ruas em protesto contra 30 anos de orientação política que, acusam, "aprisionou" a economia e sufocou a iniciativa privada com uma "acumulação de impostos, taxas, restrições e sanções".
O Estado não pode "matar a galinha dos ovos de ouro". Não haverá estado social se a iniciativa privada colapsar, se deixar de criar riqueza e postos de trabalho. E, como já se viu, em tantos exemplos concretos, não é o estado que consegue substituir a iniciativa dos cidadãos. Onde isso aconteceu instalou-se o empobrecimento e a perda da liberdade.
Os patrões não desarmam e iniciativas semelhantes vão repetir-se até 10 de Dezembro, dia em que Emmanuel Macron, o ministro da Economia, deverá apresentar propostas de lei com vista a estimular o investimento e o emprego. As empresas queixam-se de que o discurso do Governo favorável ao empreendedorismo tarda em traduzir-se em iniciativas concretas.
Devia haver um número mínimo para se considerar um grupo de pessoas uma manifestação. No tempo de Salazar "tínhamos que circular", mais do que um na via pública já era uma ofensa ao estado. Agora seis ( 6 ) pessoas têm direito a corte da via, proteção policial, ofender o Presidente da República e o Primeiro Ministro e tudo porque não querem pagar a portagem da via do Infante. Antes da última visita do Papa ao Terreiro do Paço, as manifestações reuniam sempre para cima de 200 000 pessoas até que, a Igreja reivindicou 220 000 crentes na missa Papal. Foi o bom e o bonito. Contas feitas, no Terreiro do Paço não cabem mais que 120 000 pessoas, e juntinhas, quatro por metro quadrado. Abortado o esquema ( a manifestação era sempre maior que a anterior) agora o que interessa é gritar, ofender, "grândolar", sem respeito por nada nem ninguém.
Quem também lixou as contas foram os helicópteros, nós a vermos a imagem captada lá de cima e os jornalistas cá em baixo a jurarem que não cabia "nem mais um pintelho" ( Catroga dix). Mas estamos a progredir imenso. Ontem em frente do BES estiveram sessenta pessoas hoje, na Manta Rota, seis. Só a verdade é revolucionária.
Ao mesmo tempo que a comunicação social nos vende mais uma notícia altamente alarmista, prontamente desmentida pela administração do hospital, o pessoal faz uma manifestação. E que manifestação ? Não querem pagar o parqueamento.
Claro que no pico do inverno é sempre possível arranjar um descontente a contar o seu caso. Nas urgências sempre foi assim e será, embora os doentes mais graves tenham prioridade e isso explica muitas esperas. Mas, como é óbvio, nada disto acontece por acaso. O alarmismo serviu para chamar a atenção sobre o pagamento do parqueamento e o descontentamento dos funcionários que passaram a pagá-lo. O resto são encomendas.
Em Lisboa, no Terreiro do Paço, um ministro da agricultura confrontado com uma manifestação de agricultores saiu do ministério e juntou-se aos contestatários, ficando a contestar contra ele mesmo. Hoje, em Coimbra, tivemos uma versão ainda mais original. O chefe da contestação juntou-se ao contestado na mesma sessão partidária. Presume-se que a contestação prosseguiu na rua.
À boa maneira da revista do Parque Meyer " eu visto vestido preto e nunca me comprometo". Curiosamente, o ex-governador Civil de Coimbra, Jaime Ramos, porta-voz do movimento contestatário ali presente, mal Passos Coelho se instalou no auditório, entrou, também ele, com outros familiares no edifício. Perto da entrada, uma militante social-democrata explica aos seguranças presentes: "Não faz mal, também são nossos...".
A Troika veio cá porque a chamaram. E trouxe dinheiro sem o qual não teríamos continuado com a nossa vida. Fez-se pagar? Se calhar demasiado mas seria bom que todos os nossos empréstimos fossem conseguidos a taxas tão reduzidas.
O ajustamento foi violento, em tempo muito reduzido e trouxe consequências más, como o desemprego. Mas tem tido grandes virtudes. A primeira das quais é ter tirado de debaixo do tapete muito lixo acumulado. E de colocar à discussão velhos tabus.
O estado é mesmo privilegiado. Os que se manifestam nem de perto nem de longe são os mais necessitados. A obra pública quando levada ao extremo da ganância de bancos e empreiteiros é um investimento de difícil retorno e não há nenhum emprego mais precário.
Há quem agradeça. Eu tenho mais que fazer ( vou buscar a minha neta ao colégio) e tenho mais um relatório para escrever. Mas compreendo a manifestação. Até porque o melhor da Troika é estar a meses de se ir embora, assim os patriotas não estraguem tudo o que se tem feito!
A manifestação da CGTP não é na ponte, é em Alcântara. Qual é a ideia? Fechar o acesso à ponte ?
É óbvio que face às recomendações das entidades de segurança não podia o ministro tomar outra decisão. Não à manifestação na ponte. Os perigos são evidentes e só faltava agora que fosse o Arménio a contradizer quem tem como função precaver desastres públicos. E se algo corresse mal ?
É uma provocação política no âmbito da política sempre seguida pelo PCP "o quanto pior, melhor!" Provocar, destruir a imagem do governo, lançar a ideia que não há autoridade.“O que temos aqui é uma tentativa do Governo de querer impedir o legítimo direito de manifestação. O Governo receia a capacidade de mobilização da CGTP para fazer uma grande manifestação de contestação à política do Governo.” O que impede a CGTP de mostrar a capacidade de mobilização descendo a avenida como fez tantas vezes? Não colhe o argumento. “Nenhuma destas questões (segurança e legalidade) foi até agora contestada, nem pelos promotores”, disse Miguel Macedo aos deputados da Comissão Parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias.
É, claro , que ninguém contestou. Contestar arrasta responsabilidade. Fica-se pelo barulho para as televisões transmitirem.
Durante muito tempo houve uma batalha de números sempre que havia uma manifestação. Os sindicalistas diziam que teriam sido 300 000 os manifestantes. Depois, na visita do Papa, os mesmos logo disseram que não tinham estado nem 200 000 crentes ( presume-se que não cabiam mais). Até que as fotos tiradas do ar pelos helicópteros e a aritmética confirmaram. Na Praça do Comércio não cabem mais que 150 000 pessoas. ( tem cerca de 36 000 m2 x 4 pessoas/m2 = 144 000 pessoas). Na ponte ( 23 000 m2 x 4 = 92 000 pessoas) . Vá lá 100 000 pessoas.
Isto mostra, sem margem para dúvidas, que aqueles números que nos eram vendidos são pura fantasia.
A maior manifestação de sempre foi a da sociedade civil ( que se lixe a Troika) o que é um problema para sindicatos e partidos. Há. pois, que repor as coisas. Baralhar e dar de novo. Uma ponte cheia de gente, vista cá de baixo dá "no olho". Dá margem para se falar novamente em números paquidérmicos . E a útil discussão pública. Lança a dúvida. É preciso correr riscos? Há um interesse geral superior aos riscos que as pessoas possam correr. Mas já algum estalinista recuou perante tão pequeno problema?
Como é sabido as maratonas no tabuleiro da ponte não reunem mais de 40 000 pessoas. Também não é argumento que se apresente.
Aconteceu na Índia como pode acontecer em Portugal. Uma multidão pode ter reacções não previsíveis nem racionais e, uma vez iniciadas, não há como pará-las. Não vale a pena correr riscos, já todos sabemos que as manifestações da CGTP comportam 1/3 do número anunciado pelos sindicalistas pelo que descer a avenida é uma boa decisão.
O pânico foi causado por rumores de um possível colapso da ponte e muitas das vítimas caíram ao rio. Mais de uma centena de mortos e outros tantos feridos e, no entanto, não havia mais que 20 000 pessoas na ponte. Calcule-se o que seria se lá estivessem 150 000...
É óbvio que uma maratona nada tem a ver com uma manifestação. Numa maratona as pessoas até fazem para fugir o mais depressa possível do meio da ponte, na manifestação é ao contrário. Os manifestantes ( que são sempre mais de 150 000 segundo as contas do Arménio) só não levam a ponte( a) pé se não puderem. Extraordinário para os estalinistas é que a ponte viesse abaixo. Aí sim, a raiva correria mundo.
Qualquer problema entre a multidão não é passível de controlo. A polícia não vai lá por razões óbvias e os tarados em vez de se regarem com gasolina deitam-se da ponte abaixo.
Estou a sonhar? Em frente da Assembleia da República as pedras da calçada até estavam à mão de semear...
Se as autoridades não fizerem perceber ao estalinista Arménio que, por enquanto, é um cidadão igual aos outros, ele não parará nunca. E a responsabilidade nunca será dele.
A Aivola e o Nogueira foram apanhados à saída da Assembleia da República depois de uma manifestação espontânea. Desta vez tratou-se de impedir o regular funcionamento de um órgão de soberania. Diz a Dona Aivola que a Assembleia é do povo, isto é, dela. E o senhor Nogueira apressou-se a dizer que saiem mais depressa os deputados do que os funcionários públicos de que ele é exemplo.
Com o descaramento de quem usa a generosidade da democracia para tentar dar cabo dela, tanto a D. Aivola como o senhor Nogueira falam em nome do povo. O tal povo , presume-se, que nunca os elegeu a eles mas que elegeu os deputados. Mas que interesse tem esse permenor se o povo é deles, se falam em sua representação?
Estes são os representantes dos mesmos que, em 1975, cercaram o Parlamento na tentativa de impedir a votação da Constituição e futuras eleições livres. Já nesse tempo o povo era deles.