A extrema esquerda e a extrema direita francesas, tal como em Portugal, defendem a saída do euro e da União Europeia. É extraordinário mas não é de agora e não é virgem.
"É preciso que a extrema esquerda não deite tudo a perder" preocupam-se os franceses que não querem ver Le Pen na presidência. Mas o candidato comunista, ao contrário de todos os outros que já indicaram o seu apoio a Macron, mais facilmente apoiaria Maduro na Venezuela ou Castro em Cuba .
Como já fez o Partido Comunista Português recentemente,ao apoiar os regimes da Venezuela, de Cuba, da Coreia do Norte , de Angola , da Rússia, mas não a integração de Portugal na Europa.
“Benoît Hamon e todos os extremistas que tomaram conta do PS não me representam, diz uma francesa . Há quem esteja bem menos confiante nesses tais “votos da esquerda”. Isabelle fala em tom de desafio: “Se eles dizem que são de esquerda, é bom que não permitam a vitória a Le Pen”. E Hervé fala em tom de desespero: “A extrema-esquerda pode deitar isto tudo a perder. Espero que não. Mas pode”.
Ouvir Catarina a dizer as mesmas coisas que Le Pen é singular. O mesmo que Trump e o seu nacionalismo reaccionário .
Perante o colapso do comunismo e do socialismo a extrema esquerda procurou a salvação na linguagem reaccionária, culturalista ; o "multiculturalismo" ou " politicamente correcto" é uma escola de pensamento reaccionária e romântica, sem qualquer marca iluminista.
Os últimos anos só reforçaram essa tendência. Todos os dias vemos esta continuada deriva nacionalista de esquerda. Catarina e Jerónimo todos os dias fazem um discurso à Le Pen sobre a saída do Euro.
Mas se for Le Pen trata-se de um discurso reaccionário , se for Catarina ou Mortágua já se trata de um discurso fofo .
As duas sensibilidades odeiam a globalização querem voltar ao nacionalismo, quebrando a ordem internacional que tem permitido a globalização e a paz entre as super potências . Só não têm a gentileza de explicar o que pode substituir o que querem destruir. Voltando à guerra fria ?
É por isso que o seu objectivo, tanto da extrema direita como da extrema esquerda, é acabar com a União Europeia e os seus 60 anos de paz e progresso.
Centeno é demasiado liberal para os camaradas, até foi além da troika, perdão, além do défice que, segundo Mariana Mortágua, devia servir para relançar o investimento .
Além disso cumpre demasiado escrupolosamente as regras europeias, não é flor que se cheire no campo radical . Galamba que pertence à ala radical do PS ( entrou para deputado na quota da ex-namorada do ex -primeiro ministro ) bem como outros ajudam à festa da extrema esquerda.
Mas ainda não chegou a hora ,os juros ainda estão demasiado altos, demitir Centeno pode ser um desastre. Lá para a Primavera .
Eles querem que Centeno saia. E como sabem que Costa ainda não pode prescindir do "mágico do défice" – elogiado lá fora –, apostam no desgaste do ministro. A história da Caixa, envolvendo Centeno e Marcelo, anima a conspiração. Que está em curso e tem como alvo o ministro das Finanças.
Apanhado na rede, o deputado socialista diz que falou a título pessoal, não como porta-voz do partido do Governo. Ou seja, coabitam em Galamba dois lados, tal e qual como na geringonça – que elogia Centeno pelo défice ao mesmo tempo que o critica pelo mesmo défice. Sim, sabemos que Mariana Mortágua só quer fazer bem a quem mais precisa e, assim, há que distribuir antes de amealhar para pagar as dívidas. Perdendo-se credibilidade junto de quem detém e gere a nossa dívida.
Cavaco Silva também teve a intuição que António Costa já andava a preparar o acordo com a extrema esquerda que Sócrates, valha a verdade, nunca quis e nunca deixou fazer . E Cavaco acrescenta :
"Não obstante muitas críticas e acusações ao antigo primeiro-ministro, nomeadamente de lhe ter mentido, Cavaco Silva reconhece o facto de José Sócrates nunca se ter deixado "capturar" pelo PCP ou pelo BE.
"Sempre o vi bem consciente de que o caminho defendido por estes partidos seria desastroso para Portugal e para os portugueses. O caminho leninista que querem implementar só tem gerado miséria e totalitarismo", diz Cavaco, considerando que se José Sócrates "tivesse ido por aí", a herança deixada pelos seus Governo teria sido muito pior.
"A verdade é que não existe na Europa, nem tão pouco no mundo, qualquer país que seja desenvolvido e que registe um caminho de sucesso tendo partidos da extrema-esquerda a determinar a condução da política económica", acrescenta.
Na França de Marie Le Pen os partidos democráticos juntam-se para barrar o caminho à extrema direita xenófoba, anti - União Europeia e anti - Euro . Em Portugal, pela mão do PS de António Costa, os partidos de extrema esquerda igualmente anti - União Europeia e anti - Euro, chegam ao governo. E, num caso e noutro, todos querem um estado opressor, gordo e a liderar a economia. São coincidências a mais. Perigosas .
E querem sair da NATO e a sua dissolução . E a extrema direita quer a revisão da Constituição com uma mão cheia de propostas a piscar o olho à extrema esquerda . Direta ou indiretamente, mais ou menos sub-repticiamente, o partido de Le Pen quer acabar com os cultos religiosos.
O Banco Central Europeu é “déspota”. O Parlamento Europeu é o “fantoche” de uma Comissão Europeia que “não foi escolhida” pelos franceses. A Política Agrícola Comum “marginalizou” a agricultura. A moeda única (a par do Acordo de Schengen) “destruiu” milhões de empregos. E o BCE? “O BCE luta conta a inflação, mas não salvaguarda os empregos.” A União Europeia está hoje, aos olhos da FN, “totalmente pervertida na sua finalidade”. Que é como que diz: Au revoir, Europe.
Por enquanto separa-os a xenofobia e a imigração. É pouco , muito pouco .
(...) Segundo Jerónimo de Sousa, vislumbram-se "manobras e operações que promovem soluções populistas baseadas no discurso anti-partidos, nos apelos a pretensas novas expressões políticas, valorizadas a partir da forma e escondendo conteúdos, manobras e operações que têm na promoção dada ao PS, após o seu último congresso, um elemento crucial".
"Mais que um reposicionamento à esquerda ou de uma qualquer genuína busca de uma convergência para romper com a política de direita, o que se vê no PS é a reafirmação da conhecida ambição de poder absoluto, desligando as políticas concretas e as propostas concretas de voto", lamentou.
O SPD ( social democrata alemão) acha que o De Linke não deve ser visto como um partido do “arco da governação”, usando a expressão de António Costa. Os sociais-democratas alemães podem estar errados, mas acreditam que se o Syriza chegar ao poder reforça a legitimidade política de partidos como o De Linke, a sua principal ameaça interna. E os socialistas franceses partilham esta visão. Também não querem que as forças à sua esquerda reforcem a sua legitimidade como partidos de poder.
Tendo em conta a posição do SPD e dos socialistas franceses, dois dos maiores partidos do centro esquerda europeu, não deixa de ser estranho ouvir António Costa dizer que o PCP e o BE fazem parte do arco da governação. Talvez seja uma boa táctica para captar eleitorado desses dois partidos, mas convém ser cuidadoso em relação à credibilização do PCP e do BE. Foram eles que se auto excluiram. ( Económico)