Os outros 95% só têm o mesmo discurso que nesta altura não pode ser outro. Mantemos a consolidação orçamental e o rigor mas vamos avançar com um memorando para o crescimento. E lá estão elencadas as medidas. Todas as propostas de Seguro para injectar mais dinheiro na economia, alongar prazos de pagamento da dívida e baixar taxas de juro dependem da concordância da outra parte que está em Bruxelas, Berlim e por aí fora. Mas não podem dizer outra coisa, é isso que os une. As tropas de Seguro, de Costa, de Assis e de Sócrates só neste discurso, para fora, estão de acordo. De resto, odeiam-se como sempre se odiaram desde as jotas.
Restam os 5% que não concordam com este discurso e que não partilharam nada. Nem discurso nem lugares na administração pública nem no governo. Estes sim, estão coesos!
O Sérgio Sousa Pinto bem leu o menu mas parece que sem resultado. Diz que é preciso separar águas, afastar os timoratos, não deixar o partido perder-se nos pequenos interesses.
Recebeu como resposta que o PS quer tudo mesmo o que desafia a lógica. Quer a maioria e quer aliar-se com todos , o que é, convenhamos, um exercício supremo de fantasia e ilusionismo. Seguro ainda não percebeu que dificilmente será primeiro ministro e serão os seus pares que o vão impedir.
Para já não faz alianças com os socratistas que ficaram de fora da lista. Parece que não mas tirar a cebola do "bacalhau com todos" deixa de ser "com todos".
Lista única, nenhuma crítica, nenhuma proposta. É como dizer, António José tens as condições todas. Para já nas autárquicas, no mínimo, uma banhada nunca vista. Os abraços escondem tacticismo, nesta altura há que fazer crítica e oposição ao governo mas não muita, não vá a austeridade e os cortes caírem-nos no regaço.
Para que serve este congresso? Dar prova de vida uns dias depois do Presidente da República reafirmar que o mandato do governo é para chegar ao fim. Se mais fosse preciso quer o PC quer o BE andam armados em "vozes de sereia", coligação à esquerda mas nos termos que não são os do PS. Rasgar o memorando da Troika, e o sol brilhará.
António José Seguro vai ter que esperar muito tempo, demasiado tempo e estes abraços vão ser muito mais apertados à medida que o cheiro do poder se torne mais forte. O PC chama-lhe "abraços de urso".
Seguro marcou reunião dos órgãos directivos do PS para tomar decisão sobre congresso. "
A agência Lusa acrescentou que a reunião foi agendada com "carácter de urgência". A marcação acontece num momento em que o principal partido da oposição se divide num debate a propósito do momento mais adequado para a realização do Congresso e a eleição do secretário-geral.
No Parlamento, António José Seguro confirmou a reunião: "A questão é muito simples. Marquei uma reunião da Comissão Política Nacional do PS, onde, no órgão próprio do partido, terei a oportunidade de falar sobre a vida interna do PS".
E, é claro, que tem que ser com urgência embora acerca da data do Congresso pouco se possa fazer porque este orgão não tem competência para tal. Mas é importante para esclarecer, ver quem está com quem. O regresso do país aos mercados já está a acelerar a vida política. As autárquicas e as Europeias são já este ano.
António José Seguro foi apanhado com as calças na mão. Os jornalistas à saída de uma qualquer reunião disseram-lhe que o braço direito de Sócrates tinha afirmado que seria importante que o PS avançasse para o Congresso ainda antes das Autárquicas. E a seguir há Europeias. Assunto tão pouco importante que todos, incluindo os que vieram mais tarde confirmar a ideia nem sequer tiveram tempo de falar com o líder do partido. O Tó Zé ficou vidrado. Mas qual a pressa?
Talvez esta : Interrogado sobre se acredita que a sua liderança no PS vai ter de enfrentar adversários internos, o secretário-geral socialista advertiu que “Portugal vive um momento de urgência, com uma situação muito complicada”.