Quem o afirma é o secretário geral da UGT. “É uma enorme irresponsabilidade o sindicato da CGTP [SITE-Sul] ter avançado daquela forma para uma greve”, disse Carlos Silva defendendo que antes da convocação da paralisação, que ocorreu em 30 de agosto, “devia ter havido um esforço de negociação” e de perceber se havia disponibilidade da administração.
Herbert Diess diz-se “surpreendido” com os protestos dos trabalhadores da Autoeuropa, que vieram interromper vinte anos de estabilidade. Para além do mais, a necessidade de trabalhar aos sábados está acordada há dois anos, desde que ficou definido que a produção do T-Roc seria um exclusivo da fábrica de Palmela. O líder da Volkswagen acredita que, para além dos novos horários, a instabilidade na fábrica está relacionada com as várias mudanças na estrutura. Em primeiro lugar, a saída no início do ano de António Chora, representante de há muitos anos dos trabalhadores, e ainda, a entrada de um novo responsável de recursos humanos. A nova comissão de trabalhadores será eleita a 3 de outubro e poderão avançar as negociações.
Como não pode ser de outra maneira o plano de produção sempre previu o trabalho aos sábados para produzir o novo modelo.
"A greve da Autoeuropa não é apenas um conflito laboral. É uma tentativa clara de um sindicato afecto à CGTP passar a controlar uma das maiores e mais importantes empresas do país.
E é um aviso do PCP ao governo, que necessita das exportações do novo modelo Volkswagen para manter um crescimento próximo dos 3% do PIB.
Ninguém duvida de que, se o PCP quiser, este conflito acaba imediatamente . Resta pois, saber o que o PCP quer em troca dessa decisão" (Expresso)
Entretanto, o ministro da economia já anunciou que viajou para Berlim para se encontar com o CEO do Grupo para lhe dar conta da importância que o governo atribui à continuação da fábrica em Portugal.
Resta pois, saber o que os alemães querem em troca dessa decisão.
O que o governo quer é simples de saber : Por isso, se mostrou “certo de que em investimentos futuros a Volkswagen vai continuar a apostar nesta fábrica”. Mantendo o otimismo em relação ao diferendo na fábrica de produção de automóveis de Palmela (distrito de Setúbal), o ministro reafirmou que “vai ser possível encontrar uma solução”.
Torres Couto sublinha o que é evidente. A CGTP tomou as rédeas do poder na Autoeuropa e o intuito é ganhar espaço negocial em relação ao PS e ao BE .
Alguém acredita que a CGTP vai conseguir impor a sua vontade a uma empresa alemã que representa 1% do PIB nacional e que dá emprego a mais de 3 000 trabalhadores, não contando com as mais de 70 fábricas fornecedoras ?
Pouco se falou disso mas os trabalhadores das empresas fornecedoras já manifestaram a sua discordância com a greve.
Perante a hipótese de a empresa deslocalizar parte da produção para outro país, o sindicalista embatucou e ficou-se por um "... se a administração não quiser negociar..." .É esta a segurança que os sindicatos comunistas oferecem aos trabalhadores. A decisão de a empresa sair de Portugal está agora totalmente na mão da administração.
Num estado de direito, os sindicalistas deviam ser responsabilizados criminalmente pelas consequências do seu populismo e de usarem as empresas para servirem a política do PCP. Ante uma empresa que garante trabalho bem remunerado o que é que os sindicalistas oferecem ?
Torres Couto considera que se trata de uma "jogada política clássica" a que assistiu enquanto líder da União Geral de Trabalhadores, mas alerta que na sequência destas "jogadas" houve sempre um perdedor: "Os trabalhadores destas empresas que acabaram por ir para o desemprego e essas empresas perderem a sua importância e estratégia".
O artigo de hoje: A CGTP quer controlar a Autoeuropa. E pôs os sindicatos que controla a marcar a agenda na empresa. É isso que explica o chumbo ao acordo negociado entre a comissão de trabalhadores e a administração e a convocação de uma greve para dia 30 de agosto. Ontem o representante do sindicato dizia que a paralisação "vai ser uma grande greve". Não vai ser não. Vai ser um grande tiro no pé. Com a sofisticada logística que pauta a vida das economias integradas, é fácil deslocalizar a produçÃo de um veículo, ou de partes de veículos, para outros mercados, como já prometeu a administração da empresa. É bluff da administração? Isso é o que menos interessa. O que conta é que a criação de emprego e riqueza podem ir parar a outros países em vez de beneficiarem Portugal. Os sindicatos da CGTP sabem isso mas estão-se nas tintas
A Administração só negoceia com a Comissão de Trabalhadores única representante eleita dos trabalhadores. Na AutoEuropa sempre foi assim e sempre correu bem.
A empresa é uma das empresas mais competitivas do Grupo alemão e os trabalhadores são dos mais bem pagos no país. Um novo modelo de carro atribuído à empresa exigiu a contratação de 2 000 trabalhadores e um horário de 2ª feira a sábado.
Administração e Comissão de Trabalhadores já chegaram a acordo mas o sindicato afecto à CGTP fez um plenário onde fez chumbar o acordo. Como sempre vende o que não tem e se as coisas correrem mal umas manifestações contra o grande capital fazem esquecer o assunto. Para já marcou uma greve.
Não é a primeira vez que numa situação de confronto se desloca a produção para outra fábrica. Já aconteceu em Espanha. Pode acontecer em Palmela. Perdem os trabalhadores e perde o país.
Durante muitos anos e com António Chora como presidente da CT, os sindicatos ficaram à porta da fábrica e foram introduzidas em Portugal novas medidas de gestão dos recursos humanos que são hoje correntes no país. Mas os sindicatos da CGTP nunca desistiram de meter o pedregulho na engrenagem.
...ganha força o cenário da deslocalização de pelo menos parte da produção do novo modelo da marca alemã. Se tal acontecer, além das implicações para os cofres do Estado, que deixarão de encaixar as receitas dali provenientes, os trabalhadores também serão afetados. Sem necessidade de um terceiro turno, pelo menos parte dos colaboradores agora contratados deverá ser dispensada, um cenário bem pior do que ter uma folga rotativa durante a semana.
Curiosamente, a CGTP realizou em Lisboa e no Porto, no sábado passado, duas manifestações a defender a valorização do trabalho e dos trabalhadores. Ambas as manifestações reuniram dezenas de milhares de trabalhadores, segundo a costumeira informação da CGTP, mas houve uma novidade: no dia seguinte, nem um jornal nacional lhes fez referência na primeira página. Posso ser esquecido, mas tenho ideia de que isto há uns tempos não era assim ( Henrique Monteiro - Expresso)
A concertação social é o esvaziamento da luta de classes , foi mais ou menos assim que Cunhal caracterizou o diálogo entre patrões, sindicatos e governo. É, claro, que a CGTP, aluno directo do dirigente comunista, nunca esqueceu a lição e há 40 anos que não assina os entendimentos conseguidos .
Finalmente ( há sempre uma primeira vez) a UGT bateu com o punho na mesa e disse o que é claro para todos. Ou a CGTP participa tendo em vista a procura de soluções ou a UGT só assina se a CGTP assinar . Para já está em cima da mesa a questão do desconto no PEC ( pagamento Especial por Conta ) que visa substituir a chumbada TSU .
Questionado sobre se a CGTP quiser entrar na negociação da adenda sem assinar o acordo de concertação social, Carlos Silva reforçou a posição: “Não estaremos [na mesa das negociações], nem assinaremos qualquer aditamento”.
A CGTP avisou ( ou ameaçou) que a UGT tenha cuidado . E para quem ainda tenha dúvidas acerca do padrão estalinista da CGTP, acrescentou :
"Para nós, o nosso adversário não é a UGT, o nosso adversário são as confederações patronais e hoje a UGT juntou-se às confederações patronais para caluniar e mentir aos portugueses no que respeita à intervenção da CGTP e isso é grave", considerou Arménio Carlos.
Isto é, segundo o sindicalista estalinista, nas empresas onde se produz riqueza e se pagam salários, impostos, taxas e taxinhas, não existe uma organização, existe uma guerra entre empregadores e trabalhadores . Há patrões que também pensam assim. E Portugal continua pobre e atrasado com estes canastrões.
Um estudo da OCDE que o governo tem escondido diz que o bom comportamento do emprego se deve às reformas nas Leis Laborais do governo anterior. António Costa vai mexer no que está a dar resultado ? O PCP já está a preparar a tropa fandanga da CGTP
O PCP até poderá estar de acordo com a CGTP mas não pode ser o factor causador de uma crise no governo. Vamos ter o PCP a engolir um sapo enquanto a CGTP se manifesta.
Na nota enviada, a CGTP promete lutar para impedir a aplicação destas medidas ( congelamento dos salários e da progressão das carreiras) e insta o Governo de António Costa a assumir as suas responsabilidades, não sendo “cúmplice daqueles que aspiram a que o tempo volte para trás”.
Já é hoje claro que o aumento do poder de compra não resultou em mais crescimento da economia. Sem mais exportações e mais investimento externo a situação do país não melhora. E os aumentos de salários prejudicam a competitividade das nossas exportações e a atracção do investimento.
O PCP vai ter que concordar com o orçamento de 2017 que adoptará medidas adicionais de ajustamento . A CGTP vai fazer pressão e as coisas vão azedar. Mas é claro que o PCP é demasiado pragmático para por em risco o governo . Até porque depois desta "cedência" da Comissão Europeia nas sanções o governo não tem por onde fugir.
A natureza humana é que explica os comportamentos conforme as circunstâncias. Não é por se ser comunista que se é mais honesto e menos abusador . Por enquanto peculato só tem uma tradução :
“Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio.”
E isto é válido quer seja no poder central quer seja no poder local. Ceder viaturas para transporte de funcionários a uma manifestação da CGTP é um crime.
Nessa mesma reunião, Luís Nascimento, vice-presidente da autarquia, eleito pela lista da CDU, acabaria por reconhecer o grande objetivo daquela manifestação: assinalar a queda do Governo de Pedro Passos Coelho. “Esta deslocação a Lisboa, no dia 10 de novembro, prende-se essencialmente com o derrube de um Governo que, durante os últimos quatro anos, foi extremamente nefasto para a política nacional e para os trabalhadores e o roubo que foi feito às finanças das autarquias locais, durante os últimos anos”, disse Luís Nascimento.
Para já as autarquias contactadas não quiseram pronunciar-se bem como os intransigentes defensores do povo trabalhador