Expliquemo-nos: nem os resultados da CGD são assim tão excepcionais para justificar o bodo aos trabalhadores, nem se encontra nenhum motivo para que a administração não se preocupe acima de tudo em devolver ao Estado o dinheiro que o Estado investiu na limpeza das suas contas. Os prémios de Paulo Macedo aos funcionários bancários mais favorecidos do país só se entendem e aceitam sem protesto porque a redoma com que o Governo protege o sector público em detrimento do interesse geral do país é cada vez mais nítida, sólida e inquestionável.
O sigilo bancário serve para esconder as batotas feitas por clientes incumpridores e maus gestores bancários ? Não creio. É caso para perguntar : quem tem medo ?
Os tribunais já deram autorização de divulgação mas os deputados na Assembleia da República acham que não e a administração da Caixa excusa-se a divulgar .
O BE não muge e o PCP , para diluir a responsabilidade do banco público ( nosso) quer alargar a divulgação a outros bancos. Nada a dizer mas comecemos pelo banco público que tem maiores responsabilidades.
“A decisão que temos dos tribunais é que o Parlamento tem direito a conhecer, mas os partidos da esquerda juntaram-se para terminar a comissão”, sublinhou o social-democrata. Leitão Amaro deixou, por isso, duas questões à esquerda: “o que têm a esconder? De que têm medo?”
Na opinião do parlamentar, “quando os portugueses são chamados a um esforço tão grande de injeção de uma verba tão elevada no banco público, é inaceitável” que não se conheçam os maiores beneficiários de créditos que acabaram por ficar incumpridos, o que terá levado, em última instância, a essa necessidade de assistência pública.
"Se agora vierem com subterfúgios do ponto de vista legal, dizendo que não o podem fazer porque a lei não o permite, então podem contar com o apoio do PSD para mudar a lei que não permite que os portugueses saibam quem é que deve tanto dinheiro ao banco público".
Se todos os partidos falam em transparência então a primeira coisa a fazer é mudar a lei que impede essa mesma transparência . Então num banco público onde é que está a dúvida ? Será que a divulgação dos nomes dos devedores nos trás mais surpresas sobre gente ligada aos partidos ?
Mas o divertido é que por cá na geringonça se discute onde aplicar o excesso resultante de um défice mais baixo que o orçamentado ( 1,1%) . Dizem que há 800 milhões que é preciso gastar .
E, é claro, a dívida não desce. Isto é muito mau mas a gente diverte-se muito.
Ainda de acordo com os dados do Eurostat, Portugal mantém a terceira maior dívida pública da União Europeia (UE), apesar de esta ter baixado, em 2017, para os 125,7% do PIB, face ao ano anterior.
De acordo com a primeira notificação para 2017, a dívida pública da zona euro recuou para os 86,7% do Produto Interno Bruto (PIB), face aos 89,0% homólogos, e a da UE baixou para os 81,9% (contra 83,3%), sendo a terceira quebra homóloga consecutiva em ambas as zonas.
Provavelmente são os mesmos nos dois bancos assinala Rui Rio . Mas o governo não diz quem são. Esse dinheiro era mais que suficiente para equilibrar o orçamento da saúde e aumentar os funcionários públicos.
"Por que é que o Governo se recusa a dizer quem foram os credores que ficaram com o nosso dinheiro?", questionou Rio, explicando que "repor o poder de compra dos funcionários públicos custaria 300 milhões de euros" e "só na CGD e no Novo Banco o Estado meteu um total de oito mil milhões de euros", o que "são 25 vezes mais do que os 300 milhões de euros".
Não sou dos satisfeitos pela redução (o modo) do défice orçamental. Sabia que Centeno preparava, às escondidas da tótó esquerdalha, as contas para que - milimetricamente - fosse encaixada a exagerada recapitalização da CGD. Centeno cometeu "crimes" e erros. Jurou que a CGD não iria a défice. Foi ao défice. Mas preparou a coisa: cortou na Saúde, Educação e adiou sine die as infra-estruturas aeroportuárias, ferroviárias e rodoviárias já acordadas desde 2014 com o PS. O País perdeu obras com apoio comunitário, oportunidade que não haverá nos próximos anos. Em matéria de obras, resta, a Costa viver de anúncios, até ao fim da legislatura. É o que ele anda a fazer.
Pior, o "capital físico" do País perdeu, em 2017, milhares de milhões de euros (dados de ontem, do INE), o preço da ausência de investimento: estradas degradadas, equipamento hospitalar esgotado, escolar, transportes, já sem valor ou ineficientes e não renovados. Ou seja, o País perdeu valor: é como uma casa em que não se recuperam as paredes, a canalização, os fios eléctricos. Perde património... ficamos mais pobres. Simples como isto! Por outras palavras, ainda: Costa e a esquerdalha vivem dos anos, passados, em que se compraram o raio X, a Tac, máquinas, construiram hospitais, etc... Não acrescentam, nem renovam valor. Vive do passado e do futuro: alguém há-de comprar. É o diabo.
Convinha, agora, que Centeno fosse ao Parlamento explicar aos contribuintes a razão porque mandou a CGD contratar aos "neo-liberais e especuladores" edge funds quase 1000 milhões de euros em empréstimnos perpétuos (dos quais 450 milhões no ano passado) a pagar juros (também perpétuos) de 12% anuais... Calma: é que a troca deste "negócio" era não levar a CGD a défice...um pagamento, digo eu. Foi ludibriado. Ou o homem é um intrujão. Vai custar à CGD, em juros aos especuladores, 100 milhões de euros, por ano. É isto.
É claro, diz Centeno e Costa: sem a CGD, o défice seria de 0,9%, o "mais baixo da democracia". Eu digo: com os cortes no mais baixo Investimento Público dos últimos 60 anos, incluindo os anos de Salazar... Sem este plano B, era mesmo o diabo.
Sabem o que chateia mesmo? No melhor momento da economia mundial, Portugal é dos seis países da Europa que menos cresce. Tudo isto é poucochinho.
Desapareceram mas estão aí algures a recato em contas de certas famílias. Um assalto organizado ao Estado por políticos, gestores privados e públicos, com a complacência das instituições controladoras que não viram ou não quiseram ver.
Desde a Caixa Geral de Depósitos ao BPN, passando por grandes empresas, Convém ainda não esquecer que as actuações de políticos, banqueiros, bancários, gestores e empresários relativamente às PPP, aos swaps e aos golpes em quase todos os bancos portugueses estão fora da alçada deste processo Sócrates barra Salgado barra Espírito Santo barra PT.
Mas ficaremos a saber que duas ou três (ou mais...) operações políticas e financeiras de assalto ao Estado, a algumas das melhores empresas portuguesas, aos recursos de milhões de depositantes, credores, accionistas e investidores se desenvolveram durante anos. O que aconteceu com a cumplicidade de um ou dois partidos políticos, com a participação activa de alguns dos "melhores" banqueiros portugueses, com a intervenção maliciosa de um governo, com a colaboração dolosa de vários gestores privados e públicos.
Que função tem a Caixa que os outros bancos não têm ?
A sua função? Mas que função? Este é o surrealismo de tudo isto. Além da titularidade do capital, não se conhece o que distingue a Caixa dos restantes bancos. O seu carácter supostamente distintivo de “banco público” ou de “banco do Estado” não tem qualquer expressão nos serviços que são prestados pela Caixa. Não há nada que a Caixa faça que a concorrência não faça também em condições e preços semelhantes.
Minto. Durante algum tempo, na década passada, nos consulados que incluíram Armando Vara e Francisco Bandeira, a Caixa tinha um sistema “Via Verde” para empréstimos e participações em empresas e projectos amigos do regime, muitos deles ruinosos. Não há responsáveis indiciados mas sabe-se que a conta ascende a alguns milhares de milhões. Mas para além desta nobre missão, que se espera tenha ficado bem enterrada no passado, não se conhece outra que distinga a Caixa dos seus pares.
Claro que o cidadão contribuinte a quem acabaram de ir ao bolso para pagar o “buraco” da Caixa no meio de juras sobre a diferença que é ter um banco público só pode irritar-se com a hipocrisia de quem, logo a seguir, permite que se feche o balcão da terra.
A Caixa Geral de Depósitos vai despedir trabalhadores e fechar balcões. Em cada localidade que a CGD deixe será substituída por um qualquer banco privado . Em Almeida está lá a Caixa Agrícola porque tem muito menos custos fixos e aquilo que é um prejuízo para o banco estatal é um lucro para a privada.
A Caixa Geral de Depósitos não é do povo a não ser que se arranje uma compensação como se faz para as empresas de transportes públicos ou para a RTP . Já na TAP o estado ficou com 51% mas não manda lá nada porque se mandasse mais cedo ou mais tarde voltava para a situação anterior. Ninguém a queria. A TAP de bandeira .
O estado está a abandonar o interior porque está a perder importância . Aliás, o estado foi o primeiro a abandonar o interior, encerrando escolas, repartições de finanças e os CTT . Se o estado não se intrometer onde não deve, em todas essas localidades abandonadas vai aparecer uma entidade privada que prestará o serviço se as populações o considerarem necessário.