Hoje fui à inspecção do veículo. Preparei o carro ontem na oficina, mudança de óleo, filtros, travões , verificação electrónica, enfim gastei uma nota negra, para além da apresentação impecável, lavado por fora e por dentro, motor...
Lá fui a matutar se me iam chatear com alguma coisa de última hora. Não havia quase ninguém ( suspeito que a crise também chegou às inspecções anuais obrigatórias). Ao meu lado, mas em fase mais adiantada, estava um carro a cair de podre a ser inspeccionado. Com mais conselhos aqui, uma palavrinha ali, o carro ia avançando com alguma nobreza, diga-se. Quando cheguei ao fim da inspecção já o velho carro e proprietária estavam na fase da ouvir o veredicto. Que sim, pague na secretaria e pode ir embora, enquanto lhe entregavam os documentos e o selo de aprovação.
Depois veio a fase que só podia ter acontecido neste país sem igual. O velho carro, inspeccionado e autorizado a rodar nas estradas não arrancou...
Ainda vi pelo retrovisor os inspectores a empurrarem-no...
Cortar nos carros e nos motoristas das administrações das empresas públicas é uma medida, antes de tudo, higiénica. E é uma poupança. É cortar num abuso. Junte-se todas as mordomias de todas as empresas públicas e corte-se a sério e logo veremos que não é só simbólico. Para mais em empresas que vivem de subsídios com enormes prejuízos.
...Contudo, feitas as contas a 18 das maiores empresas tuteladas pela Economia, descobre-se um potencial de poupança nunca superior a 3 milhões de euros. Nestas 18 empresas encontra-se um total de 72 viaturas para outros tantos administradores. Em média, cada um destes automóveis custou 42 mil euros aos cofres públicos, para uma factura total de 3 milhões de euros, aos quais acrescem mais 3700 euros anuais de custos em combustível, em média por viatura, em 2011 ou 2012 – há empresas que ainda não tornaram públicas as remunerações e regalias de 2012 dos seus gestores, tendo o i usado valores de 2011 nesses casos.
Isto é pouco? E não acrescem os salários dos motoristas, e a manutenção dos veículos ? E não compram um carro todos os anos ? É pouco? E os seguros ?
Acidentes mortais mal cai alguma chuva, num ano em que nas épocas de muito movimento nem sequer houve tantos acidentes como habitualmente. Ontem o filho mais velho de um amigo meu. Numa estrada do Alentejo, chuva intensa, lençóis de água e até perder o controlo do carro e a vida foram segundos .
Em termos rodoviários o nosso país é pouco mais do que uma anedota. Temos auto-estradas de luxo sem carros porque nem condutores nem o estado têm dinheiro para as manter. E as estradas ditas nacionais que deveriam ter sido recuperadas estão agora cheias de carros mas sem condições de segurança.