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BandaLarga

as autoestradas da informação

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António Costa já não consegue esconder mais a austeridade

A haver reposição aos professores é preciso que também a haja para os restantes sectores. Ora isto é orçamentalmente insustentável e mostra o que o governo andou estes quatro anos a esconder com a ajuda do PCP e BE. A austeridade não acabou .

António Costa ainda manteve o congelamento, mas com um défice próximo de 0% e com toda a retórica construída pela atual maioria de que se virou a página da austeridade foi perdendo argumentos para o fazer. Assim, em dezembro de 2017 e antes da entrada em vigor do Orçamento do Estado de 2018, o PS, PCP e Bloco de Esquerda, aprovaram na Assembleia da Republica uma resolução bastante semelhante à que foi aprovada na passada quinta feira.

Ora, à medida que se torna mais evidente que não se virou a pagina da austeridade – algo que será ainda mais evidente à medida que a atividade económica for abrandando, também se torna mais evidente que a geringonça não serve para os próximos quatro anos. Não só as exigências do BE e do PCP serão cada vez maiores como também o espaço para mais cedências será cada vez menor.

Posto isto, quais a opções do PS? Tenta ter o apoio da direita, ou governar com maioria absoluta? Como a primeira hipótese parece cada vez menos provável e com as sondagens a apertarem, António Costa viu no tema dos professores a hipótese ideal para chegar ao eleitorado de centro e à maioria absoluta. Assim, o PS voltou atrás na posição que já tinha assumido em 2017 e adotou uma postura “responsável”.

Não há dinheiro : o que é que PCP e BE não percebem ?

Não há dinheiro nem agora nem no futuro próximo. O que é que PCP e BE não percebem ?

PSD defende a contabilização total do tempo de serviço dos professores, “desde que salvaguardados pressupostos muito claros de equilíbrio orçamental, respeito pelo pacto de estabilidade e crescimento, pela situação económico-financeira do país, pelo controle da dívida pública e pela sustentabilidade do sistema público de ensino”.

Quanto aos sindicalistas não percebem e até têm raiva a quem percebe. Não é das suas contas e alguém pagará .

Adeus, geringonça

Que margem é que ficou para se reeditar a geringonça à esquerda depois desta ópera bufa dos professores ?

Nenhuma ou muito pouca. Hoje, é clarinho que PCP e BE não estão dispostos a largar mão de nada mesmo que se trate de manter o equilíbrio orçamental. Resistir aos ditames de Bruxelas é isso mesmo, rebentar com o défice, não pagar a dívida e sair do Euro.

Para quem não tem motivos para agradar a eleitores o que sempre esteve em cima da mesa era muito simples. Não se podia pagar aos professores sem pagar a todos os outros  sectores e desde que fosse orçamentalmente sustentável. Sem crescimento económico mais forte não há dinheiro suficiente. Mas o drama é que o crescimento está a fraquejar não está a fortalecer.

Na estratégia da esquerda a função de Mário Nogueira era forçar o PS a escolher um dos lados.  Juntava-se ao PCP e BE e avançava na degradação orçamental ou desagradava aos professores e perdia votos para a extrema esquerda entre uma classe que vota PS. Em qualquer dos casos ganhava sempre . Mas Costa e Centeno perceberam o que estava em jogo bem ao contrário do PSD e do CDS e escolheram a estratégia orçamental que vinham a desenvolver nos quatro anos de governo.

Controlar o défice, gerir a dívida e manter a mais elevada carga fiscal .

No fim temos um PS ganhador como defensor sério do equilíbrio das contas públicas, PSD e CDS como perdedores nos seus méritos de exigência orçamental e PCP e BE ( anti-equilíbrio orçamental) afastados do arco da governação.

O que dirá o PS na sua campanha eleitoral quanto ao mérito de nova geringonça ?

 

Uma foto que vale mais que mil palavras

PSD, CDS, PCP e BE na mesma foto mostra bem que em política tudo é possível. É só tirar dali o PSD e substitui-lo pelo PS e percebe-se a dimensão do filme de terror.

Aos dois partidos da direita bastava dizer que 1) o problema dos professores era do governo e de quem o apoia 2) apoiariam o pagamento integral desde que não se degradassem as contas públicas

Não só mostravam coerência com o que sempre defenderam como mostravam que acabado o dinheiro a apregoada estabilidade da geringonça não existe nem nunca existiu.

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O PSD e o CDS não têm razão e Centeno vai demitir-se

Depois da intervenção de Mário Centeno na Assembleia da República onde afirmou, com clareza, que quem aprovasse a contagem integral do tempo aos professores teria que decidir onde cortar na despesa fixa e/ou no aumento dos impostos, não tenho dúvida nenhuma que a demissão do ministro das finanças está em cima da mesa.

António Costa também tem a sua palavra em banho maria mas, a sua demissão, equivaleria à demissão do governo o que seria mais problemático a não ser que o primeiro ministro jogue agora tudo na maioria absoluta em eleições legislativas antecipadas.

Todos sabem que pagar aos professores obriga a pagar a outras categorias de funcionários públicos para não falar em todos aqueles que perderam o emprego no sector privado. Trata-se de uma enorme injustiça que o PS não aceitará. Mas pagar a todos os prejudicados arromba definitivamente com o equilíbrio orçamental e com as conquistas conseguidas com tanto trabalho.

Degradar ainda mais os serviços públicos ? Aumentar o IVA ? PSD, CDS, PCP e BE têm a palavra.

"Isto é pôr em causa todo uma legislatura de recuperação de rendimentos. Temos sabido manter o rumo certo, as contas no seu sítio e avançar passo a passo de forma segura. Isto é querer destruir todo o trabalho de construção de uma legislatura. A História julgará quem assim procede", disse o deputado do PS.

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Centeno tem razão : não há dinheiro para os professores

Não há dinheiro tornou a dizer na Assembleia da República o ministro Mário Centeno. E tem razão.

Os partidos que propõem o pagamento integral têm que explicar onde se corta na despesa ou onde se aumentam os impostos. Andam todos à cata de votos mas se o governo cede vem aí o pântano. 

O PSD e o CDS só têm que deixar a solução do problema para o PS, o PCP e o BE que comeram a carne mas não querem roer o osso. Desagradar aos professores que representam um mar de votos.

Reiterando alguns números, Centeno explicou que em velocidade de cruzeiro, daqui a alguns anos, a recuperação dos mais de nove anos de serviço dos professores teria um custo permanente de 635 milhões de euros (800 milhões de euros em todas as carreiras), com 35 mil professores (cerca de um terço do total) a chegar ao topo da carreira até 2023.

Governo pondera demitir-se por causa dos professores

Não há combustível para manter a economia a circular e não há dinheiro para satisfazer os professores . O governo pondera demitir-se . É que a requisição civil não é boa para as eleições e a aprovação em sede parlamentar para pagar aos professores ainda menos. O governo está esgotado,  sem ideias e sem dinheiro.

O montante necessário para responder aos professores é financeiramente insustentável com a agravante que abriria a porta a idêntica reinvindicação de pelo menos mais quatro sectores da Administração Pública.

Mas o BE e o PCP não largam apertando o governo. PSD atira a responsabilidade para negociação entre o governo e os sindicatos e o PS não apoia os professores.

Ao fim de quatro anos a situação do país está como habitualmente está quando o PS é governo. Ou à beira de um pântano ou à beira da bancarrota.

Os professores podem optar desde que sejam dois anos nove meses e dezoito dias

Tal como os outros como sempre se percebeu os professores podem optar desde que seja como o governo decidiu. Dois anos nove meses e dezoito dias.

O Executivo aprovou, esta quinta-feira, em Conselho de Ministros uma solução de descongelamento das carreiras especiais que segue o mesmo racional usado nas carreiras gerais e no caso dos docentes (a recuperação de 70% do módulo padrão), mas com uma mecânica de aplicação diferente.

E, pronto, está "roubado" como dizem os sindicalistas da Educação que foram de vitória em vitória...

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Com os professores o governo está a reconhecer uma injustiça

Para chegar ao topo da carreira a generalidade dos funcionários públicos precisa de 120 anos já os professores precisam de 34 anos. É a esta injustiça bem maior que a não reposição total dos anos de serviço se chegou com a cobardia de sucessivos governos perante Mário Nogueira.

Como último argumento Nogueira anda a vender os votos dos professores e suas famílias, amigos e vizinhos. Para a Frenprof este governo morreu. Estão vendidos os votos a 6 meses das eleições.

Nogueira não faz contas aos alunos, pais de alunos, vizinhos e amigos que sofreram na pele exigências sem conta, greves aos exames dos seus próprios alunos, às escolas fechadas, aos pais que tiveram de faltar ao emprego .

O último e desesperado argumento do sindicalista é feio e não conta com as contas que o governo também faz. E palpita-me que sem dinheiro as contas dão razão a António Costa.  

Aqui entra a questão de fundo. De onde saíram os 2 anos, 9 meses e 18 dias aprovados esta quinta-feira pelo Governo? É uma solução imaginativa e engenhosa, mas também justa: Nas carreiras gerais, um módulo padrão de progressão corresponde a 10 anos. Na carreira docente, o módulo padrão é 4 anos. Assim, os 7 anos de congelamento, que correspondem a 70% do módulo de uma carreira geral, traduzem-se em 70% de 4 anos de carreira docente, ou seja, 2 anos, 9 meses e 18 dias.

Com esta matemática, o Governo está a reconhecer uma injustiça ainda maior do que a injustiça do apagão do tempo de serviço. É que os profs têm um modelo de progressão na carreira muito mais rápido e generoso do que o comum dos funcionários públicos, a quem não basta o passar do tempo para progredirem.

Os professores foram de vitória em vitória até não haver dinheiro

Todos os anos os sindicatos dos professores exigem tudo e mais alguma coisa. Sempre com a razão toda do seu lado, com manifestações que mais não fizeram que fechar escolas e prejudicar os alunos. Exigimos !

Era de tal ordem o pedantismo  sindicalista que a fasquia foi sempre colocada ao nível mais alto. Ou é como nós dizemos ou então vamos para a greve. Foram tantas as vezes que os sindicatos acenaram com a greve que o actual governo percebeu que a opinião pública não está ao lado dos sindicatos dos professores. E não tem medo das ameaças sindicais.

"“Encontrar a solução concreta é o momento seguinte”, disse, lembrando que a petição com mais de 60 mil assinaturas hoje entregue era já o contributo dos sindicatos para uma solução, com propostas que passam pela contagem do tempo com efeitos na carreira, na dispensa de vagas para acesso a escalões ou, aquela que muitos professores no topo da carreira preferiam, uma aceleração para a aposentação."

Pois, tal como António Costa vem dizendo, não há dinheiro .