O SIRESP ( sistema de comunicações para emergências) pode incumprir nas...emergências.
Está escrito na página 20 do contrato . O SIRESP pode incumprir em caso de incêndios, trovoada, raios, intempéries e assim por diante. Pode deixar de funconar nos casos para que foi comprado e que por isso custou quase 500 milhões.
Pode crer que leu bem. Já o ano passado tinha falhado e agora falhou novamente mas o vendedor não tem obrigação contratual nenhuma. Bem, tem, diz lá no contrato que tem que aprender, tirar as ilações e ir melhorando. Vá lá, uma sorte o estado não ter que pagar uma indemnização.
Os vendedores são gente conhecida. O BPN através da SLN e a PT e uma terceira de que não me lembro. Os donos disto tudo que estiveram em todos os grandes negócios do Estado e que nos levaram à bancarrota.
E com estas falhas morre gente ? Nenhuma responsabilidade dita o contrato, o sistema pode incumprir. E agora sai mais um inquérito para ficarmos a saber que o SIRESP falhou é porque pode incumprir.
Está no contrato na página 20 . Sem desconto, sem desculpas e sem vergonha.
Volto a Portugal. Quando se fala de orçamentos que só servem funcionários públicos e pensionistas com pensões altas, se deixam ministérios nas mãos de sindicatos que só protegem a sua manutenção, empresas de transportes capturadas que não prestam serviço público porque os meios que têm estão afetos a satisfazer corporações, hospitais que reduzem serviços para pagar votos, se excluem administradores do banco público do dever de transparência, se recusam reformas e se aumentam impostos generalizadamente para pagar isto tudo (e isto tudo não são excluídos do sistema, sofreram com a crise, mas todos sofreram) sem que quem paga se sinta compensado pelo retorno, talvez estejamos a fomentar aquilo com que dizem querer acabar. Basta ver com atenção uma fotografia recente de qualquer estação do metro de Lisboa.
Estamos a chegar ao fim de uma época onde negócios e política andaram de mãos dadas. O que se está a passar no BES resulta da cumplicidade da política com o mundo dos negócios.
Com o BES, cai uma ala incontornável do "antigo regime", aquele que vigorou no País nas duas últimas décadas. Este é o toque a finados que faltava. Com a intervenção sobre o País, ruiu um certo "modelo de desenvolvimento económico" - que tem de ser escrito assim mesmo, com aspas, para não nos rirmos demasiado da nossa tragédia colectiva.
Com a intervenção sobre o BES, ruiu um certo modo de fazer negócios e, sobretudo, de relacionamento entre o poder financeiro e o poder político.
Os Espíritos Santos, PC e BE juntam-se para controlarem os negócios e a política na capital. O Portugal Profundo explica como :...Um dos factos mais notáveis da promiscuidade do PS, Bloco de Esquerda e PC, com o poder sistémico é o abafamento da informação, útil para os votantes, e que revelei aqui em 23-3-2012, de que o vice-presidente da CM Lisboa, que já tinha trabalhado para o Grupo Espírito Santo (possivelmente, o grupo financeiro mais forte na promoção imobiliária de Lisboa, através da Espart),
Pedro Guerreiro, no Negócios : António José Seguro sabe bem o que quer para si: ser primeiro-ministro. Mas não sabe o que quer para nós. O seu programa é tão pequeno que cabe em duas palavras: mais tempo. E como mais tempo o Governo já ganhou, o sucesso de Seguro é paradoxalmente o seu esvaziamento. Se não tem alternativa, não nos serve a alternância.