O Estado é do PS
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E a normalidade são as contas certas e o PCP e o BE nas suas linhas vermelhas anti-União Europeia.
Do que tenho dúvidas é que quisessem uma solução que nos dossiês importantes não passará pelo BE ou o PCP.
Mas será que alguém, conhecendo a história do PS e dos atuais chefes socialistas, pensa que seria possível algum acordo com o BE ou o PCP, e vice-versa, em questões essenciais para a comunidade? Será que alguém é capaz de dizer uma única mudança estrutural em que o BE ou o PCP estejam de acordo com o PS? Na legislação laboral ? Na segurança social? Na educação? Na reforma do Estado? Os subscritores daquele manifesto só poderiam querer uma de duas coisas: ou que o PS deixasse de ser o que é e sempre foi ou que o BE mudasse - do PCP não deviam ter ilusões. Bom, é verdade que a líder do Bloco se afirmou social-democrata, mas se assim for digamos que é uma social-democracia muito distante da do PS.
Os partidos da extrema esquerda andaram a campanha eleitoral toda a lutar contra a maioria absoluta do PS. Aqui chegados têm a responsabilidade de garantir a viabilidade do governo apoiando-o maioritariamente na Assembleia da República.Se assim não for aqueles partidos terão a enorme responsabilidade de lançar o país num processo de governação instável.
Mais uma vez PCP e BE apresentaram as suas propostas pensando nos seus interesses imediatos.Interessava-lhes enfraquecer o mais possível o PS para ganhar vantagem nas negociações da formação do governo.Mas melhor do que ninguém sabiam e sabem que as suas propostas assentam em medidas inaceitáveis para o PS.E há medidas do PS, incontornáveis, que PCP e BE nunca aceitarão.
É este estado de coisas que levaram à estagnação socialista dos últimos quatro anos e que o PS não pode manter por mais quatro anos.
É também por isto que o PSD se prepara para apoiar medidas estruturais que PCP e BE não apoiarão, mas de que o país não pode abdicar.
Por mais que se agite a água não se mistura com o azeite.
É tal a diferença em matérias nucleares entre os partidos da esquerda que até para o PM é evidente a impossibilidade de formar governos à esquerda. E a geringonça mostrou bem que não é para continuar. Governar sem resolver os problemas que são essenciais para que o país se modernize e se manter no quadro da UE não se pode repetir. Serviu para salvar uma derrota nas urnas.
A geringonça permite agora que o PCP diga que nunca teve nada a ver com o governo e o BE, guloso e ambicioso, quer morder na área do PS . Que é o que o PS mais teme. Temos a geringonça de pantanas como sempre foi visível para quem quis ver.
E agora? O PS vai formar um governo minoritário de geometria variável, ora à direita ora à esquerda até que PCP e BE cravem o veneno mortal . Como o lacrau faz à formiga que carrega às costas enquanto atravessa o rio. Um morre afogado e os outros morrem do próprio veneno.
Este país pobre, onde tanta gente ainda vive mal, não pode dar-se ao luxo de fazer de conta que tem alternativa à UE e à Zona Euro.
Lá se foi a grande vitória das esquerdas. O arco da governação não alargou.
O governo em 2016 conhecendo já o desplante de Joe negociou com o comendador novo contrato para a exposição das suas obras no CCB.
Em 2016, já depois de ser pública a penhora de 75% dos títulos da ação Coleção Berardo por três bancos, o Ministério da Cultura renovou o protocolo com a Coleção, afirmando publicamente que não tinha conhecimento de qualquer penhora sobre as obras. Pela mesma altura, José Berardo e o seu advogado punham em prática um golpe jurídico para chamar novos acionistas (por si controlados, suponho) à Associação Coleção Berardo, diluindo a posição dos bancos credores. E como se tudo isto não fosse mau demais, o Estado ainda aceitou perder a opção que tinha de comprar a Coleção a um preço fixo determinado em 2006, tendo agora que se sujeitar à chantagem de Berardo e ao preço de mercado de obras que valorizam graças ao CCB e ao investimento do Estado.
Quem é que quer ser representado por um Estado que dá a mão a salteadores ?
A haver reposição aos professores é preciso que também a haja para os restantes sectores. Ora isto é orçamentalmente insustentável e mostra o que o governo andou estes quatro anos a esconder com a ajuda do PCP e BE. A austeridade não acabou .
António Costa ainda manteve o congelamento, mas com um défice próximo de 0% e com toda a retórica construída pela atual maioria de que se virou a página da austeridade foi perdendo argumentos para o fazer. Assim, em dezembro de 2017 e antes da entrada em vigor do Orçamento do Estado de 2018, o PS, PCP e Bloco de Esquerda, aprovaram na Assembleia da Republica uma resolução bastante semelhante à que foi aprovada na passada quinta feira.
Ora, à medida que se torna mais evidente que não se virou a pagina da austeridade – algo que será ainda mais evidente à medida que a atividade económica for abrandando, também se torna mais evidente que a geringonça não serve para os próximos quatro anos. Não só as exigências do BE e do PCP serão cada vez maiores como também o espaço para mais cedências será cada vez menor.
Posto isto, quais a opções do PS? Tenta ter o apoio da direita, ou governar com maioria absoluta? Como a primeira hipótese parece cada vez menos provável e com as sondagens a apertarem, António Costa viu no tema dos professores a hipótese ideal para chegar ao eleitorado de centro e à maioria absoluta. Assim, o PS voltou atrás na posição que já tinha assumido em 2017 e adotou uma postura “responsável”.
Um governo poucochinho que governa para uma parte da população, os funcionários públicos e os pensionistas que vivem, maioritariamente, em Lisboa e Porto.
Os serviços mínimos aplicam-se a Lisboa e Porto onde estão os eleitores o resto arde como em Pedrogão, Tancos, Borba/Vila Viçosa. Um país preso por arames onde falta o essencial por falta de investimento e das medidas difíceis de que este governo foge como o diabo da cruz. E os que correram a comprar os novos passes de transporte estão nas filas de espera nas bombas de gasolina . E as listas de espera na saúde perduram ( 47% do total dos serviços foram assegurados pelo SNS o restante pela saúde privada e social) .
A sociedade civil agita-se . Aparecem sindicatos independentes que fogem ao controlo dos sindicatos partidários. Na saúde ( enfermeiros). Na educação. Nos transportes. Nos portos (estivadores).
António Costa como uma barata tonta fingiu que o pré-aviso de greve não era com ele( como habitualmente faz) e em menos de 24 horas vê o país parado por uma greve de poucas centenas de pessoas. O culpado deve ser o governo anterior.
Com os professores está cercado pelos partidos apoiantes que , segundo nos vendeu, garantem uma governação estável. Mas tudo aponta para que até a estabilidade financeira das contas públicas se rompa por aqueles que sempre desejaram que o governo evite a subordinação aos ditames de Bruxelas. Verga aos professores e aos sectores que se seguirem e o défice aumenta .
Com a dívida em alta, um PIB poucochinho, contas externas degradadas, sobra a taxa de juro mínima que o BCE ofereceu. Houve gente que sonhou com mais deste governo homeopático.
Não há combustível para manter a economia a circular e não há dinheiro para satisfazer os professores . O governo pondera demitir-se . É que a requisição civil não é boa para as eleições e a aprovação em sede parlamentar para pagar aos professores ainda menos. O governo está esgotado, sem ideias e sem dinheiro.
O montante necessário para responder aos professores é financeiramente insustentável com a agravante que abriria a porta a idêntica reinvindicação de pelo menos mais quatro sectores da Administração Pública.
Mas o BE e o PCP não largam apertando o governo. PSD atira a responsabilidade para negociação entre o governo e os sindicatos e o PS não apoia os professores.
Ao fim de quatro anos a situação do país está como habitualmente está quando o PS é governo. Ou à beira de um pântano ou à beira da bancarrota.
PS : pelos elos de uma grande teia
O governo mais à esquerda . Os sintomas já se detectavam há algum tempo. Ironicamente, o Governo classificado como sendo o mais de esquerda, nos anos mais recentes em Portugal, é exactamente aquele que mais controlado é por um pequeno grupo urbano chame-se ele socialista, bloquista ou até comunista.
A própria estratégia orçamental de controlo do défice público orientou os recursos para a recuperação dos rendimentos da população urbana, directa ou indirectamente dependente do Orçamento, e sacrificou as pessoas que precisam dos serviços públicos. Sim, todos precisam de serviços público, como Saúde e Educação, mas há uns que precisam mais do que outros, quer por terem rendimentos mais baixos quer porque vivem em sítios onde não há escolha.