«O aumento da procura sente-se em todo o país», sublinha ao SOL Rodrigo Queiroz e Melo, diretor executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo (AEEP). «Fora das grandes cidades temos colégios que estão a fazer um esforço significativo e estão com projetos inovadores e que estão a crescer», remata. Ainda assim, a maior procura pelos colégios continua a ser em Lisboa e no Porto, «onde há mais pessoas e onde há mais capacidade financeira», justifica.
Ontem ouvi uma professora competente dizer: "Esfolo-me todos os dias. Reconhecimento? Zero." É apenas uma variante do que já ouvi vezes sem conta. São cada vez mais os bons docentes que andam a pensar em abandonar o ensino muito antes da reforma. São cada vez menos os bons alunos que querem ser professores dos ensinos básico e secundário. Todos os estudos internacionais dizem que um bom professor é o factor mais importante para o sucesso educativo. Convencer pessoas com vocação e qualidade a dedicar a sua vida à escola pública é, pois, o maior desafio de qualquer governo nesta área. A incapacidade para o fazer é sinal de falhanço político para quem tem "paixão pela educação".
A autonomia das escolas está escrita nas estrelas . Mais competências, mais meios, mais proximidade e maior interligação com poderes locais, pais e professores.
Há várias escolas no país que já têm as suas cantinas vigiadas pelos pais dos alunos depois das denúncias da má qualidade da alimentação servida. Outras escolas resistem exigindo aos pais um pré-aviso o que contraria a lei .
A lei foi aprovada em Dezembro e em Janeiro já há pais organizados o que demonstra bem como a proximidade é um factor decisivo e há gente preparada e interessada.
Claro que há uma enorme resistência à descentralização de que a escola pública é só um exemplo . Todos falam dela mas ninguém avança a não ser com pequenos passos quando a realidade dura e muitas vezes dolorosa não deixa margem para argumentos medíocres.
O Estado que está em toda a parte e não está em lado nenhum tem que sair da frente e deixar a sociedade civil intervir. Basta que faça o que lhe compete e que mais ninguém pode fazer .
Os alunos não têm aquecimento nem papel higiénico. Por outro lado, a FENPROF, apresentando uma petição idêntica para cada distrito do país (a de Coimbra, por exemplo, foi a petição 414/XII/3), acusava o governo de, através do financiamento a colégios privados, desviar verbas que impediam as escolas públicas “de pagar despesas de água e electricidade, gás ou aquecimento das salas de aula."
Mas os problemas nas escolas prevaleceram. 2018 começou com a denúncia de atrasos na transferência de verbas para as escolas suportarem despesas básicas, tais como o aquecimento das salas de aula. Há directores de escolas que apontam às “gravíssimas limitações financeiras”, que se queixam do peso dos encargos básicos após a festa da Parque Escolar.
Ora, já não havendo PSD-CDS no governo para responsabilizar, o ministro da Educação limitou-se a garantir a inexistência de atrasos nas transferências de verbas às escolas – como se os directores estivessem a inventar um caso.
Esta é a grande questão : A grande vitória da Fenprof e dos Mários Nogueiras desta vida foi terem conseguido transformar um grupo de indivíduos heterogéneos num conjunto compacto de funcionários públicos, onde excelência e mediocridade são amalgamadas em nome dos “direitos da classe”. Sendo o papel do mérito mínimo em termos de progressão na carreira, o professor de treta tem boas probabilidades de estar a ganhar o mesmo do professor extraordinário ao fim de 30 anos de ensino. E sabem o que é mais ridículo? É que toda a comunidade escolar – pais, alunos, professores, funcionários – sabe perfeitamente distinguir um do outro. Podiam até apontá-los a dedo. Só que apontar a dedo é feio, e os sindicatos, lamentavelmente, preferem desde sempre a protecção dos professores medíocres à valorização daqueles que ainda hoje marcam a vida dos seus alunos.
Os casos do D. Leonor de Lencastre e do Pedro Nunes são só a ponta do iceberg . Todos sabemos que nas boas escolas públicas só há alunos de famílias abonadas. Nas más escolas públicas só há alunos de famílias pobres. Há muitos anos que é assim.
"Lembro-me também, por volta de 2006 ou 2007, de políticos de renome, de direita e de esquerda, dizerem alto e bom som, em plena praça pública e a propósito de mais uma querela público-privado, que os seus filhos tinham sempre andado na escola pública. Lembro-me bem de ter dito a dois deles, que encontrei por acaso e em ocasiões diversas, que “assim também eu”: a escola pública dos filhos deles não era a escola pública dos filhos dos outros."(Paulo Rangel)
E os meus amigos defensores da escola pública têm os netos nas boas escolas públicas ou nos bons colégios privados. Tal como eu.
O pai vai, então, à DG. Tira senha. Espera quatro horas. E lá consegue ser atendido (um dia perdido de trabalho). “E como é que eu posso fazer? Posso tentar inscrevê-la noutras escolas? Quais é que ainda têm vagas?” Respostas? Por ordem: “Não sei.” “Pode, mas a resposta não vai ser a que quer ouvir.” “Não lhe posso dizer.” E pergunta o pai, insistindo, desesperando: “Mas, se não me pode dizer, quem é que pode?” A resposta: ninguém. (Já vos disse que o site da DG está em baixo?)
O pai tenta, porque os pais tentam sempre tudo. Põe num papel, à mão, mais quatro escolas. “E quando é que me respondem? Quando é que posso saber alguma coisa?” A resposta: na DG vão ver, uma a uma, as reclamações e pedidos, ligando uma a uma às escolas para ver se alguma pode meter mais alguém. “Este é só o segundo dia, Agosto vai ser muito pior”, diz a senhora. “É possível que só saiba alguma coisa depois de as aulas começarem”, avisa ela. “Mas não a inscreva no Filipa, nessa já sabe que é impossível.” Impossível não. É Kafka. As escolas públicas não têm vagas, mas o Governo já deu o pré-escolar aos quatro anos, já deu mais intervalos aos professores e mais lugares nos quadros também.
Os vícios estão cá todos. Famílias que pagam uma avença mensal de 50 E para terem um encarregado de educação morador na área. Os funcionários públicos defensores da escola pública e da suposta igualdade, do Instituto Nacional de Estatística e do Ministério da Segurança Social arranjaram forma de estarem incluídos na zona afecta à escola.
Ontem em conversa com gente amiga moradora no bairro do Arco Cego afirmaram-me que se passa o mesmo com os filhos dos funcionários da Caixa Geral de Depósitos.
E assim se excluem os pobres que não têm dinheiro nem influências. Tudo o que é apontado como vícios da escola privada pode ser encontrado nesta escola pública . Boa escola, com bons resultados e bem classificada nos rankings cheia de alunos com bom nível de vida.
E é assim em todos os bairros onde há uma boa escola. As famílias procuram uma boa escola seja pública seja privada. A secretária de estado da educação que andou a fechar boas escolas em associação tem as duas filhas no selecto Colégio Alemão.
Quer que as filhas sejam bilingues para seguirem uma carreira internacional. Ora pois, honesto argumento que não se encaixa nas filhas dos outros que não têm dinheiro.
Os moradores do Arco Cego onde está a boa escola pública Filipa de Lencastre, queixam-se que os seu filhos ficam de fora por falta de vagas.
Toda a gente sabe qual é o truque. Quem pode comprar uma morada ali no bairro compra. Quem tem um amigo morador no bairro pede-lhe a morada por empréstimo . Quem não tem dinheiro nem amigos endinheirados que morem ali no bairro chique, não entra.
E é assim por esta Lisboa como será em todo o país. Numa boa escola pública não entra filho de pobre. E, é claro, que as boas escolas privadas estão cheias de alunos ricos e remediados. Mas há solução. Fechem-se as más escolas e apoiem-se as boas. Públicas ou privadas.
Se o discurso oficial colasse à realidade - escola pública dá oportunidades iguais para todos - só existiriam boas escolas mas, como se vê na notícia do Público, a realidade é bem diferente . A escola pública em Portugal ajuda a eternizar as desigualdades, não é um factor de justiça social e muito menos um ascensor social .
Na Educação, há muito prisioneira dos sindicatos comunistas, a ideologia prevalece e não tem em conta o interesse dos alunos.
Moro aqui neste recanto de Lisboa há 40 anos e sempre foi assim. Os alunos que vivem nas barracas ou nos bairros sociais frequentam as más escolas existentes .
Os restantes frequentam as boas escolas públicas aqui ao redor ou pagam os bons colégios privados.
É assim não é de outra maneira. A secretária de Estado que andou a fechar as boas escolas em associação tem as duas filhas no caro colégio alemão.
Dezasseis mil famílias com a vida virada do avesso e 2 000 profissionais no desemprego por puro capricho ideológico....
"na esmagadora maioria dos casos, a nível local, os partidos que suportam o governo reconhecem que são decisões iníquas e que não serviram seguramente as populações".
"O senhor primeiro-ministro, em várias ocasiões, proferiu afirmações públicas de que encontraria soluções alternativas ao problema que estava a ser criado a estas instituições", afirmou, lembrando que estes colégios funcionam, a nível local, como grandes empregadores."Segundo o 'vice' social-democrata, até hoje essas soluções "não aconteceram".
Para os alunos e suas famílias não há escolas públicas e escolas privadas. Há boas e más escolas. O estado deve financiar as boas e fechar as más. Tudo o resto é ideologia que tem como objectivo manter a escola pública nas mãos do ministério e dos sindicatos comunistas.
Há tanta escola má que precisa de atenção e meios que não se percebe porque o governo se preocupa em fechar as escolas que as famílias escolheram.
Foi à custa de cativações de verbas que não chegaram aos serviços do estado que se passou para além da europa . E à custa do corte no investimento.
As escolas a meter chuva e frio com os alunos e pais à porta a exigirem mais pessoal é um efeito de curto prazo .O Nogueira da Frenprof não pia .
Morrer um bébé na Guarda com a mãe a esperar uma hora e meia para ser atendida por um médico também é um efeito de curto prazo das cativações para o défice. Seis horas na urgência passou a ser historicamente razoável . Mas a austeridade parou, virou-se a página segundo a narrativa pós-verdade .
Com o corte do investimento a economia é poucochinha, a dívida não para de crescer e os juros são insuportáveis e com tendência a aumentar . São os efeitos a longo prazo .
Enquanto o povo sofre com a nova austeridade vai-se falando na CAIXA para se desviarem as atenções . Os que têm emprego e pensões exigem ( pertencem ao estado) os desempregados (pertencem ao privado) vão sofrendo com a nova austeridade.
A "festa" na Educação não chegou aos prédios/escolas degradados (mas fecharam-se boas escolas privadas) . E a pressa na devolução de rendimentos dos funcionários públicos atinge os doentes, as crianças e os idosos .
Morreu um bébé no Hospital da Guarda por falta de assistência mas, agora , a culpa não é das cativações de verbas nem da austeridade . Porque essas ou acabaram ou nunca existiram .