António Costa na recente reunião com os deputados do PS admitiu que a realidade está longe do seu optimismo. E teme que as eleições antecipadas sejam para bem mais cedo ainda antes das autárquicas. Com a economia a afundar o segundo semestre vai ser bem pior que o 1º semestre.
Na frente externa o isolamento de Portugal quanto às sanções também não augura nada de bom com a Espanha a fazer companhia mas com posição bem diferente da nossa, apressando-se a apresentar medidas adicionais.
Um dia depois da reunião do PS, Pedro Passos Coelho, durante uma reunião do Conselho Nacional do PSD, afirmou que "a conversa de que a austeridade acabou é mentirosa. A austeridade está cá toda", e acrescentou que a realidade se irá impor "muito antes das autárquicas" (Setembro/Outubro de 2017) e os portugueses vão aperceber-se e "sentir", segundo informações recolhidas pela Lusa.
Mesmo que Marcelo não as queira : Os socialistas continuam a acreditar que é possível viver com duas coligações, uma à esquerda para consumo interno e outra à direita para consumo em Bruxelas. Os sociais-democratas, no entanto, insistem em dizer aos socialistas que "no dia em que precisarem" deles se devem demitir. Bom, mas nós vimos a caranguejola a apoiar a geringonça. Pois vimos, mas apenas porque estava preso ao passado e àquilo que de mau deixou como herança orçamental. A partir de agora, Orçamento aprovado, a caranguejola sente-se livre e a geringonça perde espaço de manobra. Se a execução orçamental correr mal, as esquerdas correm o risco de ficar a pregar no deserto, insistindo em culpar o governo anterior. Se a geringonça tiver de apresentar o famoso plano B e partir um ou dois dos arames que a seguram, não pode pedir à caranguejola que empreste outra vez o fio de nylon para se manter de pé. Estamos nisto. Com a agravante de ser a partir de Bruxelas que se mexem os arames da geringonça e o fio de nylon da caranguejola.
A discussão de ontem na Assembleia da República foi tudo menos a discussão do orçamento. O governo diz-se melhor do que o governo anterior. O PSD e o CDS dizem-se os salvadores de um país em pré-bancarrota. PCP e BE já estão ambos com os dois pés fora da " solução conjunta".
O orçamento não chega, nem para Bruxelas, nem para PCP e BE e, muito menos, para o país. Costa queixa-se que a direita anda a dizer mal do orçamento em Bruxelas com voz "maviosa" . Passos diz que o PS está de joelhos perante Bruxelas. E para fim de festa o PCP puxou a restruturação da dívida para cima da mesa. Golpe fatal para a geringonça.
Podem dar as voltas que quiserem mas a dívida não se paga, não se reestrutura e não se deixa varrer para debaixo da mesa. É um elefante no meio da sala. E vai partir tudo.
A dívida das famílias e das empresas tem vindo a baixar e a reestruturar-se mas a dívida do estado nem um bocadinho. E este orçamento tem muito pouca margem para pagar 46,1 mil milhões num só ano.
Daqui a uns meses, Abril no primeiro cenário, Outubro (orçamento de 2017) no segundo, o elefante vai mexer-se. E já com ‘sabor’ a campanha eleitoral para umas eleições que podem ser antecipadas e que tanto PS, como PSD prevêem.
António Costa tem comportamentos que só se entendem no âmbito de uma generalizada "caça ao voto". Mais do que ninguém ele quer eleições antecipadas e PCP e BE sempre foram, desde a noite das eleições que perdeu, dois empecilhos. É a esta luz que se devem ler os lamentáveis ataques ao Governador do Banco de Portugal
Manuela Ferreira Leite considera que o Governo se debate neste momento com a questão da sua credibilidade externa, porque a “sua orientação política é absolutamente contrária àquela é que é a orientação política das instituições europeias”. O país só vai alcançar a confiança e credibilidade “quando houver resultados positivos”.
Mas, na opinião da antiga ministra das Finanças, o que mais abala a credibilidade de Portugal face às instituições externas, em especial as europeias, não são os resultados que venham a ser obtidos, porque “muito mais importante que as décimas do Orçamento que precisam de ser alcançadas é exatamente esta questão do Banco de Portugal”, disse.
O caso dos lesados é apenas mais um exemplo de uma estratégia que está a ser pensada ao milímetro. Não subestimem o homem, menos ainda o político. António Costa sabe exactamente onde quer chegar, já sabia na noite em que perdeu as eleições legislativas de 4 de Outubro. Ou quando entrou pela porta grande em São Bento. É preciso criar uma narrativa que sirva de campanha eleitoral. E é isso que está a fazer.
E o PCP e o BE estão a servir de idiotas úteis. Arménio Carlos bem ameaça o governo " que não é nosso" como lhe chama. Há pois que comer o máximo possível no mais curto espaço de tempo
O orçamento apresentado pelo governo é tão mauzinho que só pode ter um objectivo. Adoçar os portugueses com umas medidas simpáticas e quando as sondagens derem um resultado favorável avançar para eleições antecipadas de braço dado com o Bloco de Esquerda.
O PCP suspira por esse momento já entendeu que não escapa ao abraço de urso, o seu score eleitoral recente fez tocar as campainhas de aviso.
Costa nunca quis, nem quer, uma coligação para quatro anos. Quis apenas conquistar o poder para vencer eleições a partir do governo com promessas que não podem ser cumpridas no futuro. O Orçamento para este governo não passa de um instrumento eleitoral. Costa não está a cumprir as promessas da última eleição. Está a fazer promessas para a próxima, mas não as poderá cumprir. E serão os portugueses, mais uma vez, a pagar.
O PS já negoceia com os partidos que o apoiam em paralelo com as negociações com Bruxelas. O orçamento vai ficar a meio da ponte. Dar com uma mão e tirar com a outra. Há sempre maneira de enganar os portugueses
Parece ser necessário um milagre para negar o caminho anterior e apontar outro com um défice em 2,8% e cumprir simultaneamente as promessas feitas aos partidos de esquerda que impõem uma rápida baixa de impostos e um imediato aumento de despesa.
Com estas benesses todas António Costa conseguirá marcar eleições para finais de 2016, realizando-as antes do exame final e antes de nos impor um enorme aumento de impostos em 2017. Desta forma talvez conseguia livrar-se do apoio asfixiante dos seus actuais apoios parlamentares.
Como escrevi aqui logo no dia seguinte. E como a situação portuguesa mostra quase todos os dias. É bem melhor clarificar com um mandato sólido do que estar ligado à máquina. Que é o que acontece ao governo de António Costa que já precisou duas vezes do apoio do PSD ante o manguito do PCP.
É necessário um pacto de regime que possibilite o arranque da legislatura, uma equipa governativa e o impulso para as «reformas necessárias à regeneração política que a Espanha necessita». Exactamente o que Portugal precisa mas que é de todo impossível com um governo apoiado em dois partidos ideológicamente afastados.
Nos países em que os políticos são movidos por regras e pelo interesse nacional não se entra em golpadas nem se formam governos incoerentes e oportunistas. Em Espanha já há muitos comentadores a colocarem a eventualidade de eleições antecipadas face à notória debilidade de um governo saído das eleições de hoje.
Porque sabem que um governo à portuguesa não dá a estabilidade necessária à tomada de decisões difíceis, empurrando o governo para cedências que apenas garantem a sobrevivência . Como já se está a ver em Portugal. O PCP e a CGTP, valha a verdade, não enganam ninguém, não há semana que não lembrem ao PS que é seu prisioneiro.
Talvez o PCP e o BE percebam agora o que é perder tempo com o exemplo de verdadeira Democracia que sopra de Espanha.
Não é para governar é para marcar eleições logo que seja mais favorável. Para isso vai devolver salários e pensões e reverter privatizações . Tudo o mais rapidamente que for possível. E depois quer deitar borda fora PCP e BE .
Vai valer tudo. É por isso que não é difícil adivinhar o que deverá vir por aí. Catarina Martins, que funciona nestas coisas como uma espécie de guarda avançada que vai desbravando caminho e fala como se fosse a nova “dona disto tudo”, já anunciou que vão ser descobertas “surpresas”. Não me custa muito adivinhar que “surpresas” o Governo está tentado a encontrar: tudo o que justifique um défice acima de 3%. Mais: essa é a “surpresa” que pode ser “fabricada”, mesmo que só reste um mês para tomar decisões e assinar cheques.
Ferido de morte na sua credibilidade, constituído por socráticos que nunca viram a bancarrota e que nunca estranharam a forma de vida do seu chefe, este governo tem como prioridade imputar as culpas ao governo que ganhou as eleições . E na mesma passada livrar-se dos papéis envergonhados.
Um acordo envergonhado, instável, sem credibilidade e que não durará um ano. Só se recupera a credibilidade nas instituições com novas eleições antecipadas. O pais olha para a presente situação surpreendido e enganado . As sondagens são claras. A situação só pode dar num governo pífio .
"Todos os líderes disseram que isto é um acordo histórico, mas se é assim deviam ter orgulho em exibi-lo e fazerem uma cerimónia pública. Não, foi uma cerimónia às escondidas, parece que têm vergonha do que assinaram. Ou seja, eles próprios não acreditam nisto".
Seja como for, conclui Mendes, "só por milagre" este governo durará uma legislatura: "Isso é ficção política que ninguém em Portugal, da direita à esquerda, acredita. Basicamente, é governo para durar um ano. Porque o acordo é pífio, as medidas que lá estão são para um ano, Costa chega ao poder já com autoridade diminuída, sem estado de graça, e depois porque os três partidos desconfiam uns dos outros".
Cresce a ansiedade entre os socialistas com a possibilidade de Jerónimo descambar ainda antes da formação do governo . Os irresponsáveis do BE andam a passear em Paris a dar uma de " solidariedade internacionalista" enquanto acusam Cavaco de andar a passear na Madeira.