Eu joguei à bola com o Eusébio
No CIF ( Clube Internacional de Futebol), no meio do arvoredo de Monsanto. Grandes jogos. O Eusébio jogava no "SOV" ( Seita do Olho Vivo) onde jogavam os antigos internacionais de futebol. Eu jogava nos "Purrianos", equipa oriunda dos estudantes do Quelhas ( ISEF). Na classificação o SOV era o primeiro classificado, nós éramos dos últimos. Mas ninguém faltava, às 8 da manhã, com chuva e frio lá estávamos todos.
O Eusébio surpeendia desde logo pelo porte fisico dentro do campo. Depois pela maneira aparentemente fácil como fazia as coisas mais dificeis. E a sua calma que era a ponta visivel do seu bom caracter.
No verão os "Purrianos" disputavam uns jogos no Algarve com os Ingleses que ali trabalhavam ou passavam as férias. O Eusébio, e algumas vezes o Simões, reforçavam a nossa equipa. Eu que era bom no "jogo psicológico" a primeira coisa que fazia era derrotar os pobres dos Ingleses fora do campo. Dizia-lhes que o Eusébio ia jogar . A maioria nunca o tinha visto jogar mas todos o admiravam. Jogava como ninguém.
Impressionava o seu joelho esquerdo tantas foram as intervenções crurgicas a que se submeteu. Mas mesmo assim era o melhor de todos. Dizia-me um jovem Inglês : " Se o jogo fosse só de trinta minutos o Eusébio ainda era o melhor jogador do mundo!"
Joguei com o Eusébio, com o Torres, o Simões, o Jose Augusto, o Bastos, o Palmeiro. O Alexandre Baptista era o nosso defesa central. E o Coluna, menos, mas também por lá andou. Mais de meia equipa da selecção nacional.
Eusébio cultivava a amizade. Simples como só os grandes são. Eu considerava-o um amigo e é como amigo que aqui deixo o meu pesar.