O BES é o regime
Como escreveu há dias o Pedro Santos Guerreiro no Negócios e hoje Nicolau Santos no Expresso, o Banco Espírito Santo não é, somente, o banco do regime, é o próprio regime. Como se diz há muito não há governo que não tenha bem impressa a sua "mão invisivel" e, mesmo, o seu representante em pasta estratégica para os seus negócios. As grandes obras públicas, as grandes empresas públicas, estão todas, ao fim e ao cabo, ao colo do Orçamento do estado logo, ao colo de quem manda.
Um estado que está em todos os grandes negócios e em todas as actividades é a presa perfeita para estes grupos económicos. Centralizado o dinheiro e o poder no Terreiro do Paço e em meia dúzia de governantes está constituido o repasto. É como colocar a sopa toda na mesa do patrão. Nada sobra para a mesa dos trabalhadores.
Há uns anos a esta parte vieram à luz do dia muitos envolvimentos que descredibilizaram o BES. É, claro, que se o Banco de Portugal não travar o descalabro no grupo vamos ter que pagar as "imparidades" como se chama agora aos prejuízos e ao dinheiro que desapareceu. E outro grupo tomará o lugar daquele se o estado não descentralizar, se a Justiça continuar a não funcionar e se a sociedade civil continuar afastada da governação do país.
A diferença entre os ricos e justos países do centro e norte da Europa é a cultura dos cidadãos que os leva a fazer o que ninguém mais faz. Participar activamente na governação da nação. Quem não percebe isto não percebe nada pese as boas intenções.