A raiz do mal
Uma ideia que não serve apenas para esse momento histórico, mas nos guia em cada encruzilhada civilizacional que havemos de encontrar. "Hanna Arendt - de Margareth Von Trotta ".
Muitos de nós quando despertaram para os horrores do holocausto colocavam a pergunta. Como foi possível? Um povo instruído, que tanto génio tem dado ao mundo? A resposta veio no argumento mais apresentado pelos criminosos de guerra na sala do Tribunal. "Executava ordens superiores".(leia-se, da hierarquia do estado).O que queria dizer "não ter culpa individual", "não ter consciência do mal que fazia"...
À direita com o fascismo a narrativa era a mesma. "A bem da nação, nada contra a nação". Quem não pensava da mesma forma era eliminado. Salazar, Mussolini, Franco, Pinochet e tantos outros. Uma ideia colectiva imposta como única pelo estado e a bem de toda a nação.
À esquerda, com o comunismo, está também presente a ideia colectiva do bem, que serve a todos e a que todos, individualmente, se devem vergar, mesmo que para isso seja necessário assassinar em massa, prender adversários políticos, manter na ignorância e na miséria a maioria do povo. É tudo pelo bem colectivo da nação. Corta-se cerce a consciência individual do bem e do mal.
Em Portugal, estamos, hoje por hoje, a assistir a um fenómeno estranhíssimo em democracia. O estado, com as suas corporações, empresas e negócios, quer fazer passar a ideia que as desigualdades entre "público" e "privado" são um bem colectivo e, como tal, devem ser preservadas. Para isso recorre a "slogans colectivos" contra os quais a consciência individual não tem lugar. "Direitos adquiridos", escola pública, saúde pública. O individuo não pode escolher, sem que corra o risco de ser classificado como "contrário ao interesse público". Que nunca ninguém explicou o que é!