Ancorado numa suposta superioridade moral, o Bloco distribui juízos de valor sobre adversários e sobre os agentes económicos e sociais que deles discordam, transformando o debate num combate moral e não político.
O Bloco não se limita a discordar das propostas da direita, o Bloco acusa-a de defender interesses escondidos. O Bloco não se limita a propor alterações legislativas, o Bloco acusa quem a elas se opuser de estar ao serviço de forças obscuras. O Bloco não se limita a defender o direito à habitação, o Bloco acusa proprietários de querer esmagar os mais pobres. O Bloco não se limita a defender um modelo económico, o Bloco acusa qualquer proprietário de ser ladrão porque a propriedade é um roubo. O Bloco não se limita a defender os serviços públicos, o Bloco acusa a iniciativa privada de ser imoral.
Temos assim crescimento económico baixo, um crescimento potencial baixo, fruto da falta de investimento e capital, contas públicas que continuam desequilibradas do ponto de vista estrutural, dívida pública elevada e dívida externa também bastante elevada. É este o contexto e as restrições que Portugal enfrenta. Os desafios são muitos e muito exigentes. Mas desde 2015 que andamos a “fazer de conta”, numa fantasia “cor-de-rosa avermelhada”, sem preparar o futuro.
Como tenho aqui escrito: “Feliz o país que em tempos de alguma bonança económica pensa na próxima crise”.
Com um bocadinho de jeito a Segurança Social e a Câmara de Lisboa tinham feito obras no prédio de Alfama e arrendavam-no a preços módicos . E assim seguravam aquela parte da população que não tendo capacidade financeira é obrigada a deixar o centro da cidade.
Claro que procedendo dessa forma - para benefício dos mais pobres - não se especulava e não havia lucros chorudos para ninguém . Mas a tentação de quem está por dentro destas decisões é inevitável.
Aquela cantilena hipócrita de que os mais pobres e mais jovens são expulsos do centro da cidade por causa da especulação, não passa disso mesmo. Hipocrisia. A Câmara e a Segurança Social bem como a Misericórdia é que são os grandes proprietários, são essas instituições que possuem massa crítica para inverter a tendência que tanto os preocupa. Controlar os preços, aumentando a oferta de rendas acessíveis. Mas o que vemos é o contrário disso, é sobre os pequenos proprietários privados que essas mesmas entidades, reforçadas pelo governo, exercem a pressão para aumentar a oferta de rendas económicas que só lhes cabe a elas - câmara, governo, segurança social - implementar.
Não tenhamos dúvidas. Nesta caso como em muitos outros a hipocrisia tem nome.
“Acho que sobre a hipocrisia e sobre o cinismo estamos conversados”, afirmou ainda.
Sobre os outros apartamentos que Ricardo Robles tem em Lisboa, como avança o SOL na edição deste fim de semana, Catarina Martins garante que tal é “mentira” e que o vereador não é proprietário.
O SOL consultou a declaração de Robles ao TC, e sabe que o vereador do BE tem, além do prédio em Alfama, vários imóveis para arrendamento.
Os dirigentes do BE, profundamente intolerantes e antidemocráticos, começam a não conseguir mascarar a sua incoerência. Espero que o bom senso do povo português se manifeste nas urnas. Este tipo de gente, Francisco Louçã, Catarina Martins, as irmãs Mortágua e os Robles que por lá pululam, são autênticos vendedores da banha da cobra: prometem o que não tem e exigem o que não fazem!
A riqueza não é indecente. A pobreza é que o é! O camarada Robles está a aprender isso. Longe vão os tempos em que se orgulhava das ocupações, das nacionalizações e das cooperativas de habitação. E aprendeu a especular em três tempos. Primeiro, adquiriu propriedade pública ao preço da uva mijona. Segundo, conseguiu financiamento no banco do Estado praticamente sem meios para o efeito. Finalmente, apenas pelo infortúnio de trabalhar onde trabalha, obteve permissão para obras em tempo recorde.
Por cá os marxistas querem acabar com os ricos nos países capitalistas querem acabar com os pobres. O Robles já aprendeu .
O Jornal Económico não faz jornalismo sensacionalista nem “justiceiro”. Acreditamos que o jornalismo faz-se respeitando os princípios éticos da profissão, confirmando todos os factos, procurando ouvir as partes atendíveis e fazendo o contraditório. O nosso objetivo não é julgar quem quer que seja na praça pública, mas apenas fornecer aos cidadãos, da forma mais isenta, rigorosa e completa possível, as informações de que necessitam para formarem a sua própria opinião. Foi o que procuramos fazer também neste caso.
O nosso trabalho está à vista para quem o quiser avaliar. Ao longo dos últimos dois anos, investigamos casos que envolvem figuras de todos os quadrantes partidários e ideológicos, bem como do mundo dos negócios e das empresas. Estamos tranquilos, porque no JE procuramos viver de acordo com os princípios que apregoamos.
Morrer do próprio veneno : Voltamos a velha discussão, não é por ser de esquerda que Robles tem menos direitos. O problema está na arrogância moral de quem acha que pode impor um modelo de sociedade aos outros e depois faz o contrário como se nada fosse. Isto não é só incoerência, é pior.
Este caso reflete bem a atuação do Bloco, a forma simplista e altamente ideológica como trata muitas destas questões essenciais, minando as discussões. Como se só houvesse preto e branco. Os bons e os maus. Os puros e o lixo. Ricardo Robles é o ricochete dessa política.
Aqui ao lado em Espanha, Pablo Iglésias também provou do seu próprio veneno quando comprou uma casa de 600 mil euros, quando antes tinha arrasado o ministro espanhol Luis de Guindos por ter comprado uma moradia de igual valor. Ou na intervencionada Grécia quando o ministro das finanças Varoufakis se deixou fotografar pela Paris Match num repasto luxuoso quando o país vivia (e ainda vive) dias de miséria. O mundo da hipocrisia é de facto muito pequeno. Só me espanta que ainda haja quem não o tenha percebido.
O bloquista Robles pode dizer o que quiser mas um negócio de 4 milhões não se faz sem ser bem pensado. Tem que ser planeado, organizado, dirigido e controlado.
É preciso procurar o prédio que encerra a oportunidade do negócio, a seguir é preciso organizar o processo que envolve as condições de compra e apresentá-las aos vendedores e a quem lá vive. Depois é preciso apresentar às entidades convenientes o que se pretende construir dentro das condições legais impostas para o lugar e a seguir é preciso controlar prazos e orçamentos.
Nada disto é possível fazer por razões familiares ou outras mais boazinhas, que não seja a obtenção de mais valias. O resto é conversa de bloquista para Lisboeta ver.
Além disso as verbas envolvidas estão bem acima dos montantes habituais de quem procura um arredondamento para o seu ordenado mínimo ou falta de emprego. O vereador Robles fez o negócio com a conciência de que ganharia muito dinheiro.
Bem pode o BE andar a enganar o povo com a conversa moralista da justiça e da igualdade.
...vamos apresentar uma queixa-crime contra as autoridades regionais [governo de Ática] e o governo grego [liderado por Alexis Tsipras] pelas mortes causadas. Estamos a fazê-lo porque é um facto estabelecido que estas pessoas morreram por razão nenhuma, ficaram encurraladas nas casas, sem informação, nos carros, nas ruas. Ninguém as informou do perigo, não houve um plano de evacuação da área, as autoridades tiveram algumas horas para reagir, mas não o fizeram. Deixaram as pessoas indefesas à morte. Até tinham bloqueado a estrada principal através da qual as pessoas poderiam sair de Mati. E direcionaram toda a gente através de estradas mais pequenas. Foi como mandá-las para ratoeiras.