O Engº João Cravinho, reputado membro do PS, ministro e deputado, com desarmante sinceridade diz o seguinte de António Costa :
"Segundo o Eng.º Cravinho, o descontrolo completo em que o primeiro-ministro entrou em Pedrógão Grande tem tudo a ver com o facto de aquilo que (cito) «falhou foi uma concepção de combate aos incêndios que era o modelo escolhido por António Costa como ministro da Administração Interna há dez anos». Por isso não podia demitir a ministra e foi de férias para fingir que não tinha nada com isso, entrando definitivamente em «denial», como diz Cravinho. Se Pedrógão foi uma tragédia e o 15 de Outubro outra igual, Tancos é ridículo e a habilidade do Infarmed simplesmente uma risota! "
E, foi aí, ainda segundo Cravinho, que Marcelo lhe caiu em cima : "Com o primeiro-ministro em denial, o Presidente adoptou uma “visão de longo prazo” para marcar o regime, defende João Cravinho. "
A iniciativa agora é do presidente da República que apenas espera a escolha do próximo líder do PSD. Seja ele Santana ou Rio, não só Marcelo o controlará como lhe imporá «um Presidente muito forte… que pode presidir ao Conselho de Ministros».
"Esta actualização de preço vem reflectir, segundo o dirigente, o aumento dos custos de produção. A começar pelo eventual aumento do salário mínimo nacional para 600 euros já no início de 2018, reclamado pela CGTP. Mas não só: o aumento dos preços dos combustíveis e os custos mais elevados de energia, gás e electricidade também vão puxar os preços do pão para cima. "O que vem aí, em termos de agravamento dos custos de produção, não permite alternativa", afirma o presidente da Associação de Industriais de Panificação, Pastelaria e Similares do Norte."
Fala-se num aumento do preço do pão de 20% o que para os que foram beneficiados com a reposição de rendimento representa uma parte considerável do rendimento reposto. E há que contar com todos os outros aumentos que a seu tempo chegarão.
Entretanto, o secretário de estado já diz que quer falar com o PSD e CDS porque com a esquerda o acordo está esgotado.
Para quem ainda há pouco tempo dizia que o PS nunca mais ia necessitar de falar com a direita...
Sempre se percebeu o que o secretário de estado diz agora. O governo, esgotadas que estão as medidas fáceis, vai virar-se para o PSD e o CDS naquilo que é importante para o país. As medidas estruturantes.
Uma dessas medidas é a descentralização, — uma vez que o PSD é a segunda força autárquica do país — e as obras públicas.
“Se quisermos implementar um plano de obras públicas que pela sua natureza tem de ser implementado ao longo do tempo e por mais que nós achemos que merecemos governar, sabemos que não vamos governar para sempre e que precisamos que haja algum consenso para não haver avanços e recuos. É uma matéria em que o PSD deve ser achado”, afirma.
O PCP já se pôs de fora de um entendimento futuro porque sabe muito bem que a "solução conjunta" está esgotada e o BE agora só já pede não ser iludido . As limitações da solução à esquerda sempre foram óbvias e o PS já anda a lançar a rede em direcção aos que podem concretizar consensos no que é verdadeiramente importante.
Mas também é verdade que não há almoços grátis e a esquerda vai voltar ( já começou) a fazer aquilo para que está preparada. Descer à rua e ameaçar com greves. É isto ou o país não sairá desta situação em que continua a divergir da União Europeia.
A decisão é manter o Infarmed em Lisboa a intenção é deslocá-lo para o Porto. No meio fica uma trapalhada das antigas e uma equipa de técnicos altamente preparados em polvorosa. Mas, entretanto, não se fala nos verdadeiros problemas e isso é que está a dar.
Vejam bem como tudo foi planeado a prazo, pensado e decidido :
Em entrevista ao Público, a presidente do Infarmed revela ainda que no mesmo telefonema o governante lhe disse que a mudança "não era uma decisão, mas uma intenção".
"Tenho um telefonema do senhor ministro às 8 da manhã do dia 21 de Novembro, dizendo "ontem tive uma reunião com o senhor primeiro-ministro e decidimos que o Infarmed ia para o Porto. Posso contar consigo?", detalhou Maria do Céu Machado, médica há mais de 40 anos.
O presidente da Câmara de Lisboa não se faz ouvir e o da Câmara do Porto vai subindo a parada para colher mais tarde. E faz muito bem .
E aí está uma pequena amostra do que António Costa pensa sobre a descentralização, "a reforma das reformas ", segundo as suas próprias palavras
O dever fiduciário que o Estado, e através dele o Governo, tem para com os contribuintes e cidadãos é defender o bem comum. O que este Governo tem feito, de braço dado com o Bloco de Esquerda e o PCP, é distribuir benefícios por aqueles que maior capacidade reivindicativa têm. Uma capacidade que é tanto maior quanto maior o incómodo ou o sofrimento que a paralisação desse grupo pode infligir.
O critério não é o da gestão racional e o resultado é um enorme paradoxo. O Governo das forças que mais se dizem defensoras da diminuição das desigualdades é o mesmo que as alimenta cedendo às reivindicações de apenas alguns. Não uns alguns quaisquer. Aqueles que contam para os votos e que podem, gerando perturbação social, retirá-los ao Governo.
O OE 2018 não contem nenhuma medida destinada a combater os factores problemáticos para o enquadramento da vida das empresas em Portugal ( carga fiscal sobre as empresas, instabilidade das políticas fiscais e outras, burocracia etc). Pelo contrário , agrava alguns desses factores. E está completamente desfasado face aos problemas de médio prazo com que o País se confronta em termos de défice estrutural das contas públicas ( que, em rigor, continua a crescer) , Acresce que quase nada prevê em termos de promoção da competitividade nacional pois passa ao lado de medidas para melhorar infraestruturas essenciais ao futuro da economia , como é o caso da ferrovia de bitola europeia. É, afinal, um jogo de " pôr e tirar " que cria a ilusão de privilegiar os grupos de eleitores mais numerosos ou com maior capacidade reivindicativa e esquece o imperativo de contribuir para um crescimento de qualidade da economia portuguesa. No final todos sairão a perder pois será o crescimento do país que continuará aquém dos países nossos concorrentes a nível europeu e global como vem acontecendo ano após ano. É imperativo que as forças representativas do mundo empresarial ( a exemplo da CIP ) façam uma denuncia pública desta política orçamental que, além do referido, não aproveita o bom momento da economia envolvente para dotar o país ( ainda fortemente endividado ) de mais defesas par fazer face a um futuro onde não faltam ameaças como a da subida das taxas de juro e a situação política em vários parceiros europeus. O ajustamento económico e financeiro , em Portugal, está longe de estar terminado . ( Ideias principais do Seminário sobre o" OE 2018 - como se enquadra numa estratégia de crescimento a médio prazo," realizado , ontem 22/11/2017 )
Mas agora o que interessa são as eleições em 2019 e o orçamento de 2018 é disso que trata.
Desde o início do século estagnámos, quando não divergimos, na comparação com a média da União Europeia. Ao nosso lado, uma série de países do Leste já nos passaram no rendimento per capita e outros preparam-se para o fazer. A nossa produtividade continua uma miséria, não descola da zona dos 75% da média comunitária e só os mais distraídos ou demagógicos podem depois reclamar pelos baixos salários que recebemos. O que é que queriam, com esta produtividade?
Continuamos a empurrar as reformas que podem fazer a diferença com a barriga, depois logo se vê de quem é a culpa que, aliás, morre solteira.
Fala quem conhece por dentro os mecanismos da governação. E diz o que é óbvio tanto na teoria como na prática. É só olhar para os resultados nos países onde o Estado omnipresente e omnipotente abafa a liberdade dos cidadãos.
Juntar o poder com os meios ( 50% da riqueza criada mais os empréstimos e os subsídios da UE) é uma forma expedita de tentação. E os homens são o que são.
Só uma sociedade interessada e democrática, de proximidade, descentralizada, que use os pesos e contrapesos que só a Democracia permite é capaz de escrutinar o poder do Estado centralizado.
Porque é que a esquerda votou contra a possibilidade de isentar do pagamento de IMI as casas que foram destruídas pelos incêndios durante os próximos dois anos?
Resposta: Porque, muito simplesmente, a esquerda é geneticamente contra tudo o que seja conceito de propriedade privada, e tem um ódio profundo aos proprietários.
E votaram contra, apesar do partido comunista português ser o maior proprietário de imobiliário no país, e dos partidos de esquerda advogarem a isenção de tributação de todo o património pertencentes aos partidos, assim como defenderem a isenção de pagamento de taxas e impostos sobre os rendimentos de todas as suas actividades.
Como se o país, dependesse da existência dos partidos políticos, para poder existir ou subsistir, e não dependa sim, da existência, do trabalho, e da riqueza produzida, pelo cidadão individual, livre e independente dos partidos e do Estado.
Embora não perspetivem crises ou cataclismos (há o brexit, mas dizem que será gerível), os economistas das quatro grandes agências mostram alguma inquietação com os próximos dois anos. Por muito que faça, Portugal tem uma dívida enorme, uma carga perigosa.
A economia é "pouco produtiva", desinvestiu demasiado nos últimos anos, as empresas estão muito descapitalizadas, sobretudo as mais pequenas. O país apostou pouco nos negócios de valor acrescentado, ainda que esteja a recuperar o tempo perdido nesse domínio. Mas basta um rastilho de turbulência nos mercados e alguma coisa pode correr mal. Além disso, o estado da banca ainda convence pouco, o que, no pior cenário, pode deitar por terra a estabilização do défice. E fazer a dívida subir, outra vez.