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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O dia 1 de Outubro pode ficar na História

Maria de Fátima Bonifácio :

Muito gostaria que um dia a História assinalasse o dia 1 de Outubro de 2017 como o do começo da gradual mas irreversível extinção do PCP em Portugal. Se a sorte de Costa se prolongar e o PS continuar a ser por mais algum tempo “o que está a dar”, este anacronismo patético, este sinal do nosso atraso e pobreza que é a existência em Portugal de um partido comunista que paira num tempo mítico, alheado do tempo real em que o Mundo se desenrola, talvez nos vejamos livres da força política mais reaccionária que, no mundo sindical e no que lhe resta da esfera autárquica, atrapalha, impede ou sabota as reformas que pudessem talvez abreviar a chegada de Portugal à História.

Por último, a cereja em cima do bolo: o Bloco, que em essência apenas se distingue do PCP pela maior juventude e pela extracção social mais elevada da generalidade dos seus militantes e adeptos, não ganhou uma única câmara. O Bloco confirmou a sua natureza de partido essencialmente lisboeta, especialmente implantado no meio académico, intelectual e artístico, e mais geralmente nos meios da chamada “esquerda caviar”: gente mais “in”, que prefere suchi a febras de porco ou risotto de trufas a caldeirada de peixe.

A geringonça está a revelar-se um mortal " abraço de urso"

A transferência de dez presidências de câmara do PCP para o PS ( um terço das câmaras governadas pelos comunistas) e a votação irrelevante do Bloco de Esquerda a nível nacional, veio demonstrar que a coligação de esquerda conhecida como geringonça foi, como muitos previam, um péssimo negócio tanto para o PCP como para o Bloco, porquanto uma grande parte do seu eleitorado entendeu que passou a ser irrelevante votar nesses partidos, pois estes perderam a agenda de contestação e, como tal, julgaram mais importante concentrar os votos no PS para derrotar a direita em especial o "papão" Passos Coelho que ajudaram a criar em contraponto ao " anjo" Costa que diariamente e com afã também ajudaram a criar. Os partidos políticos à esquerda do PS não têm neste momento dada a sua insignificância eleitoral, quaisquer condições para desmontar a geringonça, pois aí a sua desgraça nessa circunstância seria total.

Acontece quando se tem dirigentes que não conhecem a história ( deveriam ter estudado a forma como a raposa Mitterand destruiu o PCP francês, com uma táctica similar) sem a qual não existem ferramentas para traçar estratégias para o futuro, Álvaro Cunhal jamais cometeria o erro do Jerônimo. O PCP raciocina actualmente ao sabor da vaga, se existisse um resquício de visão o Jerónimo estaria já morto politicamente e enterrado, é simpático mas não basta, tal como o Passos que é sério e competente mas não bastou.

As verdades difíceis de entender

"Parece que está muita gente incomodada pelo facto de Pedro Passos Coelho ter dito que não se demitiria da liderança do PSD se perdesse as eleições autárquicas.
Mas acho estranho que ninguém fique incomodado pelo facto de António Costa, aquele que perdeu clamorosamente as eleições legislativas de 2015, aquele que teve a maior derrota de que há memória em 43 anos de Democracia, não se ter demitido da liderança do PS."
Luis Faria
"Ou seja, Passos presidente de um partido nacional devia demitir-se em resultado de eleições regionais.
Costa, presidente de um partido igualmente nacional, não só não se devia demitir em resultado de um desaire em eleições nacionais, como tem toda a legitimidade em formar governo.
  Arre porra, que o esquerdalho tem mesmo mau íntimo!"
António Frazão

PS : Passos é resiliente, dará luta mas terá a clareza de espírito necessária para tomar a decisão que melhor servir o partido. Não irá para a liderança porque sim se outro ou outros estiverem melhor posicionados.

Fácil, era agora abandonar o barco como fez Guterres após idêntica derrota com a agravante de ser na altura primeiro-ministro . Sabemos que essa decisão não foi positiva para o país que entrou numa fase má com a vitória de Durão Barroso, a sua fuga para Bruxelas e a sua substituição por Santana Lopes que foi demitido por Sampaio embora gozasse de maioria absoluta.

Dizem que as gatas apressadas ...

 

 

A dívida, em termos absolutos, cresce todos os meses

A dívida já ultrapassou os 250 mil milhões de euros . O governo que a faz crescer todos os meses diz que agora a vai fazer descer. O que não diz é que a descida é para os níveis anteriores ao crescimento. Faz novos empréstimos aumentando-a, para a fazer descer. E assim se batem novos recordes .

O ministro das Finanças, Mário Centeno, ainda em meados de Setembro, reiterou a previsão de descida da dívida em percentagem do PIB, assumindo mesmo que esta deveria registar "a maior redução em 19 anos" ainda este ano. Mas em valores reais, o montante da dívida continua a subir. 

Ninguém quer discutir esta questão. A dívida continua insustentável. "

O primeiro-ministro António Costa referiu, após a melhoria da notação da S&P, que prevê que a partir de Outubro o rácio da dívida pública sobre o PIB comece a baixar, terminando o ano abaixo dos 128%. Note-se que em 2008, antes da grande crise financeira do subprime, a dívida pública em percentagem do PIB era de 71%. Depois apresentou um crescimento muito acentuado até 2012, atingindo 126%, e agravando-se, estabilizou, nos últimos anos, nos 130%.

O Ministério das Finanças prevê que até 2020 este rácio ainda seja de 118%, num cenário em que o quadro macroeconómico se mantém estável e positivo como é actualmente.

Ora isto demonstra, por si só, a insustantibilidade da dívida pública portuguesa. Mesmo num cenário bastante positivo de economia a crescer 2%, défice público abaixo dos valores apresentados nas últimas décadas e economia europeia e mundial a crescer, Portugal será incapaz de, nos próximos anos, reduzir acentuadamente a dívida pública em percentagem do PIB para valores sustentáveis, que cumpram com os compromissos que Portugal assumiu com os seus parceiros europeus.

A derrota do PSD do PCP e do BE

Avanços e recuos como diz Jerónimo . Para o PSD foi uma grande derrota mas para o PCP "os progressos eram uma realidade" e para o BE a vitória foi eleger um único vereador em Lisboa.

O PS ganhou o que os outros perderam fazendo a mesma política pró-europeia . Baixar o défice, melhorar a economia e o emprego. Esta cena não vai ser bem engolida pelos partidos que, pelos vistos, são mesmo de protesto e dão-se mal por integrarem o "arco governativo ".

O PS precisava desta vitória para legitimar a geringonça, foi por isso que Costa não falou de outra coisa. A leitura nacional das autárquicas. Claro que há uma leitura nacional mas que também trás problemas ao PS. 

O PCP vai trazer a CGTP para a rua e assim quebrar a paz social ? As reversões vão ser esquecidas por serem poucochinhas ?

Ora, também é verdade, que ninguém se atreve a abrir uma crise pois seria seriamente penalizado nas eleições antecipadas que daí resultassem. Então como é que ficamos ? Com uma geringonça que rodará muito mais dificilmente, com os apoios parlamentares mais exigentes com vista a encontrar um pretexto para se libertarem .

Entretanto, como cabe aos vencidos, o PSD vai encontrar o seu caminho para corresponder às novas e redobradas dificuldades governamentais.

Em Democracia não há vencedores nem vencidos eternos .

 

 

 

Reflectir no Alqueva

Dia de reflexão, fui para o Alqueva . De Lisboa à barragem um caminho com olivais e vinhas a perder de vista. Quem se lembra do Alentejo abandonado ?

É impressionante os tons de verde que pintam o Alentejo, novos produtos a cruzarem-se com o sequeiro onde pasta o gado.

Lá fiz o passeio de barco seguido de um almoço onde esteve arredada a gastronomia alentejana trocada por um banal bacalhau e um ainda mais banal arroz de  pato. O vinho era do melhor ali de Reguengos e não havia dúvidas que os milhares pés de vinha estão bem à vista.

Depois Monsaraz, altaneira, bem conservada com uma vista sobre o Guadiana de cortar a respiração.

Na volta, tocados pelo tinto lá viemos a discutir as eleições . Numa coisa estivemos de acordo, se ganha foi porque teve mais votos, nada a dizer, entre as risadas à vista do "cromanhon" fálico que segundo uma colega e amiga servia para atrair a energia solar. Cada um (a) chama-lhe o que quiser, mas energia mesmo era a necessária para transportar o monstro para o lugar e pô-lo de pé. Coisa que ainda hoje não é para todos.

 

Elitista, vanguardista, jacobina e partidocrata

É assim a nossa Democracia : Mas sobretudo, acima de tudo, a recusa dos votos uninominais e pessoais é um dos mais significativos indicadores da concepção elitista, vanguardista, jacobina e partidocrata da nossa democracia. Depois destas eleições, a vida continua. A Terra anda à volta do Sol. O maior escândalo financeiro da história de Portugal, o caso BES/GES e companhia, continua à espera. O maior assalto político ao poder das últimas décadas, o caso Sócrates, espera por avanço. O mais grave acidente de segurança nacional do último século, o caso de Tancos, aguarda esclarecimento. O mais dramático acidente nacional (e, no grupo de incêndios florestais, um dos maiores do mundo), o caso de Pedrógão e vizinhanças, permanece na obscuridade da ocultação deliberada. Estes são os casos que nos esperam. A que estas eleições não respondem nem tinham que responder. Mas cujos resultados vão talvez ajudar a resolver ou, pelo contrário, contribuir para enterrar.

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