Enquanto Jerónimo vai dizendo que é um disparate as acusações de partidarização na AutoEuropa, todos os outros partidos olham com preocupação para o diferendo.
"E choca-me por duas coisas: em primeiro lugar pelo que isso possa implicar em termos de, ou deslocalização desta empresa para fora [do país] - e é fácil que o façam -, significando, um aumento exponencial do desemprego na região e, em particular, que não seja possível que os sindicatos possam dialogar com a comissão de trabalhadores e com a administração", disse à Lusa a secretária-geral adjunta do PS, à margem de uma homenagem a Mário Soares e Maria Barroso, na sede do PS em Palmela, no distrito de Setúbal.
O que se está a passar na empresa vai ter um impacto muito negativo num 2º semestre que já se adivinhava em declínio na economia, nas exportações e no emprego. O governo bem à sua maneira esconde-se.
Nós sabemos que a CGD é pública e que está a despedir 800 trabalhadores para além dos milhares que já despediu ( para além de fechar agências no interior desertificado). E também sabemos que a ALTICE/PT é privada e que tem a mais 3 000 trabalhadores que as suas concorrentes. Na maioria são os boys e as girls que os partidos lá foram metendo. Ganham muito acima dos restantes.
Então como é que se explica que o primeiro ministro se atire à Altrice e até diga em público que já escolheu outra operadora e não faça o mesmo com a CGD ?
Porque era preciso deitar as culpas do SIRESP para cima da PT e em relação à CGD é preciso não arranjar problemas com o PCP e o BE . Para Costa há trabalhadores que são mais trabalhadores que outros.
António Costa paga todos os dias um preço alto aos parceiros de governação que, por sua vez, permitem que o governo execute as mesmas medidas que o governo anterior. PCP e BE meteram o socialismo na gaveta e correm alegremente para a Zona Euro. Cavaco Silva já veio dizer o que a oposição não é capaz de dizer.
Os partidos da extrema esquerda tal como o Syrisa na Grécia perderam o pio anti-europa .
Essa é a grande vitória de quem sempre foi pró Zona Euro e pró-União Europeia.
Do ponto de vista da economia são para já boas as noticias mas todos sabem que são contingentes e que qualquer constipação dá cabo delas. O problema é que o poder desgasta e corrompe.
Ninguém chega ao fim de quatro anos sem os seus traumas. Como o do incêndio de Pedrógão e a sua descoordenação ; ou o furto de Tancos e a sua despreocupação : o aumento do tempo das listas de espera para cirurgias; os problemas com greves, com aumentos salariais, com o que for.
Enfim... há uma série de problemas que são normais e comuns a qualquer Executivo. O problema de Costa é que, não tendo maioria e precisando do duo de esquerda, tem de lhe pagar. E quanto mais lhe paga mais lhe é exigido e menos autonomia e liberdade o Governo e o PS têm.
As boas notícias são circunstanciais. Sem reformas estruturais a dívida não sairá do lixo.
E o tempo está a jogar contra o governo, nota-se pela agitação nos médicos, nos juízes, nos magistrados, na Autoeuropa e nos professores (o inefável e alucinado sindicalista Nogueira não consegue contê-los).
A bondosa DBRS vai mantendo o país com a cabeça fora de água mas as outras agências vão jogando o jogo de dois passos atrás e um para a frente. Só daqui a um ano é que sairemos do lixo quando o governo nos invade todos os dias com vitórias ? Algo não bate certo .
Entretanto a compra de dívida por parte do BCE vai terminar no fim do ano, os alemães já a discutem judicialmente . Se em tempos favoráveis não se fazem reformas estruturais, não se prepara o futuro, quando vierem tempos de vacas magras voltaremos ao mesmo de sempre.
Mas PCP e BE estão contra as reformas que mexem nos seus eleitorados, dificultando a governação, Adivinham-se tempos difíceis até às legislativas de 2018 .
"Claro que há condições para, ao fim de seis anos, essa mudança acontecer e o país voltar a estar cotado pelas agências como um dos que têm qualidade e oferecem segurança a quem quer investir - um passo que pode determinar o continuamente adiado regresso do investimento a Portugal. E aí é que é o diabo. Com a dívida pública a engordar continuamente, não há agência (à exceção da sempre benevolente canadiana DBRS) que não desconfie da capacidade de manter os restantes números em boa evolução. Há cinco semestres consecutivos que a dívida está acima dos 130% e em julho voltou a agravar-se, atingindo os 249,165 mil milhões de euros. Isto numa altura em que o governo começa a negociar bombons orçamentais para os partidos que lhe asseguram a maioria parlamentar, com PCP e Bloco a exigir que o executivo de António Costa vá muito mais longe no alívio fiscal, nos aumentos das pensões, no descongelamento de carreiras da função pública..."
O crescimento do PIB desacelerou fortemente e vai continuar. Mesmo em 2018 .
“O PIB do 2.º trimestre foi revisto em alta ligeira, de 2,8% para 2,9%, embora a sua composição não seja inteiramente tranquilizadora. O crescimento em cadeia desacelerou fortemente, de 1,0% para 0,3%, com queda das exportações e consumo privado, compensada pela subida do investimento”.
A equipa de economistas liderada por Pedro Ferraz da Costa diz ainda que, com o crescimento de emprego (3,5%), “o PIB deveria estar a crescer claramente acima dos 4%”.
O que isto quer dizer é que o emprego é pouco produtivo e a economia está a produzir para armazém à espera que apareçam compradores .
Face à pergunta «Concorda com a recomendação da CIG para a retirada dos materiais, que a Porto Editora acatou?», feita pelo Diário de Notícias à deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, esta deu uma resposta muito típica: «lamento que isto tenha de ser uma polémica. Se a CIG existe tem de ter um papel ativo. E acho que cumpriu o seu papel: identificou material educativo com elementos sexistas e recomendou que fosse retirado. Para que crianças de quatro anos não fossem expostas a um material que achamos que não cumpre os critérios». A resposta é, de facto, muito típica de um certo totalitarismo burocrático, que defende que a nossa visão das coisas e do mundo tem de excluir todas as outras. Não tenho dúvidas que, no seu afã de proteger Portugal do comunismo, qualquer inspector da PIDE justificaria os seus actos da mesma maneira e até com a mesma frase: «lamento que isto tenha de ser uma polémica. Se a PIDE existe tem de ter um papel ativo. E acho que cumpriu o seu papel; identificou material político com elementos comunistas e recomendou que fosse retirado. Para que os portugueses honrados não fossem expostos a um material que achamos que não cumpre os critérios». No seu retorcido espírito revolucionário, a menina Mortágua é, no fim de contas, uma fascista. Como muitos fascistas se consideravam revolucionários. E eram.
Já vai quase nos 250 mil milhões. Ainda se estabilizasse, mas nem isso. É recorde atrás de recorde . A crescer.
Claro que o governo vai apresentando razões para esse perigoso comportamento. Mas não se pagou uma parte ao FMI ? Pagou mas apesar disso cresceu.
Se eu em minha casa, pagar as despesas, o rendimento for todo usado e não fizer poupanças e no fim do mês o descoberto bancário subir o que é que isso quer dizer ? Gasto mais do que ganho. Razões há, várias, uma delas é que pago despesas directamente na conta bancária.
Ainda se fosse só num mês aqui, outro acolá, ainda vá mas é todos os meses .Alguma coisa é. Outra hipótese é que vou fazendo empréstimos para ter uma almofada nos meses mais difíceis ( e a nível nacional são muitos daqui para a frente) . Trocar dívida com taxas mais altas por dívida com taxas mais baixas (outra hipótese) , mas isso não faz crescer a dívida. É troca por troca.
Alguma coisa será, mas uma coisa é certa, se houvesse supéravites se houvesse dinheiro, encaminhava-se para pagar a dívida o nosso maior problema.Mas não, ela, a dívida, cresce.
António Costa diz que as reformas estruturais o arrepiam só de ouvir falar delas. Claro que o arrepiam, é preciso enfrentar gente poderosa e interesses instalados . E as sondagens dizem-lhe que basta reverter salários e pensões .
É sempre assim por cá , basta um alívio pequeno que seja e voltamos ao mesmo.
Consensos. Esses sim seriam importantes. E ainda que a solução governativa possa ser considerada uma evolução saudável da democracia portuguesa, a incapacidade para fazer acordos duradouros a longo prazo em áreas prioritárias são reveladores de imaturidade. António Costa pede-os, mas é só retórica.