É uma boa razão para o Juiz Carlos Alexandre ter acedido dar a entrevista, ele que é tão reservado e que lidera processos de gente importante há tanto tempo. Está a avisar-nos. A acusação já foi adiada quatro vezes. A quem serve ? Será que estamos em pleno baile falado e nem sequer damos conta ?
O que está na origem deste súbito interesse em comunicar com a sociedade? Um pedido de ajuda ? Um grito de advertência ?
Ao mesmo tempo até o presidente da república é condicionado na sua agenda de visitas. Está a tomar partido no Processo Marquês por ter visitado o Departamento Central de Acção Penal segundo Sócrates. Devemos ter medo ?
O processo Marquês está a ferver. O presidente do Grupo Lena veio negar todas as afirmações do jornal, enquanto o CM veio confirmar tudo, transcrevendo o que serão as declarações no DCIAP.
Isto quando a PGR aceita prolongar o prazo limite para Março de 2017 com a justificação de haver novos indícios .
Mais um máximo, agora com a taxa de juro a dez anos a bater nos 3,49%. Nós para batermos recordes somos os maiores. Mas parece que está tudo bem. Ninguém quer ver e como já aconteceu tantas vezes alguém tem culpa que não nós.
Os juros da dívida portuguesa a 10 anos agravam-se em seis pontos base, para 3,49%, atingindo assim um novo máximo desde 27 de Junho (período de turbulência nos mercados devido ao referendo que ditou o Brexit). Em Espanha o juro da dívida a 10 anos desce 1 ponto base para 1,07% e na dívida italiana com a mesma maturidade a "yield" desce 2 pontos base para 1,31%.
Somos os únicos com passo certo todos os outros vão de passo trocado
Há confissões no processo José Sócrates ? O presidente do Grupo Lena entrou no DCIAP como arguido e saiu de lá como testemunha depois de ter confessado o esquema de pagamentos ao ex-primeiro ministro. É isto que está escarrapachado na capa do CM e vem replicado em todos os jornais.
Há quem não perceba o que é fácil de perceber no processo Sócrates. Outros não querem perceber por razões partidárias.
Não há a mais pequena dúvida - até pelas explicações que o próprio deu - que José Sócrates vai ser acusado de fuga ao fisco e de branqueamento de capitais. Há provas mais do que suficientes como se percebe pelo que vem a público. A questão que está em jogo é provar a corrupção, muito mais difícil de provar e é essa prova que num caso desta dimensão exige trabalho e tempo. Muito tempo.
Claro que o tempo, demasiado tempo, é a bóia de salvação a que se agarram Sócrates e os seus advogados, porque sabem que esse argumento toca na sensibilidade dos cidadãos. Todos nós achamos que a Justiça para ser justa tem que ser rápida. Mas pode ser rápida quando o processo se desenrola por vários países e exige a análise de milhares de documentos ?
A opção que, em dada altura, dividiu os responsáveis pela investigação era entre deixar cair a acusação de corrupção e avançar, somente, com a acusação de fuga ao fisco e branqueamento de capitais. Se assim tivesse sido feito há muito que a acusação teria sido formada mas restava uma pergunta : teria sido feita justiça ?
Devem os investigadores largar um processo em que estão convictos que há crime e onde há provas e índicios fortes? É claro que há mais processos desta envergadura que vão demorar muito tempo. Que bom seria pagar uma pequena multa e ficar tudo limpinho, limpinho.