Por cá há um principio nunca esquecido. Tudo o que tem vida é para matar. A Baixa de Lisboa estava morta, deserta e agora está a vibrar de turismo ? Pisa. É que os turistas estão a dar vida ao que outrora estava morto e portanto há que os afastar.
Desde logo acabando com o arrendamento temporário, mais barato, e que tem levado à reabilitação do edificado em ruína ao mesmo tempo que ajuda muita gente com um rendimento extra.
E aquela loja, centenária, às moscas há anos, foi transformada num aprazível restaurante com uma esplêndida esplanada só possível numa cidade com o sol e a luz de Lisboa ? Estão a descaracterizar a cidade. A tirar os passeios aos peões.
E os jovens turistas à noite a divertirem-se nas ruas dos mais afamados bairros fazem barulho? Pisa. Outrora, só a lua acompanhava o silêncio e a decadência. Very typical . Os edifícios meio destruídos onde reinavam o álcool a droga e a prostituição desapareceram.
E o pequeno comércio revigorado, a leitaria bem lisboeta e o mini mercado lá da rua voltam a ter esperança? Pode lá ser. E os táxis indignados cheios de turistas porque passaram a ter concorrência ? Pisa.
Os bem pensantes estão contra, a cidade que era só sua, de gente prendada, que usufruía de bons restaurantes entre duas indignações, vê-se agora compelida a partilhar o que por ordem divina era só seu.
Pode lá ser tanta gente jovem, bonita, diferente, vinda de longe encher a nossa cidade de vida ? Pisa.
Em relação ao PCP e ao BE dificilmente haveria outro caminho mas em relação ao PS não foi sempre esta questão que esteve em cima da mesa? Não foi por isso que o PS nunca antes aceitou esta "solução conjunta" ? O PS mesmo na campanha das legislativas (que perdeu) nunca teve a coragem de preparar o eleitorado para a actual solução governativa. Todos sabemos bem porquê.
António Costa, em desespero, depois de andar a empurrar Seguro por causa das vitórias eleitorais "poucochinhas" não tinha outro caminho senão juntar-se à extrema esquerda. Mas sempre disse que a posição do PS em relação ao modelo de sociedade e da União Europeia não era a mesma do PC e do BE. Sempre soube isso e nunca o escondeu.
É por essa razão que foi e é tão atacado, porque a sua decisão é contra natura, mais tarde ou mais cedo teria que escolher entre Bruxelas e os seus apoiantes. Admito que não esperasse que os investidores fugissem, que teria a má vontade da UE, que as agências e os mercados escrutinassem como nunca a evolução do país, mas se assim foi, não tem que se queixar senão de si próprio.
Creio que António Costa continua a contar que PCP e BE não têm outro remédio que não seja apoiar o governo e que, a capacidade dos dois partidos da extrema esquerda de engolir sapos vivos é muito maior do que a que andaram anos a vender-nos. Mas, Costa, não contou com a viva reacção dos mercados. E, pior, não fazia ideia nenhuma de qual seria a evolução das exportações portuguesas e vendeu ao país o reforço da procura interna e do consumo privado tantas vezes tentado sem sucesso.
A verdade é que Costa teve que escolher entre juntar-se à extrema esquerda ou terminar a sua carreira política. Escolheu a sua sobrevivência política. O custo está a ser pago pelo país.
PCP ( vejam-se as ameaças de Jerónimo) e BE sentindo o governo apertado, atarraxam.