O país está numa encruzilhada muito difícil: O país está numa situação muito difícil. As pessoas não têm consciência que, a política orçamental e económica deste Governo, está a pôr em causa aquilo que o Governo anterior tinha feito de positivo, que era a credibilidade nos mercados externos. Isso está a ser posto em causa por este Governo e algumas tímidas reformas estruturais que vieram do Governo anterior, também estão a ser postas em causa. O país vai passar por sérias dificuldades de que o povo português ainda não tem consciência mas que eu, como economista, tenho. Se este Governo durar muito tempo, isso vai ser prejudicial, porque o país pode ficar em pior situação e a União Europeia vai pôr novas exigências. Não tenho dúvidas. O tal Plano B, que ninguém quer dizer que existe, para mim, vai acontecer. Agora, eleições a curto prazo são negativas por afectarem a estabilidade política. Mas temos de ter presente que a estabilidade política não é um valor em si, é um instrumento em prol do desenvolvimento económico e social do país. Se essa estabilidade política não trouxer desenvolvimento económico e social e esta maioria, pelo contrário, trouxer um retrocesso estrutural ao país, então mais vale haver eleições. Por isso, diria que venha o diabo e escolha.
O sintoma mais explícito que vêm aí dias difíceis é o aviso/ameaça de Arménio Carlos hoje no discurso na Alameda. A CGTP vai avançar com greves em Maio. Como assim ? Então as promessas que o governo anunciou com o apoio do PCP e do BE não estão a ser cumpridas ?
A questão é que não podem ser cumpridas como é fácil ver nas dificuldades orçamentais e nos índices que nos vão chegando. A receita recua, a economia cresce muito menos, o desemprego não desce e perderam-se 20 000 empregos.E, pior, o investimento público e privado não arranca.
Neste cenário, que só fará mossa lá para Junho/Julho, obrigam os partidos da solução conjunta a empurrar os problemas com a barriga. Em junho, já Bruxelas poderá ser o bode expiatório de todo o mal. PS, PCP e BE vão culpar as regras europeias por não puderem cumprir, embora isso não sirva aos sindicatos. O 1º de Maio foi uma oportunidade para a CGTP se posicionar.
Mas os sinais não ficam por aqui. Jerónimo ausentou-se do parlamento para não ter que assistir pessoalmente à negação por parte do seu partido do que dissera na semana anterior. Catarina diz que "nem mais um passo atrás". Costa afirma na Assembleia que não há um plano B ao mesmo tempo que o faz distribuir pelas bancadas. E o que jura cá dentro é desmentido pelo que a agência de notação DBRS publica para explicar a manutenção do país fora do "lixo".
O 1º de Maio foi o ensaio e as greves de 14 a 20 de Junho o primeiro teste. Tudo no momento em que já é mais do que evidente que Bruxelas confirmará que são precisas mais medidas de austeridade.
A nossa vida está a andar para trás e o país não anda para a frente.
O dia do trabalhador já foi do trabalhador hoje é dos sindicatos e de todos os movimentos que querem colocar novamente em cima da mesa as questões que já se julgavam resolvidas. A sociedade civil já disse dezenas de vezes nestes quarenta anos que não quer que o estado tome conta de nós.
O Estado ocupa um espaço “que não pode ser confundido com o da iniciativa privada, não pode tomar conta da nossa iniciativa e não pode decidir por nós e nos impor um modelo de vida”. O presente ataque à escola pública em parceria com os privados mostra que PCP e BE lutam pela hegemonia em todos os sectores da sociedade.
Recuando a 1975, para recordar o processo de nacionalizações, que obrigou o país a “pagar um preço muito elevado, por haver forças políticas que queriam que o Estado tomasse conta de tudo”, o presidente do PSD frisou que “o Estado é hoje imprescindível para que a economia funcione com regras”.
PCP e BE são partidos retrógrados que defendem hoje o que já provou não resultar. Há dezenas de experiências a última das quais é a Venezuela onde hoje se luta literalmente nas ruas por um pedaço de pão e por um litro de leite.
Jerónimo de Sousa pregou um prego no caixão da coerência politica do PCP. A meio da semana dizia que o PCP não apoiava o Programa de Estabilidade mas na sexta feira abandonou a Assembleia para não ver a sua bancada desdizê-lo. Mesmo que a preparar uma intervenção pública, segundo a sua versão.
O PCP - profundamente conservador - julgou por meses que podia estar no governo e na oposição ao mesmo tempo. Tomar conta do ministério da Educação - moeda de troca pelo seu apoio parlamentar - e não apoiar os programas do governo a enviar a Bruxelas foi sonho que morreu à nascença.
O próprio Secretário Geral sai muito mal da fotografia num momento em que se erguem vozes que exigem a renovação do partido. O score alcançado nas últimas eleições presidenciais (3,3%) é particularmente violento. O tal núcleo comunista, muralha de aço, equivalente a 8% de indefectíveis afinal é mais uma quimera de propaganda. As próximas autárquicas em 2017 vão ser o momento em que o PCP vai jogar tudo. Um mau resultado será um beco sem saída atenta a ala radical que domina o comité central. Não haverá "engraçadinha" que lhes valha.
O domínio monopolista que o PCP está a lançar sobre a escola pública mostra bem que o partido não mudou. A estratégia é a mesma que levou o povo para as ruas em 74/75. Ontem já se realizaram protestos, reuniões e assembleias nas escolas que os comunistas querem decapitar. Ontem como hoje a liberdade passa por aqui. Há que lutar novamente pela liberdade de escolha como durante estes quarenta anos foi preciso lutar pela liberdade sindical e de informação e por uma economia não estatizada. Pela integração na UE e no Euro.
Mas como também sabemos embora perdendo todas as eleições em democracia o PCP ganhou-as todas. É preciso avisar a malta!
Para garantir o apoio parlamentar do PCP o governo entregou o ministro da educação a Mário Nogueira. O velho sonho comunista de estatizar todo o ensino, eliminando o ensino privado, está em marcha.
Embora longe de serem uma solução ideal em termos de liberdade de educação, os contratos de associação sempre foram profundamente incómodos para os defensores da completa estatização do ensino. O próprio argumento de que urge exterminar os contratos de associação para evitar que as escolas estatais mais próximas percam alunos é profundamente embaraçoso para os seus defensores, que se vêm forçados a reconhecer que, quando têm essa possibilidade em condições de igualdade, as famílias optam esmagadoramente por escolas não estatais.
Professores, pais e alunos confrontaram hoje a secretária de estado, na visita a uma escola, com a intenção de o governo eliminar os contratos de associação. Chegou o momento de a comunidade democrática ocupar a 5 de Outubro em protesto por Mário Nogueira ser o verdadeiro ministro da educação.
Por muitas cambalhotas que o governo dê o dinheiro não está a entrar nos cofres do estado ao ritmo que devia. A explicação para este descalabro da receita só pode estar na economia,ou melhor, na falta dela. Alguém se enganou nas contas.E muito.
Desde já o ano passado que não faltaram avisos sobre o optimismo das previsões do governo. Todas as previsões das entidades financeiras cá dentro e lá foram estão no intervalo ( 1,3% - 1,6% ). O governo inscreveu no orçamento 1,8%. Menos riqueza criada menos impostos cobrados.
E agora ? O PS já ensaia a desculpa. É Angola e Bruxelas por tudo e por nada. Esta vai ser a estratégia dos próximos meses. Costa vai culpar tudo e todos pelo erro que cometeu.
Em apenas três meses o desvio orçamental já vai nos 700 milhões de euros. E, ao contrário do que se possa pensar é nas receitas que as coisas vão mesmo mal. Um enorme buraco onde o governo se ( e nos) enfiou.
PS : a partir de um texto Expresso - João Vieira Pereira