Afinal mais medidas de austeridade têm que ser tomadas e custam 700 milhões de euros. E a notícia já corre em todos os canais televisivos. Ainda ontem não eram precisas mais medidas. Entretanto uma instituição financeira americana já fala em juros a 8%. Depois digam que ninguém nos avisou e quando se começa a falar é como o fumo sem fogo...
É uma nota alarmante da Capital Economics que convém ler. Os riscos são muitos, estamos à beira do precipício e a caminhar em frente. Só faltam os dados económicos publicados em Abril. Se forem manhosos como tudo indica estaremos no olho do furacão.
A Capital Economics, uma empresa de "research", mostrou num relatório divulgado esta terça-feira preocupações sobre Portugal. A economista que acompanha a economia europeia, Jennifer McKeown, defendeu que após a Fitch ter cortado a perspectiva para o "rating" de Portugal de positiva para estável, aumentaram os receios sobre a decisão da DBRS a 29 de Abril.
"As últimas subidas nas taxas das obrigações portuguesas reflectem os receios de que a dívida irá em breve ser classificada como "lixo" pelas quatro maiores agências de "rating", levando o país a ser excluído das compras de activos do BCE".
O BCE terá outras formas de rodear o problema mas os investidores estarão mais retraídos. E sem investimento não há criação de riquesa nem postos de trabalho.
Citando a economista sénior da Capital Economics, o "Wall Street Journal" diz que "as coisas podem ficar feias" em Portugal, principalmente se a DBRS decidir rever em baixa o 'rating', com o jornal a referir que Portugal tem "um Governo de esquerda que é hostil para as agências de 'rating', que já expressaram dúvidas sobre o caminho orçamental do país".
A pressão do elevado custo de financiamento da dívida, a subida dos juros, as negociações do Orçamento do Estado e a decisão da Fitch cortar a perspectiva do 'rating' público estão a colocar Portugal no centro das preocupações com a Zona Euro, que não está a conseguir colocar a inflação perto do objectivo definido.
Os juros da dívida pública portuguesa tem estado sobre pressão, tornando as 'yields' mais elevadas, com preocupações de que a dívida soberana possa perder o seu último 'rating' de 'investment grade'.
Avisos não faltam mas ninguém os ouve. Quando estiver cá a troika a maioria vai dizer que a culpa é dos que avisaram. Que não caucionaram o PEC IV...
Portugal fez hoje uma emissão de dívida publica conseguindo obter o montante esperado mas com juros bem mais altos. Isto reflecte os problemas que não largam o orçamento e as baixas expectativas para o governo. Os juros pagos superaram os de emissões comparáveis anteriores e a procura ficou abaixo também das operações anteriores.
Até porque, as exigências de Bruxelas "alimentam receios de que mais austeridade fragilize o acordo das esquerdas parlamentares".
Mas parece que não há nada nem ninguém vê nada. Acordamos quando a troika chegar aí.
A distancia entre Lisboa e Bruxelas em termos orçamentais é de 700 milhões de euros. Coisa pouca segundo o que se depreende das palavras de Costa e Centeno.
Portugal precisa de apresentar até final de Abril medidas adicionais no valor de cerca de 700 milhões de euros, sabe o Diário Económico. As medidas ainda não foram avançadas à Comissão Europeia, mas Bruxelas fez saber ao Governo, logo em Fevereiro, que seria preciso um Plano B na ordem de 0,4% do PIB. As medidas adicionais sempre foram assumidas como obrigatórias do lado dos parceiros europeus, que colocam em Lisboa o ónus da confusão que se instalou após o Eurogrupo de segunda-feira.