Há novas discordâncias dentro do PS. Um deputado afirma que o apoio de alguns dirigentes do PS ao Syrisa envergonha a história do PS que é feita de : "João Paulo Pedrosa defende que “o PS não é um partido extremista, nem radical, nem revolucionário”. E acrescenta: “o PS funda a sua história e a sua política na luta contra a desigualdade, na valorização do papel do Estado na economia de mercado e numa carta de direitos sociais que protegem o cidadão na adversidade”.
Ora a vitória do Syrisa foi vista por António Costa como " mais uma mudança na Europa no caminho certo". Em que ficamos?
As primeiras medidas tomadas pelo novo governo da Grécia apontam para a política que vai ser seguida. Nós damos tudo esperemos que eles paguem.
É bem verdade que há margem para negociar como se pode ver aqui.
É dificil perceber que há facilidades concedidas a quem não precisa delas, ou que precisa menos e que, não são concedidas aos países que estão apertados. Estas facilidades podem ser negociadas a troco da Grécia e Portugal cumprirem o acordado. Ajudar a trazer o défice para baixo dos 3% é um dever da UE, da mesma forma que é dever dos países cumprirem e não esperarem que o resto da UE pague o que só a eles cumpre pagar.
Portugal está com 3,7% do défice é mais do que justo que beneficie das mesmas facilidades que têm a ver com os planos de investimento( que criará 2,1 milhões de postos de trabalho). Isto é, verbas recebidas da UE para o investimento que não contam para acrescer à despesa. Ora no caso da Grécia, nada impede que se invista ( fazendo crescer a economia) e, paralelamente, proceder aos cortes na despesa e às reformas estruturais, sem as quais tudo voltará ao mesmo dentro de pouco tempo.
O que se irá passar na Grécia terá um impacto profundo num ano com várias eleições. Até Outubro - eleições legislativas em Portugal - muita coisa irá mudar. Para melhor se prevalecer o bom senso mantendo a Grécia na Zona Euro. Mas se tal não for possível Portugal terá mostrado que o caminho que trilhou é o correcto e também ganhará . E a Grécia mostrará que o caminho que seguiu não é o mais conforme ao interesse de uma nação em que cerca de 80% dos seus cidadãos querem manter o país na União Europeia.
Esta é uma das razões que levam os professores a não quererem ser avaliados, nem aceitam o ranking das escolas e muito menos a liberdade de escolha da escola pelas famílias. É o que os sindicatos defendem. Todos iguais todos medíocres.
Os finlandeses só confiam nos melhores entre os melhores para preparar as gerações futuras nas suas escolas. Os resultados estão à vista: ser professor na Finlândia é tão ou mais prestigiante do que ser médico e, internacionalmente, o país é reconhecido pelos bons desempenhos dos seus alunos.
Em Portugal, as coisas são diferentes. Os melhores alunos nas escolas secundárias não querem ser professores, o acesso aos cursos de ensino não é competitivo e, geralmente, quem frequenta esses cursos são os alunos que apenas obtiveram resultados medianos ou fracos no seu percurso escolar.
Passos deu o exemplo, português, irlandês e espanhol para dizer que se estes países tivessem optado por não seguir o programa, “qualquer outro país sentiria que poderia ter o défice que quisesse, baixar os impostos, aumentar o rendimentos e ainda assim não ter nenhum problema com isso. É um conto de crianças. Não existe”.
Mas no vídeo a seguir Sócrates explica o que é um verdadeiro conto de crianças. Como ele estudou é assim.
Agora que temos já a excelente execução orçamental de 2014, vale a pena reler o que disseram os nossos extraordinários economistas, políticos e jornalistas. Como dizem os ingleses "prever antes é difícil" e os nossos "experts" dão-lhes inteira razão.
Nicolau Santos : "A proposta de lei do Orçamento de Estado para 2014 é uma ficção desesperada. É uma ficção porque assenta num quadro macroeconómico irrealista e porque contempla um objetivo irrealizável.
Óscar Gaspar : Desde logo, é um Orçamento irrealista e insuportável!
João Galamba - "Temos alguma dificuldade em perceber em que medida este orçamento contribui para a consolidação das finanças públicas".(ver aqui)
Pedro Adão e Silva : "O mais provável é estarmos perante uma enorme farsa política."(...)"A meta do défice será superior ao acordado (4%) e, mesmo num cenário otimista, acima da que o próprio Governo quis que fosse a meta revista (4,5%)."(ver aqui)
Mariana Mortágua - "A realidade tem sistematicamente desmentido o Governo e dado razão à OCDE nas suas previsões. Estes dados vêm confirmar aquele que parece ser o empenho da ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, de falhar todas as previsões macroeconómicas e todas as metas do défice" (ver em Esquerda.net)
E um pedido de desculpas ? E um exercício de humildade ? E não confundirem desejos com práticas orçamentais?
Portugal subiu três posições estando agora em 13º. Nada mau para um país que quer acabar com o SNS.
(...) reflete a melhoria dos direitos e informações e acesso dos pacientes. O estudo revela também que tem sido enfrentado com bons resultados o problema da tradicional longa espera da assistência médica portuguesa, o que contradiz a situação verificada nestas primeiras semanas de janeiro com longas filas e elevados tempos de espera em várias urgências hospitalares.
Também melhoraram os resultados dos tratamentos embora haja tendência para reduzir a gama e o alcance dos serviços e do acesso a novos produtos farmacêuticos. Aliás, o relatório recomenda que “quando os recursos assim o permitam, a gama e o alcance dos serviços devem ser salvaguardados para prevenir mais desigualdade na assistência médica.
Os argumentos ( a falta deles) do alucinado Nogueira são a melhor prova que o medo de serem avaliados decorre de saberem que os resultados são estes. 35% de reprovações. Bem podem pedir a demissão do ministro ( pedem a demissão de todos os ministros) mas a verdade é clarinha . Grande parte da classe não está preparada para dar aulas.
Tudo o que seja mérito e responsabilidade pelos resultados alcançados não cabe no sistema. Mas se forem todos iguais e todos medíocres, aí sim, têm direito à progressão automática na carreira e chegam todos ao topo. Uma fartazana.
É claro que os resultados da prova demonstram a sua necessidade. " É nossa ambição, por um lado, que a profissão de professor seja das mais exigentes e, ao mesmo tempo, das mais desejadas e respeitadas e, por outro, que seja também um incentivo a uma maior exigência na formação inicial dos candidatos a professores" diz o MEC
E o que prometem os sindicatos ? Mais trabalho melhor preparação? Nada disso. Vão para a greve!
O défice de 2014 que ficou entre 3,5% e 3,7% vai permitir que o objectivo para 2015 de fixar o défice em 2,7% seja mais fácil de atingir. É esta a primeira prioridade. Tirar o país da lista negra dos países com défices excessivos e com isso aproveitar as facilidades orçamentais recentemente introduzidas.
A seguir, contudo, a tarefa é já visível: aproveitar o crescimento modesto para baixar a carga fiscal e, ao mesmo tempo, desenhar medidas menos transversais de corte de despesa.
As posições dos diversos países já estão a suavizar. Até a Finlândia já está preparada para falar com a Grécia. Bem diz o povo que "quanto mais te agachas mais mostras o cu". Após três anos de austeridade é altura de seguir para a fase do crescimento. Mas a Grécia ainda não foi capaz de fazer as mudanças sem as quais dentro de pouco tempo volta aos mesmos problemas.
Portugal, Espanha, Itália, Irlanda não são a Grécia e já conseguiram mostrar resultados. A própria Grécia já tem a economia a crescer, pouco, mas a crescer. Não se pode aplicar o mesmo tratamento a situações diferentes. Mas os gregos têm que fazer a sua parte do trabalho.
O FMI está contra um tratamento especial, há regras que todos têm que cumprir. (...) há regras internas na Zona Euro que têm que ser respeitadas". Acrescentou que "não podemos criar categorias diferentes para diferentes países".
Lagarde acrescentou que a Grécia tem a necessidade de avançar com reformas estruturais chave, tais como na arrecadação de impostos. "Não é uma questão de medidas de austeridade, há reformas profundas que permanecem por fazer", alertou.
Se nada há a perder porque não arriscar?A Alemanha talvez agora entenda isso.
(...)
O crescente consenso de economistas e analistas de todo o mundo é que o Syriza tem razão sobre a insustentabilidade da dívida grega e no enfatizar a necessidade de a reduzir. Ao mesmo tempo, há um reconhecimento quase universal de que um Governo Syriza terá poucas vantagens, além do seu mandato democrático, numa negociação com os seus credores internacionais. Em 2012, o medo principal para Berlim e Bruxelas foi o potencial contágio económico que poderia ser causado por um default grego descontrolado, o qual poderia mesmo levar ao colapso da zona do euro. Em 2015, o medo de contágio económico foi substituído pelo medo de um contágio político que uma vitória do Syriza poderia provocar, especialmente com o Podemos em ascensão na Espanha.
Por esta razão, é expectável que um governo do Syriza seja confrontado por um governo alemão intransigente e que possa estar disposto a esmagar uma desafiante Grécia, a fim de enviar uma mensagem forte para outras forças políticas que possam querer desafiar o compromisso com o caminho de austeridade. Neste caso, o único recurso de um Governo Syriza poderia ser um volte-face e a aceitação de prosseguir com as políticas dos governos anteriores, arriscando-se a perder legitimidade tanto aos olhos do eleitorado como perante o próprio partido. O que vai mesmo acontecer está em aberto.