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BandaLarga

as autoestradas da informação

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O que Costa não percebe o seu segundo explica

O que Costa não percebe : "Em declarações à agência Lusa, Fernando Medina explicou que "a taxa de execução, de acordo com os critérios do Governo, é de 83%", enquanto "a taxa efetiva de execução do município de Lisboa é de 92% no total dos programas do QREN", explicando que "a diferença reside na despesa já paga pelo município e aquilo que foi registado na CCDR". Exactamente o argumento apresentado por Poiares Maduro e que Costa não compreende...

António Costa questionou uns quadros do Orçamento relativos aos subsídios comunitários. O secretário de estado e o ministro da tutela desmentiram-no . Tinha trocado as mãos e tirado as conclusões erradas. Portugal lidera na Europa a execução do QREN com 83%. Como é que liderando está a perder dinheiro ?

Na "Quadratura do Círculo", António Costa apresentou uns quadros que foram rebatidos por Lobo Xavier. Mas como se trata de um assunto muito importante ( para lá do uso eficiente dos subsídios joga-se a credibilidade de Costa) o secretário de estado veio dizer que a câmara de Lisboa só executou 63%, isto é, 20% abaixo da execução governamental. Mas Costa já colocou o seu segundo na discussão protegendo-se da tempestade que desencadeou. Qual quê, isto não é mais nem menos que um ataque político.

O velho António Costa está aí novamente...

Sem investimento não vamos lá

Diz o Prof Daniel Bessa que desde 2008 o investimento está a cair. Já caiu entre 30 a 40%. Sem investimento não há crescimento sólido da economia. Investimento público para as infra-estruturas e privado para a economia de bens transaccionáveis. O problema é que o pouco dinheiro que tínhamos foi todo canalizado para as infra-estruturas, incluindo o privado. E como nunca fomos capazes de controlar a despesa corrente o dinheiro foi-se sumindo à custa da despesa investimento.

O que temos por enquanto para canalizar para o investimento são os subsídios da União Europeia que não são classificados como despesa. A despesa investimento continua a ser estrangulada pela despesa corrente e assim não vamos lá. Cerca de 70% da receita é absorvida pela despesa corrente a que há que acrescentar os juros da dívida.O que sobra para investir? 1% em 2014 e 1,5% em 2015. "Num chega" como diz o Prof. Na Irlanda, onde o investimento desde 2008 desceu tanto ou mais  que cá, em 2014 o investimento crescerá 14,1% e em 2015 deverá crescer  8%.

Mas o mais curioso de tudo é que quem viu a discussão do Orçamento na AR não ouviu uma palavra sobre investimento. Ouvimos o costume sobre as pensões e os funcionários públicos.

Ficamos então à espera que sejam os empresários a investir e que consigamos captar investimento estrangeiro e que o estado com burocracias, taxas e taxinhas não dificulte. Tivemos o pior crescimento da UE durante uma década. O último grande investimento estrangeiro foi a AutoEuropa e já lá vão mais de vinte anos.

A INFÂNCIA DA CRIANÇA - Prof Raul Iturra

 

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Se actualmente é difícil falar em crianças, a abordagem à temática fica mais complicada quando temos limitações do número de palavras. Mas, vamos a isso.
Dentro das várias definições de infância e criança usadas nos meus textos, há duas que me satisfazem. Criança, é um ser humano no início do seu desenvolvimento fisiológico e social que depende dos seus adultos na alimentação, nos sentimentos, no carinho, no vocabulário e no abrir da sua imaginação para entender como se desenvolve o mundo. Adultos que podem ser os pais, os tutores ou um conselho de família. Infância é a pessoa que nasce, cresce, aprende a vida intra social. Na cronologia da vida, essa criança passa a etapa da infância. Conceito que transcorre, idealmente, desde a nascença até à idade púbere, idade em que o indivíduo se torna fisiologicamente apto para a procriação de outros seres humanos. Atenção, referi reprodução fisiológica. Será que é adequado ter cromossomas só para reproduzir seres humanos? Em todos os meus textos tenho dito que isso não é suficiente. Aliás, a própria História assim parece provar. Uma palavra cheia de distinções na cronologia do tempo e conforme seja a hierarquia social. Criança, em consequência, não é um conceito biológico, é muito mais, é um conceito social. Motivo pelo qual o meu amigo e colega na cátedra do Collège de France em Paris, Pierre Bourdieu, o sábio dos sábios em ciências do homem, nunca quiseram estudar o pré púbere, como poucos de nós tem feito. Os cientistas, excepto os analistas clínicos, têm experimentado evitar a análise da infância. Muitos cientistas, envolvem a criança dentro das relações sociais, centrando, no entanto, os seus estudos nas relações. Poucos Antropólogos começam a análise social a partir dos mais novos. Normalmente, estudam instituições, como a família ou os amigos, ou seja as interacções sociais.
Maurice Godelier em 1981, editou um livro pela Fayard, La Reproduction des Grandes Hommes para analisar a passagem de criança a adulto, como David Herdt em 1987, entre os Sambia da Nova Guiné, ou eu próprio, entre os Picunche, clã da Nação Mapuche que habita na área Sul da Cordilheira dos Andes. Assistir à passagem de criança para a infância, é duro. Envolve elementos sexuais para provar, ao mais novo, que um dia terá esperma para multiplicar os membros da população. Para tal, é preciso observar as relações eróticas entre um púbere e uma criança, que oferece o seu esperma, antes de casar com a irmã do iniciado.
O ritual denomina-se fellatio, e quem é alimentado pelo púbere é quem ainda não entrou numa mulher, permanece com a criança até ser adulto, por outras palavras, até que ele próprio produza sémen. Ritual praticado entre os Baruya, os Sambia e os Picunche. Quando apresentei o meu livro do ano 2000: O saber sexual das crianças. Desejo-te porque te amo, Afrontamento, Porto, o auditório ficou escandalizado.
Devo confessar que eu também, ao viver na casa dos homens entre os Picunche e observar o que observei. A prova final é uma masturbação colectiva entre as já não crianças, mas infantes, acompanhados pelo rapaz que lhes deu o seu sémen, que, acabado o ritual, casa com a irmã do seu iniciado, à qual acede apenas para engendrar filhos, continuando a morar na casa dos homens tendo o seu iniciador como companheiro. Não é homossexualidade, é um rito de passagem que, entre nós, também se pratica, não como cerimónia, mas como felonia, ao correr dinheiro entre a criança e, neste caso, o seu violador. É apenas pensar no caso da casa Pia.
A criança, passa a adulto, a seguir à fellatio ritual. Entre nós, depois de namorar uma rapariga que é a nossa companheira, mesmo que o seja pela via do aparecimento de filhos.
Falar de criança e a sua passagem ritual a adulto, é, por vezes, difícil de relatar sem ofender…
Raul Iturra
1 de Novembro de 2014.
lautaro@netcabo.pt