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BandaLarga

as autoestradas da informação

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PCP e BE cada vez mais isolados

PS ( de Seguro e de Costa) estão prontos a negociar com Ana Drago. E o LIVRE de Rui Tavares também pode entrar nas contas. Uma ruptura corajosa com o imobilismo que anda sempre agarrado ao dogmatismo, abriu de imediato espaço para caminhos até agora interditos. Afinal sempre é possível convergir no quadro da UE. Os que se mantêm na árdua tarefa de estrangular a esquerda "à esquerda do PS" reconhecem agora o peso eleitoral das ideias políticas de Ana Drago e Daniel Oliveira. Ambos são “bem-vindos” no Livre, mas nos corredores bloquistas cresce a convicção que farão um novo partido para se coligar nas legislativas de 2015. E abrir a porta ao PS.

"Não queremos ser sucursal do PS " dizem os que vão continuar dogmaticamente nos seus "blocos" de onde nunca sairão. E como lembra Daniel Oliveira : "quem se nega a governar é governado ". O PCP sabe-o melhor do que ninguém.

O BCE vai renegociar a dívida pública

Baixar a dívida pública ate 60% do PIB a taxas e prazos mais favoráveis é a verdadeira negociação da dívida. Os países pagariam com os dividendos do BCE  a que têm direito por serem accionistas. Sem perdões de dívida e sem prejudicar empresas e famílias. O Japão acabou há bem pouco tempo de fazer uma operação igual com sucesso. Embora o BCE tenha há bem pouco tempo lançado uma operação de empréstimo aos bancos a longo prazo que ainda não deu frutos, tudo aponta que a compra de dívida seria mais eficaz no relançamento da economia e no aumento da inflação. Há cada vez mais consenso á volta desta solução. Sem ficções e sem absurdos.

O FMI continua a exercer pressão alta sobre a política monetária da Zona Euro, defendendo as vantagens de o BCE ir mais longe no combate aos riscos de deflação na região e na promoção do relançamento económico da região. Quem não anda a exercer a actividade de incendiário de serviço já percebeu há muito que o pagamento da dívida passa por esta proposta. Que, diga-se, não é de agora mas que vem reunindo cada vez mais condições para ser colocada em prática.

Reprimidos e reaccionários

Á esquerda quem não é por nós é contra nós. Parece que ao fim de quarenta anos haja quem tenha percebido isso. Já é um avanço. Com purgas e repressões não há solução que nos valha. O problema é que o “meio da esquerda” nunca foi determinante em nenhum dos partidos estabelecidos. No PCP, os críticos foram sendo ciclicamente afastados. No PS, a “ala esquerda” foi por vezes tolerada, por vezes cooptada, mas quase sempre mantida à margem. E, no Bloco, de onde muitos (incluindo eu) esperaram ver resolver-se esta equação, os setores mais sociais-democratas e abertos ao diálogo foram sendo sucessivamente reprimidos, até à saída final.

Não existe um extremo do eleitorado doutrinariamente anti-capitalista e marxista-leninista, de um lado, e um centro compassivo com o carreirismo e o clientelismo do poder, por outro. A maior parte dos eleitores de esquerda estão no meio, procurando pela realização de um país em que as desigualdades sejam combatidas e a pobreza erradicada, onde haja um acesso universal às provisões públicas, e onde uma economia mista e diversificada possa dar hipóteses justas de progresso social e pessoal aos portugueses.  Quem pensa assim é apodado de reaccionário.

A MORTE DE UM PAI - Prof Raul Iturra

 

Teria eu 39 anos, ele, oitenta. Tinha-me visitado recentemente a minha morada da Universidade de Cambridge, com a sua mulher, a nossa mãe. Foi atencioso, simpático, divertido, íamos passear pelas ruas da cidade universitária onde eu morava com a minha família. A nossa conversa era simpática, mas havia um fio que nos separava. Tinha eu morado na Grã-Bretanha desde os meus vinte e quatro ou vinte e oito anos, com mulher e filhas. Primeiro na Escócia, Universidade de Edimburgo e, a seguir, na de Cambridge quando apareceram no fim dos anos setenta do século passado.

Estiveram connosco seis meses, sempre a rir e brincar. Era um homem sério, mas alegre que adorava brincadeiras. Gostava de sair só comigo, com su cabelo negro, face branca, bigode aloirado com pontas brancas por causa da idade. Repartiam-se entre a nossa casa e a da minha irmã, marido e filha, docentes de Universidade de Southampton, no Reino Unido também, pelos mesmos motivos: no Chile, onde oravam, tinham assassinado o Presidente legal da República pelas forças armadas, surpresa para nós, en mais de duzentos anos de independência da coroa de Espanha, a que pertencíamos por causa da mãe e dos seus antepassados do Século XVI. Basco de ascendência, apoiava o assassino do Presidente Constitucional, que nos largara do Chile quando desde a Grã- Bretanha, corremos a Chile para votar por Allende. Ele, pela Democracia Cristã e o seu amigo, mais tarde Presidente, quando a democracia tornou ao Chile em 1990.

No Reino Unido, inventava as melhores viagens a outros países do velho Continente para me passear e estar com seu filho maior, que demorou seis anos em aparecer, a quem educou em casa com preceptores privados até onde a ei permitia: os dez anos de idade. Daí, para o melhor colégio que ele encontrou, com farda e um imenso telescópio para ver o mudo, que ele visitava para me ensinar como o usar: era engenheiro, sabia todo. Todos os anos recolhia os prémios que o seu benjamim ganhava, que eram muitos e entregues pelo Cardial Primado a ele primeiro e ele decorava-me a mim, com a sua mulher, a nossa mãe. Adorava o seu pequeno, apesar das ideologias diferentes: ele cristão, eu, socialista e chefe de partido que apoiava a coligação da Sua Excelência, o presidente constitucional da República.

Á sua morte, provocada, mandaram-nos de volta para o Reino Unido. Despedi-me no aeroporto a 8 de dezembro de 1973, pensando que a seguir, nunca mais o ia ver. Supressa das surpresas: anuncia a sua visita e ficam connosco um tempo cumprido. Queria levar-me só a mim, para a França, a Alemanha, outros países. Fui claro: Pai, eu o adoro, mas de que vamos falar? Vamos ter que evitar conversas porque apoia o Ditador que luta contra os pobres e os explora, eu os defendo, contrário ao Pai que tem esse primo o Almirante Merino-ele era Iturra Merino- que eu não tolero y luto conta ele. Ficou triste, fizeram as malas, foram casa da minha irmã que me seguia en cronologia por cinco anos. Ela era tolerante e tinha razão: eles tinham feito todo por nós e sempre calou as diferenças mencionadas.

Em breve, triste, fizera as malas e encontramo-nos no aeroporto britânico para um adeus que passou a ser final. Passearam os dois pais sós pelo continente por tempo cumprido, visitaram os parentes da corte, e foram-se para O Chile mais rápido que correndo. O meu confronto com ele em Cambridge o fizeram pensar. E tanto pensou, que passou para o lado das minhas hostes. Em 1986, um ano depois da visita a nós comemoram suas bodas de ouro. Eu no podia entrar para essa festa magnífica, mas todos os cinco filhos a custeamos, o nosso amor de largos anos e o meu confronto que o faz pensar.

O Chile, havia a campanha pelo no a única ditadura de un país livre, lo denominado asilo contra a opressão, que Karol Wojtila, São João Paulo II hoje, lhes ensinara como fazer para derrubar um apestado ladrão do sítio roubado à lei. O Pai, doente já e após de me ter ouvido e ver a minha determinação, bem contra o amor que lhe tinha, mais os netos e filhos, o levaram a votar por un não em 1989, um voto especial de un convertido às ideais dos seus descendentes. Meses depois, a 20 de março de 1990, partia deste mundo.

Tentei tantos que me deixaram entrar para um adeus final. Nem por isso. Apenas o telefonema de todos os dias, ate esse 18 de março, já nas potas da morte, falamos da nossa infância, a dele e a minha, contou coisas que eu não sabia e que por ser dele e o amor perdido, irão comigo a tumba.

A nossa filha mais velha estava comigo em Portugal. Cuando telefonam que eu no podia falar mais com ele nesta vida, a nossa analista clínica e eu nos acompanhamos. Encendemos vela. Não oramos, não era connosco, mas num dos terraços fizemos arder um atado de molho de trigo, adorno da casa.

No dia a seguir, enquanto a cidade parava para dar passo o funeral do Engenheiro, o pai, o marido, o avô, o patrão de tantos que tratou com justiça sem saber o bem que fazia.

O seu voto pelo não foi muito comemorado. Saiu da cama apoiado em netos e o nosso irmão engenheiro. Ele proferiu a oração fúnebre na minha substituição por ser agora eu o chefe de família… em exílio, mas as suas próprias palavras.

Dias prévios, falamos com o Pai do seu tio português, Hierónimo de Freitas, casado com uma prima direta da sua mãe. Eu sentia os seus olhos azuis sorrir enquanto prolongava a conversa. A derradeira.

A seguir, a voz do irmão: faleceu.

Hoje é dia de aniversário de nascimento. Mas, velho o Parque do Mar, o Pinheiro que o guardo, como as sua terras chamadas El Pinheiro.

Enquanto era enterrado, com força e emergia, proferi a minha aula, apenas que comecei por dizer que era dedicada a um Senhor que nesses minutos ia a enterrar.

A sua foto, em frente da minha secretária, com o seu sorriso de Senhor. O pé, a Senhora mãe, e netos e bisnetos. Tinha apenas 80 anos, mas nos ouviu, especialmente a conversa de Cambridge. O amor todo o pode

Dias duros, hoje, mas ele mora en mim, como eu em ele a o longo de anos. O respeito e amor eram grandes, imensos

Raúl Iturra Redondo

10 de julho de 1014

lautaro@netcabo.pt