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BandaLarga

as autoestradas da informação

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A Irlanda não quis ou não conseguiu ?

"Perante o caso irlandês, só o regresso aos mercados em autonomia permitirá a Portugal declarar vitória" escreve Fernando Madrinha no Expresso. Acontece que no mesmo jornal vem a notícia que não foi a Irlanda que não quis, foi a Irlanda que não conseguiu preencher todas as condições para aceder ao programa cautelar.

Ficamos sem saber porque é que mesmo jornalistas e comentadores normalmente equilibrados querem tanto que a fasquia para Portugal seja a mais alta possível. Que corra o risco de falhar. Para que o País volte a ter eleições antecipadas sem que o PS tenha alternativa ? Que ganhará o país com isso?

Para bem do país é preciso que Portugal cumpra o programa até Junho, altura em que a Troika dará por findo o programa. Depois é preciso que nada prejudique a retoma da economia em curso, a persistente descida do desemprego e a suave redução das taxas de juro da dívida.

Chegados a esse momento, e com o interesse nacional bem presente é necessário que o governo possa aceder aos mercados com ou sem ajuda. É este o interesse nacional. 

Mesmo comentaristas normalmente equilibrados andam de cabeça perdida com as escaladas das escadarias, as "aulas magnas" e a invasão dos ministérios. São os que defendem a Constituição. Também eles têm dias!

 

A importância das vírgulas

Medeiros Ferreira  em entrevista ao Jornal i : " Se o PS não responde à situação em seis meses, há uma crise de regime" mas que podia ser " se o PS não responde à situação, em seis meses há uma crise de regime". Ora seis meses, é Maio/ Junho é a saída da Troika. Segundo Medeiros Ferreira, ou o PS até à saída da Troika arranja uma alternativa ou temos uma crise de regime.

Nós andamos a ver "vanguardas" a vender esta ideia, a escalar escadarias, a ameaçar em reuniões "magnas", manifestações espontâneas, mas como é que há uma crise do regime se o povo não comparece? Mas para o povo comparecer é preciso ter razões para tal.

É, óbvio, que Medeiros Ferreira alinha pelo mesmo diapasão que aponta para o essencial. Não deixar que a troika se vá embora a dizer que o país está no bom caminho e que o seu trabalho acabou. Essa mensagem para os mercados é música, ainda para mais com essa chatice da economia estar a crescer, as exportações a mais que compensarem o fraco consumo interno e com o desemprego a cair.

Uma situação destas é trágica para o PS e,  por isso mesmo, é que a vírgula está onde está e não mais atrás. Porque se tudo isto acontecer sem que o PS apresente uma proposta séria e competente já ninguém acreditará que o faça um ano depois. Nas legislativas.

A Madeira do Alberto João

Passei a lua de mel na Madeira. Uma ilha maravilhosa com hotéis junto ao mar e estradas entre flores e água a correr. Miradouros com vistas de tirar o fôlego. Piscinas de água salgada dentro do mar. E uns restaurantes perdidos entre tanta beleza mas onde se comia muito bem.

O dinheiro fácil desgraçou tudo. Autoestradas, túneis nas montanhas, pontes a cruzarem belos vales, construção em tudo o que era sítio. Que linhas de água, represas e riachos? Foi tudo à vida.

Hoje, no verão, arde sem piedade e sem acessos para os bombeiros. No inverno, as enxurradas destroem vidas e haveres.

O que deveria ter mudado, as bolsas de pobreza, continuam intactas.

A FIGURA CARISMÁTICA

 

Aula proferida no Departamento de Antroplogia, ISCTE, 2005

Ernest Hemingway baseou o seu livro de 1940, Por quem os sinos dobram, numa ideia do seu amigo e companheiro de luta, John Dos Passos, que tinha escrito em 1930 a frase ninguém é uma ilha, todo o ser humano é um Continente, pelo que não é preciso perguntar por quem os sinos dobram, porque quando dobram, dobram por ti.

Somos seres sociais, não existimos sós, formamos parte de um lar, mais tarde reparamos na existência de outros parentes, para continuarmos pelos amigos com os amigos de rua, mais tarde os íntimos, até ficarmos com a pessoa mais perto da nossa afectividade e, na base da mesma, somos capazes de reproduzir. Parece ser que o destino do ser humano é não ser indivíduo: é ser um ser social. Já Daniel Defoe em 1719 tinha experimentado, com base na vida de Alexander Selkirk, o náufrago que viveu só e isolado numa ilha do Pacífico, criar a figura do indivíduo, capaz de ser autónomo e de se servir e sustentar a si próprio inserido na natureza. No entanto, a realidade foi mais forte e, após várias páginas de aventuras e descobertas heroicamente isoladas, Defoe teve que criar outro ser humano, Sexta-Feira, nativo da ilha sem o qual Robinson não subsistia. Os detalhes não nos são entregues pelo autor, mas pelo nosso imaginário milenar que pode pensar o que o curto imaginário do Século XVIII da Europa permitia pôr em papel: sem a amizade íntima de Robinson e Sexta- Feira, nem um, nem outro teriam sobrevivido. Tal como aconteceu na Espanha de 1939, durante a guerra civil da qual Hemingway e Dos Passos fizeram parte activa: o segundo já sabia, porque era mais velho, que a morte fratricida é também a morte dos que ficam vivos. Robinson foi o carisma de Sexta-Feira e vice-versa, como Dos Passos de Hemingway, e vice-versa. Carisma, esse processo social que imprime o carácter de um no carácter do outro, um sacramento social, diria eu. Especialmente se essa impressão de ideias, emoções e comportamentos, é a transferência efectuada pelos adultos às crianças. A criança está a entender, já sabemos, enquanto o adulto tem a capacidade de optar entre várias alternativas sintetizadas normalmente entre o bem e o mal, para simplificar. Bem e mal heterogéneo. O bem dos poderosos é o meu mal; o meu mal, é a mais-valia dos proprietários de bens e do poder de definir a lei. Dafoe tentava criar, no Século da subordinação absoluta de grupos sociais apenas a um outro - a aristocracia -, uma figura capaz de definir o que mais tarde aconteceria devido à criação do denominado mercado livre: o dito homo economicus, solitário perante a opção do investimento que procura a salvação do lucro. É perante este desenho das actividades humanas que a criança é colocada. É a criança estudada por Sigmund Freud, Mélanie Klein, Françoise Dolto, Alice Miller, Daniel Sampaio, Manuela Ferreira, Ana Nuno de Almeida, Eduardo Sá, eu próprio e a minha equipa, entre outros, na Europa e noutros Continentes. Nenhum destes investigadores determina o comportamento da criança dentro de modelos. Todos procuram entender a importância da figura carismática que a criança imita durante o seu crescimento, saiba ou não, seja consciente o adulto, ou não. E, como sabemos - porque se não soubéssemos, não teríamos trabalhado com empenho em Antropologia da Educação, nem na Epistemologia da Criança e da Puberdade -, o adulto sofre da problemática de tentar ajustar a vida da criança à sua, às suas ideias, formas de vida, horários, emotividade, ritos e mitos. Mitos, essas ideias da realidade, ditas de forma metafórica, como as que são usadas por Alice Miller ao referir a vida de Jesus, José e Maria de forma paradigmática, como um grupo doméstico com objectivos específicos para serem parte do mundo e assim, colaborar nos objectivos pessoais e históricos escatológicos dos outros. Sintetizada a História, com o sincretismo cultural da vida de outros seres humanos que fizeram arder a vida social - Hitler, Mao-tsé-Tung, Estaline - ou tiveram que calar perante uma infância reprimida - como Charles Chaplin, Buster Keaton, Pablo Picasso, esta forma de comparar usada por Alice Miller, denota a existência de figuras carismáticas, que a criança imita e acaba por resultar no tipo de personalidades referidas. Miller não cria um modelo: luta contra os modelos que medem o comportamento da infância para analisar, de forma dialéctica, as figuras que imprimem carácter no inconsciente da descendência. Inconsciente, o qual a vida social não está capacitada para entender, para planificar o seu dia-a-dia conforme a idade dos mais novos. Planificação que é preciso fazer apenas durante um tempo, durante o processo de entendimento da criança, do começo do desenvolvimento baixo, no qual a infância cresce. Se existe uma obrigação para sermos adultos de carisma positivo, é a de explicar com paciência e palavras adequadas à epistemologia dos mais novos, o que acontece durante a História do tempo em que eles vivem como grupo. Ser figura carismática, impõe um dever no adulto de aprender a vida de uma forma nova, enquanto cresce junto aos seres humanos por eles reproduzidos. Alice Miller não determina: procura retirar ideias dos factos para os adultos entenderem o seu dever de educadores, processo que decorre a par e passo do crescimento mútuo, dentro de uma vida social em comum.

Este tem sido o debate do meu Seminário de Antropologia da Educação, debate que me tem permitido criar novos conceitos, os quais me fizeram crescer a par e passo com os discentes. E, tudo isto, porque os sinos não dobram apenas para quem aprende, eles dobram também para o Catedrático que com eles debate e envelhece. Pode dizer-se que queremos crescer sem modelos, tal como os autores invocados procuram na sua pesquisa e dizem nos seus textos. Para sabermos sempre quem são os outros para quem também os sinos dobram, porque os sinos não dobram só para mim.

 

Para os meus antigos discentes de Antropologia da Educação do ISCTE

 

Raúl Iturra

ISCTE/CEAS / CRIA

Amnistia Internacional

29 de Novembro de 2003

lautaro@netcabo.pt

 

 

Portugal precisa de uma alternativa séria e rigorosa

JMF - Público : (...)

Em países como o nosso, onde a riqueza nunca foi muita, onde o Estado social chegou tarde e o crescimento acabou cedo, a manutenção do modelo redistributivo coloca problemas ainda mais complexos à esquerda socialista (o resto da esquerda verdadeiramente só protesta, não corre o risco de governar). Por um lado, identifica-se com a política redistributiva e tem como base eleitoral uma classe média que passou a depender dessa mesma política; por outro lado, deixou de conseguir aumentar as receitas dos impostos e, assim, deixou de conseguir pagar essas políticas. Basta pensar que em Portugal as prestações sociais representavam apenas 13% do PIB em 2000, o que significa que o seu peso na riqueza nacional quase duplicou em pouco mais de uma década. Foi neste quadro que as políticas redistributivas deixaram de se basear no aumento da carga fiscal (a economia estava exaurida), para passarem a depender de uma dívida crescente (tornada mais acessível com a adesão ao euro).

O sonho de todos os socialistas é que o crescimento regresse e se libertem deste pesadelo. O seu dilema é que não conseguem imaginar uma forma diferente de crescer senão pela via de estímulos públicos, sendo que, enquanto houve dinheiro para esses estímulos – e houve em abundância até 2008/2009 –, isso não se traduziu em mais crescimento, apenas em mais dívida. É por isso que suspiram por um Plano Marshall sem entenderem que ficaríamos para sempre dependentes de subsídios externos. É também por isso que têm dificuldade em entender os sinais que começam a aparecer de alguma reversão do ciclo económico, pois este acontece sem reversão da austeridade, o que não encaixa na sua forma de pensar estadocêntrica.

O governo e a oposição querem o mesmo

À medida que os sinais se consolidam, no crescimento da economia, na descida do desemprego, maior é o barulho e as tentativas de a oposição levar o poder para a rua. Com a escalada da escadaria, com a invasão dos ministérios, com magnas reuniões tudo a abrir os telejornais. É, claro, que não há coincidências. A verdade é que a oposição e o governo querem o mesmo.

Querem a troika daqui para fora e a boleia do resto da Europa que está a sair da crise. Querem chegar a Maio/Junho no poder para distribuir os fundos comunitários de apoio. Muitos milhares de milhões que bem aplicados na economia de bens transaccionáveis terão um forte efeito no crescimento do PIB e na criação de postos de trabalho.  Além disso há as privatizações...

Governo e oposição correm os últimos sete meses. Mas a oposição tem uma enorme barreira no seu caminho. Para chegar ao poder precisa de eleições antecipadas o que, transformaria a prova numa maratona. Seis meses até dar posse a novo governo. Taxas de juro a subir. A economia a estagnar e o desemprego a voltar a crescer. Mas os partidos da oposição, desesperados, querem eleições antecipadas. Apesar de ninguém saber qual seria o resultado.

Governo e oposição estão numa corrida a dois a ver quem chega primeiro à meta, Maio/Junho. Passos Coelho já disse que um eventual chumbo do Tribunal Constitucional não o fará desistir. Até já foi falar com alguns dos fiscais de pista, em Bruxelas, para explicar o que fará nos vários cenários possíveis. Teve luz verde desde que não passe para a pista do adversário.

Meio caminho andado

Relatado por quem viu :

  • Fernando Jorge dos Santos Alves

    livre direito á greve...

    a liberdade de uns acaba onde começa a dos outros. E esses outros que pensam são livres de pensar e de escolher se querem trabalhar ou fazer greve. Não vi nenhum policia ir empurrar quem estava no passeio, apenas quem veio provocar o cordão/ perimetro estabelecido pela policia 2013-11-29 10:11

    Faça login para responder
    • DESPORTISTA: 100% de acordo. Dizer mais só ia estragar. 2013-11-29 10:47
       
  • Fernando Jorge dos Santos Alves

    processem os sindicatos...

    Fazer greve é um direito, o que não é um direito é impedir que outros trabalhem em vez de aderir à greve. O que se vê nas imagens é pessoas agarradas aos camiões provocando os motoristas no sentido de depois se virem queixar que foram agredidos/ atropelados. O carlos Arménio foi dos que esteve a obstruir a via, por isso, o ministério público que atue em conformidade com esses arruaceiros. 2013-11-29 10:07

    Faça login para responder
    • DESPORTISTA: 100% de acordo. 2013-11-29 10

A taxa de desemprego desce há oito meses

A sazonalidade foi-se, chão que deu uvas. A taxa está a descer há oito meses consecutivos é óbvio que se trata do resultado do crescimento da economia. A taxa de desemprego em Portugal regista descidas consecutivas há oito meses: março (17,4%), abril (17,3%), maio (17%), junho (16,7%), julho (16,2%), agosto (16%), setembro (15,8%) e outubro (15,7%).

Para mim é uma notável notícia na qual deposito grande esperança. Para outros não sei se é uma boa notícia. Para os desempregados também é um factor de esperança. Oxalá se confirmem os sinais cada vez mais consistentes que a crise está a ficar para trás não só nosso país mas também na Europa.

 



Duas décadas de má gestão e instrumentalização política

Os Estaleiros de Viana do Castelo são um exemplo do que é normalmente uma empresa pública. Prejuízos, subsídios, emprego em vez de trabalho, instrumentalização política...

Face aos termos conhecidos do negócio, é evidente que nenhuma empresa estaria na disposição de ficar com os Estaleiros nas actuais condições, sem a respectiva reestruturação, leia-se, sem eufemismos, os despedimentos, que custarão cerca de 30 milhões de euros. É por isso que o ministro da Defesa garante os direitos laborais, só pode garantir isso, não pode garantir empregos. Só poderia fazê-lo à custa dos impostos de todos os portugueses para pagar os prejuízos dos Estaleiros. Os números económico-financeiros falam por si, pode lê-los nesta edição.

Ora, só por má vontade é que é possível admitir que a Martifer se mete neste negócio sem ter a intenção e a convicção de que quer mesmo dar um novo futuro aos Estaleiros de Viana. Quererá este negócio, afinal, para quê? Ganharia, o quê? Também é evidente que a Martifer só contratará os citados 400 trabalhadores se houver negócio, se houver encomendas, mas há, ainda assim, uma porta que continua aberta, com uma gestão privada, em contraponto à desastrosa gestão pública dos últimos vinte anos.

Rui Rio não vai nessa, Vanessa

Rui Rio foi convidado a presidir ao novo Banco de Fomento mas declinou o convite. Era uma forma limpinha para o retirar da circulação. Um lugar de prestígio, bem remunerado, com poder. Mas Rui Rio sabe que pode aspirar a bem mais alto. As europeias, legislativas e presidenciais estão aí à porta e há muita água para passar debaixo das pontes.

É bem de ver que o ex-autarca está bem colocado , como mostram as sondagens vindas a público. De qualquer forma a negativa mostra bem como estamos perante um homem cerebral e frio, capaz de equacionar os problemas e não embarcar em cantos de sereia.

Conhecem por aí mais alguém que resistisse a um convite destes? 

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