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BandaLarga

as autoestradas da informação

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E PARA O CU NÃO VAI MAIS NADA, FRANCISCO?

Na verdade, esta de obrigar clientes a exigir factura só podia sair de uma cabeça socialista. É um resquício da filosofia do informador secreto que qualquer cidadão tinha de ponderar ser a alma viva que estivesse mais próxima.

Mas é tão impraticável, tão incontrolável e tão obviamente ilegal que qualquer cidadão sensato a encara como uma inutilidade propagandística tão própria deste regime que nos vendem a peso de ouro.

De pasmar, pois, o pasmo de um homem que deveria ser de cultura. Que se indignou perante algo que não deveria merecer mais do que um encolher de ombros acompanhado daquele ligeiro flato labial que provocamos como único comentário possível para algo despiciendo.

Francisco indignou-se. E fez questão de deixar clara a intenção de eleger como vítima da sua justificada ira o infeliz funcionário que que venha a ser encarregado de o fiscalizar. Ele que vá “tomar no cu”.

A culpa, naturalmente, se tal acontecer, não será do funcionário, mas de quem impuser a conduta. Francisco quer punir quem, como ele, seria vítima, não autor, do acto criticável.
O que é mais próprio do boçal do que do culto.

Há coisas piores. Bem piores.

O chamado “acordo ortográfico”, por exemplo. Porque pode ser aplicado, porque desfigura a língua que é nossa e que amamos, a transforma numa amálgama promíscua de seguidores e resistentes, porque nos coloca na humilhante situação de, sendo a sua pátria, sermos também o único país lusófono a transformá-la.

Francisco esteve num dos poucos lugares onde alguma coisa poderia ter sido feita. Nada fez e, muito a medo, disse um dia que a coisa carecia de umas ponderações. Sem dizer quais ou para quando. Talvez porque não soubesse e, seguramente, porque não queria.

Até o mimo que projecta fazer ao funcionário inocente é bem do outro lado do Atlântico. Como Francisco sabe, em Portugal, não mandamos “tomar”. Podemos mandar “apanhar” ou no “levar no cu”. Podemos fazê-lo antes ou depois do pequeno-almoço, mas sempre sem qualquer relação com o café-da-manhã.

Pena que Francisco tenha escrito o que escreveu quando já não estava em funções públicas.

Teria todo o gosto em dirigir-me ao SEC, questionando se estaria autorizado a mandar apanhar no cu aqueles que obrigam alunos, funcionários, candidatos a empregos públicos a escreverem na língua de Sócrates e Cavaco. Ou que obrigam outros, como eu, a lê-la.

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