A tempestade passou nada mais resta
No meio de um vasto pinhal foram-se construindo casas com pequenos quintais, onde se plantam árvores de fruto . Gente do centro da cidade que recriou ali a vida da aldeia distante. Mas trouxeram os carros e o horror pelo chão cheio de resina que vai caindo dos pinheiros, pelas pinhas e pela caruma. Foi um passo desde que o primeiro começou a cortar os pinheiros por um qualquer pretexto. Hoje há cada vez menos resistentes.
Telefonaram-me para me dizerem que a tempestade me deitou pinheiros ao chão e partiu telhas da casa e do churrasco. Vou entrar em despesas. E em discussões. Para quê os pinheiros? Só fazem lixo...
Mas se é assim, porque não ficaram na Avenida de Roma, onde não há pinheiros nem caruma? Nem árvores de fruto? Não contam que de noite se ouve o barulho do mar, a maresia ao cair da tarde e que em cinco minutos se está junto ao mar. Nesta altura do ano, a partir de Setembro temos um areal de quilómetros só para nós. Limpo, sem calor e sem multidões.
Vou para lá juntamente com o brasileiro que trata dos quintais para me assegurar que só corta o que já está partido, vou defender os meus pinheiros.
Cortem-nos quando eu morrer!