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BandaLarga

as autoestradas da informação

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A boa austeridade mata

Rui Mendes Ferreira

8 h ·
 

Pensamento do dia:

A "boa" austeridade, mata.

Em 2014, foram infectadas 375 pessoas por "Legionella", das quais 12 viriam a falecer, vítimas da infecção, com origem em empresas do sector privado.

Hoje, temos umas dezenas de casos reportados, com duas mortes já confirmadas, vítimas de "Legionella", tendo o foco infeccioso, tido origem dentro do próprio hospital, público, onde supostamente estas infecções, deveriam ser debeladas.

A Ordem dos Médicos, entretanto, publicou hoje mesmo, um comunicado oficial, onde reporta que estas infecções no hospital S. Francisco Xavier, se devem aos cortes feitos pelo actual governo, nas despesas orçamentadas para as rubricas de trabalhos de manutenção e reparação.

Sobre estes factos, nem uma palavra se ouviu nem da parte de quem governa, nem dos partidos que apoiam o governo. É o mais absoluto silêncio.

Mas, face ao já habitual procedimento e miserável e hipócrita conduta, da parte de quem nos governa, assim como da parte dos partidos PS, PCP e BE, assim que alguém tiver a coragem de vir a público criticar, condenar, e exigir responsabilidades pelo que se está a passar no Hospital Francisco Xavier, aposto que iremos presenciar o seguinte:

- iremos ouvir dizer da parte de quem governa e quem lhes dá apoio, que quem critica não tem "direito moral" para criticar seja o que for, ou então que deviam era estar bem caladinhos, pois em 2014 morreu muito mais gente, e em 2017 "ainda só morreram" 2 pessoas, e assim sendo, até estamos é perante uma "melhoria"!!!!!!

- iremos igualmente ouvir, da parte de quem governa, e da parte daqueles que lhes dão o apoio, que: "qualquer menção a estas mortes, qualquer exigência ao governo para dar explicações públicas para o sucedido, e qualquer tentativa de responsabilização de quem governa, é "aproveitamento político".

Vai ser assim, tal e qual. Vai uma aposta?

O Estado não paga aos fornecedores aparece a legionella

Faltam mil milhões de euros no  orçamento da Saúde anuncia na 1ª página um dos diários . E noutro diário vem a notícia que as torres de arrefecimento a água (onde se desenvolve a legionella) já não se usam.

E, é assim, sem austeridade e com um orçamento a distribuir dinheiro pelas clientelas e a tirá-lo dos serviços públicos que vamos de desastre em desastre.

Hoje o meu grupo de amigos estava a discutir esta questão. Tantos desastres e todos com o Estado no centro do tufão ? Claro que havia opiniões diversas mas um dos presentes tem uma empresa que fornece dispositivos médicos aos hospitais. E sentenciou : pois se o  estado não paga aos fornecedores...

Os fornecedores deixam de fornecer os equipamentos e os serviços, ou atrasam-nos, ou não os executam com o rigor necessário. Numa palavra aparece a legionella e morrem pessoas.

Tudo sem austeridade

legionella.jpg

 

 

Depois dos incêndios e de Tancos a legionella

Alguma coisa correu mal diz o ministro da Saúde sem se rir perante um surto de legionella num dos principais hospitais do país e que já matou duas pessoas.

Aumentam-se os salários das clientelas dos partidos que apoiam o governo e degradam-se os serviços públicos por falta de investimento. E, claro, adoecem e morrem pessoas quer seja nos incêndios quer seja nos hospitais.

E há listas de espera de doentes para cirurgia dos quais já morreram 2 506 até Setembro e listas de espera para consultas que andam pelos 200 000 doentes. Médicos e enfermeiros entram em greves.

Arrisco dizer que isto é apenas um exemplo mais da estratégia com que dois governos sucessivos enfrentaram a falência do Estado Português que ocorreu em 2011. Em vez de reformar o Estado e o adaptar à realidade de um país pobre e com escassos recursos, cortou-se nos investimentos e nos chamados custos intermédios (que inclui a manutenção e as grandes reparações de equipamentos) e aumentaram-se os impostos.

Quanto a este tema, este Governo piorou tudo. Governando para a sua base de apoio eleitoral, usa todos os recursos para melhorar a vida dos funcionários públicos e dos pensionistas. Esquece-se, como venho dizendo, dos verdadeiramente mais desfavorecidos (como os incêndios tragicamente demonstraram), do investimento reprodutivo, dos que não têm a vantagem de trabalhar para o Estado.

E andavam aí uns pândegos a dizer que a legionella de Vila Franca de Xira também tinha matado quando quiseram justificar as mortes nos incêndios. Mais depressa falaram mais depressa se enterraram.

A greve dos enfermeiros neste momento é uma chantagem

Quando há um surto considerado muito sério de pneumonia causado pela "Legionela", os enfermeiros não mostram qualquer consideração pelos doentes e suas famílias. Pelo contrário, usam a desgraça alheia para assim alcançarem o que pretendem. Não é uma greve é uma chantagem. Os enfermeiros, na sua maioria, não percebem a diferença mas os sindicalistas percebem muito bem. A agenda política dos partidos que servem não deixa margem para dúvidas. 

Ouvir as atabalhoadas palavras do sindicalista/enfermeiro a tentar justificar o injustificável, é um teste à resiliência ao vómito. Obtuso e faccioso mal disfarça o gozo. Uma vergonha.

Mas não é surpresa nenhuma, não vimos nós os professores alinhados com a FENPROF fazer greve aos exames dos seus próprios alunos ? Que interessam os doentes e os alunos? Há muito que os sindicalistas ultrapassaram o que é razoável.

Numa carta, com data de quarta-feira e a que a Lusa teve acesso, o ministério afirma recear que a greve, a acontecer nos dias anunciados, "possa comprometer a prestação de cuidados de saúde", considerando que estão em causa "necessidades em saúde indispensáveis e inadiáveis".

O que é lá isso comparado com as reinvindicações dos camaradas e com a verdade a que temos direito?