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BandaLarga

as autoestradas da informação

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Incêndios - já começou o passa culpa

Os incêndios estão à porta mas os equipamentos de combate estão enredados na burocracia do estado e ainda não chegaram.

Concursos sem o visto do Tribunal de Contas e embrulhados na contestação das empresas que perderam. O previsto era que nesta altura já voassem varios aviões para detectarem incêndios na sua fase inicial, mas nem vê-los.

O passa culpa já começou pelos mesmos de sempre, lá estão eles com os mesmos argumentos justificativos . Tudo corre mal mas ninguém tem culpa.

O DECIR aprovado pelo Governo previa que “a 15 de Maio, com o início do Nível II, estivessem operacionais no combate aos incêndios 14 helicópteros ligeiros (HEBL), 12 helicópteros médios (HEBM), oito aviões bombardeiros (Anfíbios), dois aviões de reconhecimento (AVRAC) e um helicóptero reconhecimento (HERAC)”.

Contudo, concluem os deputados, tal não se verifica. “Faltam pelo menos oito helicópteros ligeiros e todas as aeronaves de coordenação” e há distritos sem qualquer equipamento aéreo.

Quem espera diferentes resultados usando os mesmos procedimento é estúpido.

SIRESP - os grandes negócios do Estado

Era então ministro da Administração Interna António Costa: Numa altura em que o país vive uma situação de emergência com o covid-19, a rede de comunicações SIRESP terá um papel fundamental. Mas será que está em condições? O especialista e deputado do PSD Paulo Moniz diz que não.

As fragilidades actuais do SIRESP são as mesmas de 2017  que ajudaram à morte de mais de cem pessoas nos grandes incêndios. Estamos com os níveis de robustez, fiabilidade e resiliência das redes de comunicações públicas (móveis e fixas) em circunstâncias semelhantes às que se encontravam aquando dos grandes incêndios de 2017. Dito de outra maneira, estamos praticamente ao mesmo nível de fragilidades do que nos incêndios de 2017.

O SIRESP começa a funcionar "na sua versão paga" a 3 de julho de 2006. O valor da proposta inicial foi de 580 milhões, apresentada pelo consórcio constituído por PT, Motorola, Esegur, Grupo Espírito Santo, Caixa Geral de Depósitos e Sociedade Lusa Nacional. Após renegociação liderada pelo então ministro da Administração Interna, António Costa, chegou-se ao valor de 485 milhões. Na altura, António Costa justificou a decisão com a garantia de que "o SIRESP assegura comunicações móveis de elevada qualidade a estes operadores, bem como a possibilidade de todos comunicarem entre si, o que é decisivo em termos operacionais e não é assegurado pelos atuais sistemas de rádio."

Acontece que fruto do abaixamento dos valores iniciais, que contemplava por exemplo uma solução redundante soberana e própria de feixes hertzianos, acabou por se comprometer determinantemente a fiabilidade e a robustez de funcionamento como veio a demonstrar-se em 2017 e com custos no final global muito mais elevados do que a aparente poupança negocial... Assim, julgo que não andaremos muito longe se dissermos que o sistema SIRESP, que termina o seu contrato com o Estado em junho de 2021, terá tido um custo global ao longo de 15 anos, entre 500 e 600 milhões de euros, se incluirmos também o encargo com a aquisição dos rádios em utilização. Apesar deste custo galáctico o seu desempenho e prestação foi o que todos infelizmente conhecemos. É caso para dizer que o que nasce torto tarde ou nunca se endireita...

Uma gola que queima devagarinho

Para além de não servir para nada , o kit distribuído  não passa do que habitualmente se chama "criar a necessidade do produto". Criado o mercado há que montar as empresas que vão fazer o negócio já que os subsídios europeus estão à mão do camarada, do filho ou do pai.

Basicamente o que nos dizem agora é que a gola que foi distribuída para defender as pessoas do fogo não deve ser usada junto  do fogo. Compreendido.

Se era apenas para sensibilizar, o melhor seria não brincar com o fogo. Por mais persuasivos e educadores do povo quisessem ser aqueles que, no ano passado, distribuíram os kits, faltou-lhes atenção aos factos. Os factos: aqueles homens e mulheres, muitos deles velhos e atrapalhados, ouviram uma oratória, a tal campanha de sensibilização; e àqueles homens e mulheres, muitos deles fracos e temerosos, foi-lhes estendido um saco. Pergunta-se à Proteção Civil: o que mais ficou daqueles dias de campanha? As palavras ou a gola de poliéster? No dia do cerco do incêndio, olhos postos no saco do kit à porta, o que faria o sitiado? Não poria a perigosa gola antifumo na cara?

É que a gola não mata mas queima ainda que poucochinho.

 

António Costa não tem culpa de nada depois de tantos anos como governante

Várias vezes ministro e agora primeiro ministro Costa não tem culpa de nada. É verdade que se um ministro fizer que faz mas não faz até pode passar por vários governos e não ter culpa de nada. Mas não é o caso.

Estivesse o Manel vivo e, se calhar, lembraria os portugueses que foi Costa, enquanto ministro da Administração Interna do governo de José Sócrates que extinguiu os guardas florestais, em 2006; foi Costa quem reduziu o orçamento da protecção civil em 10%; foi Costa quem cortou fundos aos bombeiros; foi Costa quem renegociou o contrato com o SIRESP, que custou 5 vezes o valor real, que depois o readquiriu e que continua sem funcionar; Foi Costa quem recusou a compra de 2 Canadair, negociados pelo anterior governo e financiados, em grande parte, pelos fundos europeus; Foi Costa quem mandou encerrar os 236 postos de vigia a 1 de outubro de 2017, apesar das previsões meteorológicas; Foi Costa quem aceitou mudar toda a estrutura e chefias da Protecção Civil poucos meses antes do início da época de fogos, cedendo a interesses, amizades e compadrios, mesmo contra o parecer dos generais que sublinharam a falta de competência e preparação das mesmas.

Mas António Costa não tem culpa dos resultados das suas decisões . 

Deitar dinheiro para cima dos problemas raramente é solução

Nos incêndios como no SNS, na Justiça ou na Educação. Se não conhecemos porto de abrigo dificilmente encontramos vento favorável.

"É uma questão de perceber o que queremos: se continuamos a ter esta produção lenhosa intensiva e extensiva, ou se avançamos para outra modalidade agro-florestal", sublinha o engenheiro silvicultor, advertindo que, se não quebrarmos aqui esta corrente de fogo que deflagra ciclicamente no interior do país, dentro de pouco tempo "isto será um deserto sub-tropical". Quer dizer com isto que, dentro de poucos anos, quando desaparecerem os habitantes idosos que ainda se mantêm nas casas, o interior não terá condições de atrair moradores. De resto, Pimenta de Castro lembra que até os habitantes estrangeiros que vieram povoar muitas das aldeias desabitadas vão começar progressivamente a abandonar esses territórios. "Ou são apanhados pelo fogo ou começam a fugir dele, antecipadamente".

Entretanto já abriu a guerra entre Costa e os presidentes de câmara. Como já sabíamos o governo não tem culpa de nada.

A perda de vitalidade económica naquelas regiões explica os incêndios

Está tudo na mesma como a lesma. Quem o diz são as populações e os presidentes das câmaras  que continuam a ver as suas propriedades a arder                                   

Imaginemos que tínhamos conseguido revitalizar a indústria de serração e que hoje conseguíamos produzir o dobro do que produzíamos em 1995, e ao mesmo tempo se tivéssemos conseguido manter condições para termos o mesmo efectivo animal de pequenos ruminantes. Qual seria o impacto na área ardida?

Imaginemos então o resultado de políticas de promoção do uso de madeira nacional na construção, no mobiliário e como matéria-prima para utensílios do dia-a-dia, complementadas, por exemplo, com estratégias de valorização da madeira e da floresta enquanto “produtores de serviços de ecossistema”? Qual seria o resultado se essas políticas tivessem sido assumidas de forma consistente por todos os governos desde 1999? Teríamos hoje menos incêndios e menos área ardida?

Qual teria sido o resultado da incorporação defesa do nosso Mundo Rural, dos nossos produtos agrícolas e da nossa floresta em todos programas escolares? Será que os alunos da década de 1990 teriam hoje as mesmas escolhas no supermercado se tivessem sido ensinados na escola sobre o impacto das nossas escolhas enquanto consumidores? E se ao mesmo tempo tivéssemos promovido o produto gastronómico “borrego e cabrito” por exemplo através das cantinas públicas? Será que hoje precisaríamos de andar a “cortar mato” e a limpar as bermas das estradas?

Qual teria sido o resultado de campanhas constantes de valorização das diversas profissões rurais junto da população estudantil? Possivelmente não conseguiríamos inverter a tendência de diminuição da população rural, mas será que estruturalmente o nosso tecido produtivo seria tão frágil? E a capacidade em investir seria a mesma? E será que a vontade em plantar diversas espécies seria maior?

 

A culpa dos incêndios não é das alterações climáticas

A culpa é dos sucessivos governos que não mandam limpar o combustível acumulado na floresta por anos e anos de incúria. Depois disto o ministro da maior reforma da floresta não se demite ? E o primeiro ministro que é o principal responsável da estratégia seguida em Portugal desde que foi ministro da administração interna ?

Qual foi a maior surpresa do que viu neste mês que aqui esteve?

A rapidez com que o combustível já aumentou desde a última vez que cá estive, em novembro de 2017. Piorou mesmo muito. Pensei que vinham aí grandes problemas de novo. O que vamos fazer? Reduzir o combustível. A minha equipa que esteve na zona de Pedrógão e em Monchique viu postes de eletricidade sem o terreno limpo de vegetação à roda, quando esta foi uma das causas de incêndios. Não estamos a aprender as lições. E digo "nós" a uma escala global.

O governo promoveu durante alguns meses a limpeza das florestas e muita gente fê-lo...

Mas tem de haver continuidade. Se não houver, o problema até piora. As sementes germinam mais depressa.

As políticas públicas deste governo são esta permanente mediocridade . E não é só na floresta.

As preferências do fogo - são indiferentes ao tipo de vegetação que encontra pela frente

No caso de Monchique a área ardida é proporcional ( na verdade igual) à area plantada. Já se sabia que é assim Monchique só confirmou . Os eucaliptais não ardem nem mais nem menos, ardem mais se forem a espécie com maior área plantada . Tal como as outras espécies.

O fogo de Monchique afectou os grandes tipos de floresta e mato na proporção quase exacta em que estavam presentes, não tendo “preferido” (nem “evitado”) nenhum deles, fossem eucaliptais ou sobreirais .

Lá se vai a teoria dos que odeiam a indústria da celulose.

Todos revelaram igual propensão para arder. Verificou-se o mesmo para tipos de ocupação do solo com menor extensão, como as áreas agrícolas e as de outros tipos de floresta, ou seja, a propagação do fogo foi essencialmente indiferente ao tipo de vegetação que encontrou pela frente.