O custo da Dívida Pública aumentou para 3,4%.
O governo tem-se esforçado por transmitir a ideia que a sua estratégia económica e orçamental tem funcionado bem.
Apresenta, para esse efeito, os resultados obtidos com a descida do desemprego e o crescimento da economia. Ao mesmo tempo, sugere que a descida do défice público para 2% do PIB evidencia que, afinal, era perfeitamente possível reverter rapidamente as medidas de austeridade sem pôr em causa a consolidação orçamental e as metas assumidas com a União Europeia.
Em conclusão, segundo os socialistas, estes resultados comprovam que a austeridade dos anos anteriores era desnecessária e só aconteceu por obsessão ideológica do anterior governo. Como os socialistas gostam de dizer, fica provado por esta solução de governo que, afinal, havia mesmo alternativa.
Sem surpresa, não têm razão.
E não têm razão desde logo, porque o que se passa hoje em Portugal não tem qualquer comparação com a situação vivida em 2011, quando o então Primeiro-ministro José Sócrates pediu a intervenção do FMI.
Qualquer pessoa medianamente consciente e informada sabe o que se passou então. O País perdeu acesso a financiamento externo na sequência de desequilíbrios fortíssimos, envolvendo quer as contas públicas – com défice superior a 10% do PIB, registados tanto em 2009 como em 2010 – quer as contas externas, com um défice grave ao nível da balança de pagamentos, representando uma dívida externa, pública e privada, numa trajectória de insustentabilidade.
Os socialistas, que ainda em 2010, aprovaram e aplicaram dois PEC´s cheios de austeridade, pelos quais reduziam fortemente rendimentos e prestações sociais e agravavam impostos, sabem que se houvesse verdadeiramente alternativa a teriam posto em prática, evitando assim a intervenção externa e a consequente humilhação política para o seu governo e para o País.
Todos sabemos, infelizmente, que quando é demasiado tarde para actuar sobre as causas dos problemas, fica apenas a inevitabilidade de fazer o que é preciso para poder ter acesso ao dinheiro que é indispensável para evitar a rotura de pagamentos e a consequente miséria social e económica que esta acarreta.
Para finalizar, resta dizer o seguinte:
O crescimento da Economia para o valor de 2,8% (registado no 1º trimestre de 2017) e tão apregoado pelos socialistas, afinal não "cobre" o enorme aumento da dívida pública registada no 1º trimestre de 2017 (entre Janeiro e Abril deste ano, o custo da Dívida Pública aumentou para 3,4%. Como comparação: em 2016 foi de 2,8% e em 2015 foi o melhor ano, 2,7%!)
Portanto, ainda é demasiado cedo para abrir as garrafas de champanhe no Largo do Rato ....