Chorar e fazer luto é próprio das vítimas
Perante a tragédia o poder apressa-se a desresponsabilizar-se . Diz que é tempo de luto não podemos usar a tragédia para efeitos políticos.
Ora, as vítimas não fazem política mas os políticos, sim. Quem faz este carrossel de passa-culpas são os políticos como se nada tivessem a ver com a tragédia. Há dois meses em Pedrogão, ontem no Funchal . Setenta e oito vítimas mortais e duas centenas de vítimas hospitalizadas e os políticos querem que não seja tempo de apurar responsabilidades políticas e criminais.
Uma das funções fundamentais de quem faz política é assegurar segurança dos cidadãos .
Um Estado anafado que quer estar em todo o lado mas não consegue assegurar os direitos básicos dos cidadãos, não pode furtar-se à responsabilidade que decorre do exercício do poder. E o governo não pode amordaçar os cidadãos e a oposição com uma narrativa que tem como objectivo retirar do espaço público as questões políticas que teme.
É a Democracia e o Estado de Direito que estão em causa. Porque em ambas as tragédias é preciso saber quem tomou decisões incompetentes e quem, por omissão ou desleixo, possa ser responsabilizado por homicídio por negligência.
À política o que é da política . À Justiça o que é da Justiça. Ao povo o direito à indignação. E ao luto .
PS : para o governo os 18 meses de governação justificam tudo o que corre de feição mas não justificam as tragédias. Na última vez já íamos no PEC IV...